O presidente do sindicato dos dentistas, Gustavo Oliveira, em meio a duras críticas a gestão de Wilson Santos (PSDB), acusou a Prefeitura de Cuiabá de tratar com descaso o setor e desvalorizar o profissional da saúde. Segundo ele, tamanha é a ‘acomodação’ da administração municipal, que ainda não foi feita nenhum pronunciamento oficial do prefeito sobre a greve da classe.
“Gostaria que alguém avisasse a Prefeitura, por favor, que estamos em greve, porque já faz 31 dias e não há um pronunciamento formal da Prefeitura”, ironizou o presidente sindicalista. As declarações ocorreram durante a oitiva desta quinta-feira (25) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, instalada na Assembléia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT).
Os cirurgiões dentistas reivindicam um no piso salarial e melhoria nas condições de trabalho, a exemplo do que foi pedido pelos médicos. Inclusive, Gustavo afirma que os dentistas participaram de todas as mesas de negociações durante a greve dos médicos e mantiveram o ritmo de trabalho apenas em respeito ao canal de comunicação que havia sido aberto.
Verbas pelo ralo
De acordo com Gustavo, por alta de “planejamento e organização”, Cuiabá está prestes a perder recursos, oriundos do Ministério da Saúde, para a aquisição de equipamentos para a implantação de um Centro Especializado de Odontologia (CEO).
Caso a Prefeitura da capital não efetue a compra dos equipamentos até o primeiro dia de março, data limite, concedida após uma série de adiamentos, a verba será automaticamente devolvida ao ministério. “Duvido que estendam o prazo novamente”, pontua o presidente do sindicato.
Além disso, tal como os médicos acusaram anteriormente, Gustavo afirma que a Prefeitura peca em buscar recursos federais para ampliar a rede de saúde. Segundo o presidente do sindicato, é possível, por exemplo, a contratação de dois dentistas por equipes do Programa de Saúde Familiar, financiados pelo Ministério da Saúde. No entanto, nada é feito nesse sentido.
Desvalorização do profissional
Gustavo Oliveira afirmou que os dentistas de Cuiabá possuem vergonha de falar o salário para os colegas de outros estados. Segundo ele, enquanto na capital de MT o salário base de um dentista estatutário é de R$ 842, em Campo Grande (MS) o salário é de R$ 3.200.
Um dos pontos de destaque na desvalorização dos cirurgiões dentistas é o congelamento do piso salarial. O atual valor foi estabelecido em 1995 e, desde então, sofreu apenas pequenos reajustes.
“Não podemos dizer que não houve mudanças, mas nada que compense os 400% de perdas que tivemos nesse período”, disse o sindicalista. Para explicar esse valor, ele exemplifica que R$ 842 reais, há dez anos, correspondiam a dois salários mínimos, enquanto agora não equivale a um salário e meio.
“Em 2000, o salário de um vereador de Cuiabá era de R$ 4.500. Em 2010 eles ganham mais de R$ 9 mil. Eles sabem que precisam comprar comida, roupa e lazer. O cirurgião dentista também precisa”, desabafou Gustavo.
E, de acordo com Gustavo, a Prefeitura mente quando argumenta que o aumento no piso salarial infringe a lei de responsabilidade fiscal, pois a administração ainda possuiria 13% disponível em orçamento. “Em um levantamento feito por nós descobrimos (...) que cada 1% corresponde a R$ 8 milhões. Nosso impacto no orçamento é de apenas R$ 3 milhões”, argumentou o presidente sindicalista.
