Joilson N. Nascimento tem 45 anos e é deficiente visual. Ele prestou o concurso público do estado pleiteando uma vaga de gestor governamental, mas se sentiu prejudicado pela organização do concurso. Segundo ele, os deficientes visuais precisavam de mais tempo que as pessoas sem deficiência para concluírem a prova, o que não ocorreu.
Joilson fez o pedido de atendimento diferenciado para Portadores de Necessidades Especiais (NEPs) e foi atendido. Pôde contar com o ledor durante a realização da prova, mas o tempo que tinha para concluir o exame era muito escasso, segundo ele.
“Tive o ledor atendido, mas me senti prejudicado pelo tempo. Quem não é cego, na hora que não entende algum ponto da questão vai lá e rele, mas nós temos que pedir para o ledor reler toda a questão e isso leva mais tempo”, reclama.
Com o tempo insuficiente, Joilson teve que responder as últimas questões aleatoriamente. “Quando eles avisavam quanto tempo faltava para entregar a prova era uma pressão psicológica. Tive que chutar as últimas perguntas, pois não ia dar tempo”.
O presidente da Associação Mato-Grossense dos Cegos (AMC), Sandro Luiz, informou ao
Olhar Direto que enviou à Secretaria de Estado de Administração (SAD) uma solicitação de aumento de tempo para os deficientes visuais após a anulação do concurso em novembro do ano passado, e não obteve resposta.
Sandro Luiz aproveita para pedir mais atenção com as pessoas que necessitam de cuidados especiais. “Podem até pensar que a gente quer ter prioridade, mas não é. A gente tem dificuldade e precisa de mais tempo, por mais que a gente queira ser igual. A gente pede que olhem com mais carinho para os cegos”, desabafou.
O presidente a AMC acredita que o fato se deve à pouca experiência da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) com esse tipo de processo seletivo. “A Unemat ainda não tinha experiência com concursos. Ela não tinha essa noção. Esperamos que ela se prepare melhor para os próximos concursos”.
No último dia 17 de março, antes da realização da prova, a assessoria de comunicação do concurso público, divulgou por meio do site da Secretaria de Comunicação Social do Estado (Secom) a matéria
Candidatos devem se atentar ao prazo final para o pedido de atendimento diferenciado. O último parágrafo do texto já deixava claro que não haveria tempo adicional os (PNEs).
"É importante esclarecer que os candidatos com esse tipo de atendimento concedido, bem como os PNEs, prestam concurso em igualdade com os demais candidatos, o que inclui o método de avaliação, aprovação, conteúdo, horário e período de prova."