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Terça-feira, 07 de maio de 2024

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Leonardo DiCaprio diz que novo personagem foi um 'choque emocional'

Em sua quarta colaboração com o diretor Martin Scorsese, o ator Leonardo DiCaprio afirma que viveu um "choque emocional" para encarnar seu novo personagem no cinema, o detetive Teddy Daniels, protagonista de "Ilha do medo".


O novo filme de Scorsese, adaptação do livro "Paciente 67", de Dennis Lehane (criador da história que inspirou "Sobre meninos e lobos"), chega aos cinemas brasileiros nesta sexta (12) depois de conquistar a liderança nas bilheterias americanas.

"Acredito que seja o lugar mais profundo que eu certamente estive em se tratando do lado emocional de um personagem", contou o ator em entrevista a jornalistas da qual o G1 participou, em Nova York. Confira abaixo trechos da entrevista.

Ao interpretar um personagem emocionalmente tão carregado, você consegue se desvencilhar dele durante o processo de filmagem?
Leonardo DiCaprio - Geralmente, quando eu começo a fazer um filme, consigo me desvencilhar de todo o processo, voltar para casa e pensar o que eu devo fazer no dia seguinte, fazendo meu dever de casa e decorando minhas falas. Mas desta vez foi bastante diferente. Teve duas semanas que me senti num buraco e você provavelmente saberá de que sequência estou me referindo. Acontece no final do filme e eu acredito que seja o lugar mais profundo que eu certamente estive em se tratando do lado emocional de um personagem.

O que fez esse filme ser difícil para você?
DiCaprio - O trauma do personagem. Ele tentando se livrar de seu passado. Na verdade, “Ilha do medo” é, em sua essência, um filme sobre trauma, sobre o lado sombrio da humanidade e da natureza humana, de você tentar chegar a uma certa conclusâo de quem você realmente é. Foi um choque emocional para mim ver o quanto profundamente eu tive que ir com o personagem. Quando eu li o roteiro pela primeira vez, não entendi de imediato a verdadeira face do personagem, quem ele era. O que tivemos que colocar na tela acabou se tornando esse gigantesco e emocional jogo de quebra-cabeças. Marty (Scorsese) e eu tivemos que revelar cada camada da personalidade desse cara. Nós descobrimos que tínhamos que ir mais e mais a fundo com ele para que o público pudesse se identificar com o trauma que ele enfrentou.

O filme toca na discussão da percepção da realidade. Você alguma vez se encontrou numa situação dessas, na qual você sentiu que estava em um tipo diferente de realidade?
DiCaprio - Eu não consigo mais acessar os sonhos que tenho do jeito que conseguia antes. Eu não me lembro mais deles, e não sei se isso acontece porque eu tenho preocupações diárias e você acaba apagando-os de sua memória, muito embora eles reapareçam em sua vida de estranhas maneiras. Eles voltam em minha lúcida existência de uma maneira que eles podem me tirar um pouco da realidade de diversas formas. E eu acho que isso tem muito a ver com os dois últimos filmes que fiz, pois faço personagens que estão presentes, mas, na verdade, eles também estão muito ausentes ao mesmo tema. Não sei te dizer especificamente sobre os sonhos que tenho ou sobre como eu os acesso, mas eles me ajudaram a me desvencilhar do personagem de mim mesmo durante o processo de filmagem. E eu acho que isso me conectou com o cenário da vida real porque fazer “Ilha do medo” foi como uma espécie de sonho, um transe, para mim.

O que você quer dizer com isso?
DiCaprio - Foi como se eu pudesse interpretar esses dois personagens como uma terceira pessoa. Essa história te deixa criar sua própria percepção do que é real e do que não é quando você chega ao film do filme, que é bastante ambíguo e deixa espaço para o público fazer seus questionamentos. Eu acredito que os melhores filmes são aqueles que propõem perguntas e que levam o público a ter uma experiência específica, em vez de tudo ser vomitado em cima de você de uma forma que não te deixa espaço para o questionamento. “Ilha do medo” é um filme que propicia uma experiência individual.

O que voce pode adiantar sobre seu novo filme, “Inception”? Seria uma coincidência o fato de que o filme também lida com o subconsciente: esse seria um tema que te fascina?
DiCaprio - Não sei se tenho permissão de adiantar muito sobre “Inception” (risos). Mas, na verdade, ambos os filmes vêm de grandes cineastas, e a complexidade de suas histórias me atrai muito. Honestamente falando, eu não fico muito satisfeito se não tenho muito o que fazer num filme. Se as histórias têm uma resposta fácil, elas se tornam incrivelmente desinteressantes para mim. “Inception” é um filme em que Chris Nolan volta a tocar na psicanálise e que também cria um filme de ação de alta voltagem que é ao mesmo tempo surreal. Ele escreveu o roteiro de um jeito que fazia mais sentido para ele do que para nós atores, e tivemos que fazer um grande trabalho de detetive para poder entender sobre o que o filme se tratava e o que tínhamos que fazer no dia-a-dia das filmagens. E, no final da contas, graças a Deus que tinha pelo menos alguém que sabia o que estavamos fazendo no set. (risos)

Esta é sua quarta colaboração com Martin Scorsese. O que você aprendeu com ele?
DiCaprio – Eu sabia desde que era muito jovem que eu queria ser um tipo de ator que pudesse encontrar um professor e mentor como ele. Alguém que pudesse me dar uma perspectiva sobre filmes como uma forma de arte e que olhasse o cinema de uma forma histórica. Tudo isso me foi propiciado pelas experiências que tive com Marty, de ver o cinema como uma forma de arte jovem, ao mesmo tempo em que podemos olhar para os últimos cem anos do cinema e o tanto que podemos aprender com os pioneiros. Marty tem um grande amor pelo cinema. Você aprende tremendamente com ele. Mas, ao mesmo tempo, ele não senta na sua frente e te tenta dar lições. Você aprende tudo isso embarcando na jornada dele. E eu tive muita sorte de embarcar em quatro dessas jornadas. Você nunca fica entediado com o conhecimento dele sobre o cinema, porque você sempre pode aprender mais com ele.

Quais são seus grandes medos e seus principais vícios?
DiCaprio - Essas são perguntas profundas (risos). Meu grande medo é que o fato de que a vida das pessoas mais próximas a mim possa ser interrompida sem que elas saibam o que sinto por elas. Esse é meu maior medo, o de perder alguém de minha família ou de meu círculo íntimo de amizades. Meu maior vício é o de sair e tomar um drink de vez em quando (risos). É uma coisa estranha porque eu, obviamente, levo muito, mas muito a sério mesmo o trabalho que eu faço e a intensidade propiciada dentro de um set de filmagens. É tudo em que consigo me focar. Então meu vício e sair com meus amigos e conversar sobre coisas que não têm a menor importância e fazer vozes engraçadas e agir como completos idiotas, porque, no final do dia, você tem que colocar para fora toda essa coisa séria com que você costuma lidar num set de filmagens. Sair e ser um brincalhão com seus amigos é fantástico, porque funciona como uma espécie de meditação e terapia.
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