O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), admitiu nesta segunda-feira que a demora do partido em definir o seu pré-candidato para a Presidência da República ajudou no crescimento da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) nas pesquisas de intenção de voto para a sucessão presidencial.
Guerra disse que, além da demora na definição do candidato, as chuvas que atingiram São Paulo nos últimos dias prejudicaram a imagem do governador do Estado, José Serra (PSDB), que deve formalizar seu nome na disputa até o início de abril.
"Em São Paulo enfrentamos dificuldades, imprevistos, como as chuvas. Por outro lado, fica claro que existe uma campanha em andamento [do PT] e não existe um candidato lançado do nosso lado. Nem campanha, nem aparição nacional", disse Guerra à Folha Online.
N opinião do tucano, Serra vai "decolar" nas pesquisas depois que tiver a sua pré-candidatura oficializada. "Ainda é o tempo deles. Depois virão aparições dos partidos e oposição em rádio e TV, o lançamento da candidatura do nosso partido e começaremos a atuar", afirmou.
Guerra disse que, diante desse cenário, o crescimento da pré-candidatura de Dilma "tem razão de ser". "Nossa expectativa era que a ministra continuasse a crescer. Mas os resultados nos mantém na liderança", afirmou.
O tucano disse que outra vantagem de Dilma foi ter lançado sua pré-candidatura dois dias antes da pesquisa Datafolha ter realizado as sondagens com os eleitores. Guerra ainda atribui a vantagem da petista ao que chama de "campanha eleitoral antecipada" do PT, ao promover o nome de Dilma durante eventos públicos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada neste domingo, Dilma atingiu 28% das intenções de voto e reduziu de 14 para 4 pontos percentuais a distância que a separa de Serra --seu principal rival, que tem 32%. O crescimento da ministra da Casa Civil foi verificado em todos os cenários do levantamento. A pesquisa mostra estagnação nos índices de Ciro Gomes (PSB-CE) e de Marina Silva (PV-AC).
Nos bastidores, o PSDB pressiona Serra a antecipar o lançamento da sua pré-candidatura à corrida presidencial depois do crescimento da pré-candidata do PT. Com a proximidade do fim do prazo previsto pela legislação eleitoral para que Serra deixe o governo de São Paulo --caso decida ingressar na disputa-- os tucanos querem dar uma resposta rápida ao crescimento da petista nas pesquisas.
Pela lei eleitoral, Serra teria que deixar oficialmente o cargo nos primeiros dias de abril para ser candidato. A cúpula do PSDB, porém, quer que o tucano demonstre publicamente ainda este mês que é candidato para que a oposição tenha um nome na disputa.
Puro-sangue
Guerra admitiu que uma chapa de Serra com o governador Aécio Neves (PSDB-MG) na vice-presidência da República seria "muito forte" na disputa. Mas desconversou quando questionado sobre a possibilidade do governador de Minas aceitar a vice-presidência para fortalecer o nome de Serra.
DEM e PPS, principais aliados do PSDB, deflagraram um movimento para pressionar Aécio a disputar a vice-presidência. Os dois partidos estão dispostos a conversar com Aécio e a cúpula tucana na tentativa de convencer o governador a integrar uma chapa puro-sangue, o que na avaliação da oposição poderia conter o crescimento de Dilma.