A Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, empresa do grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, disse que uma de suas 45 fazendas no sudeste do Pará sofreu nova invasão.

Em nota, a empresa afirmou que uma área da fazenda Espírito Santo foi "tomada" ontem por um grupo independente de posseiros, ou seja, não ligado a nenhum movimento tradicional de sem-terra, como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Os membros do grupo, liderados por um homem apelidado de "Boca Cheia", apontaram armas para funcionários da empresa e chegaram a fazê-los reféns, segundo a Santa Bárbara. O gerente da fazenda teria sido ameaçado de morte.

A reportagem contatou a Secretaria da Segurança Pública do Pará, para saber se a polícia foi informada da invasão. Até agora, não houve resposta.

Desde a Operação Satiagraha, em 2008, na qual investigações da Polícia Federal apontaram a empresa como suposta lavanderia de dinheiro ilegal ganho pelo Opportunity, as fazendas da Santa Bárbara vêm sofrendo repetidas invasões --ao menos dez, desde então.

Em abril de 2009, um tiroteio entre sem-terra e seguranças da empresa deixou nove feridos, na mesma fazenda.

A Santa Bárbara nega que sirva para lavar dinheiro.

Bahia e Mato Grosso

Milhares de manifestantes ligados ao MST acamparam hoje no centro administrativo do governo da Bahia, no encerramento da marcha de 108 quilômetros entre Feira de Santana e Salvador, promovida pelo movimento como parte dos protestos do "abril vermelho".

O grupo, formado por 3.000 pessoas, segundo o governo, ou 5.000 na avaliação do MST, montou barracas em frente à Secretaria da Agricultura do Estado, onde já haviam sido previamente instalados banheiros químicos e um reservatório de água potável.

Os sem-terra, que pedem agilidade no processo de assentamento dos 25 mil acampados na Bahia e mais infraestrutura e crédito aos dez mil assentados, se reuniram com representantes do governo para reivindicar o apoio do Estado.

Ainda ontem, cerca de 200 integrantes do MST invadiram a sede da superintendência regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Cuiabá (MT).

A ação suspendeu o atendimento no prédio e os servidores foram dispensados.