O ex-secretário de Estado Eder Moraes foi preso pela Polícia Federal pela terceira vez nesta sexta-feira (4), por violar 92 vezes a tornozeleira eletrônica que permitia ao sistema penitenciário monitorar seus passos. Ele deixou que o equipamento ficasse sem bateria por longos períodos de tempo, o que interrompia o rastreamento dos seus movimentos.

Leia mais:
Éder é preso na 10ª fase da Ararath e Piran é um dos alvo; PF apura rombo de R$ 313 milhões
 
Segundo o delegado Marco Aurelo Faveri, da Polícia Federal, as violações ocorreram nos últimos 60 dias e, em uma das vezes, Eder chegou a deixar a tornozeleira sem bateria por 4 horas e 40 minutos. O delegado informou que, em seu depoimento, Eder afirmou à PF que faltava sinal na tornozeleira, por isso ela aparecia como desligada.

“A tornozeleira precisa ser colocada na tomada para carregar, como carregamos um celular. É obrigação da pessoa que está cumprindo a pena carregar a tornozeleira, e Eder chegou a ficar 4 horas e 40 minutos com a tornozeleira descarregada. Foram 92 violações em 60 dias”, informou Faveri.

O delegado explicou que a tornozeleira é monitorada pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), que informou sobre as violações ocorridas. Desse modo, o Ministério Público Federal (MPF) pediu novamente a prisão preventiva de Eder, que foi deferida pela Justiça Federal na quinta-feira (3).

Faveri informou que, se não fosse por isso, Eder apenas teria sido conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos na Polícia Federal, na 10ª fase da Operação Ararath, deflagrada nesta sexta-feira (4). Ele agora está preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), no bairro Carumbé.

Ao Olhar Jurídico, o advogado de Eder, Ricardo Spinelli, já havia informado sobre os descarregamentos da tornozeleira, e afirmou que foram falhas na bateria.  

Fases da Ararath

Nos últimos 10 dias, foram deflagradas três fases da Operação Ararath, todas investigando o envolvimento de Eder Moraes em algum esquema. Na fase 8, deflagrada no dia 25 de novembro, Eder foi conduzido coercitivamente à PF para explicar como mantinha uma vida de luxo se todas as suas contas estavam bloqueadas. No dia 2 de dezembro, a PF deflagrou a fase 9 da Ararath para investigar uso de laranjas e de factorings para aquisição de empresas, entre elas a TV Pantanal.

A fase 10 da Ararath investiga um esquema de desvio de R$ 313 milhões do governo estadual por meio de fraudes envolvendo precatórios de empreiteiras, além de lavagem de dinheiro por meio de instituições financeiras clandestinas e do Bic Banco. Foram cumpridos 47 mandados de busca e apreensão, 18 mandados de busca e 1 de prisão preventiva (Eder Moraes) em oito estados.