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Sexta-feira, 17 de maio de 2024

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Cemitério da Piedade

Epifânio herda do pai as dificuldades de administrar cemitério da Piedade

Foto: Priscila Villela

Epifânio herda do pai as dificuldades de administrar cemitério da Piedade
Joel Epifânio da Silva, 43, trabalha em uma pequena sala, iluminada apenas pela luz solar, que a invade pela porta e janela. Atrás da mesa que toma maior parte do ambiente, ele se senta em uma cadeira não muito confortável. Para remediar o impiedoso calor de Cuiabá, Silva conta apenas com um ventilador de pequeno porte e o vento que invade a sala pela mesma entrada da luz do dia. Ele administra o Cemitério da Piedade há cerca de quatro meses, profissão herdada do pai, Lino Epifânio, morto aos 78 anos em um acidente no ano passado.


‘Seo’ Lino dedicou 35 anos de sua vida ao Cemitério da Piedade. Era o funcionário mais antigo do local, quando faleceu. Como toda criança, Joel visitava o trabalho do pai. Parte das lembranças de sua infância tem um cemitério como cenário, local que desde cedo se acostumara a freqüentar. Quando adulto, começou a ir ver o pai com mais freqüência, como se desconfiasse do que vinha pela frente. “Não que estivesse me preparando, mas de um tempo pra cá comecei a freqüentar mais o cemitério”, relembra.

Em 31 de outubro de 2009, Lino Epifânio faleceu após ser atropelado na avenida Fernando Correa em Cuiabá. Durante o velório, Joel Epifânio foi nomeado pelo prefeito Wilson Santos para assumir as atribuições do pai.

Silva conta que as dificuldades de trabalhar no cemitério vão além das atribuições da profissão. A responsabilidade e a preocupação de dar continuidade ao trabalho do pai, em um local que tanto traz a memória lembranças do falecido, mexe com sua a cabeça.

O Cemitério da Piedade já foi invadido por vândalos inúmeras vezes Ora por baderneiros, ora por ladrões que levam tudo o que se pode conseguir algum dinheiro em troca. Inúmeros túmulos sequer têm qualquer identificação, os epitáfios são furtados e vendidos para comprar droga. Lino, com toda a sua experiência, era um dos únicos que conseguia encontrar o sepulcro anônimo desejado sem maiores dificuldades.

Com a longa convivência no local, Joel conta que assim como o pai também não tem dificuldades para encontrar túmulos, mas que caso outra pessoa de fora viesse administrar o local teria.

Hoje, o próprio Joel admite que não tem mais nada de valor no local. “O que tinham pra roubar, já roubaram. Mas isso [invasões no local] não vai acabar. A única coisa que tem de valor aqui é um ventilador”, conta. Ventilador este, que serve para amenizar o calor que lhe ensopa a camisa diariamente, no trabalho que recebeu como herança de seu pai.
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