A Polícia Civil vai indiciar por tentativa de assassinato e supressão de estado de filiação uma vendedora da cidade de Cáceres que abandonou sua filha recém-nascida no meio de um matagal, no bairro de classe média São Jorge. A menina, ainda suja de sangue e também de fezes, foi localizada na manhã do dia 7 de abril por uma moradora da região. A mulher possui uma condição financeira estável e é casada. A identificação da mulher foi realizada na tarde de quarta-feira (9).

Recém-nascido é abandonado em terreno baldio; choro ajudou na localização

Os pais da criança - que possuem outros três filhos menores de 12 anos - foram identificados por meio de investigação realizada pela Delegacia de Defesa da Mulher de Cáceres no final da tarde de quarta-feira (9). A mãe declarou que não informou a família sobre a gravidez. Mesmo assim, o suposto envolvimento do pai também é alvo de investigação. Caso se comprove que teve participação ele responderá também por tentativa de homicídio.

Em depoimento a delegada Mariel Antonini, titular da unidade, a mãe da criança confessou que, por volta das 21h30, teve a criança sozinha no banheiro de sua casa. Ela declarou à polícia que escondeu a gestação de toda a família e afirmou que seu marido também não tinha a informação da gestação. “Como ela teve outros três partos normais, sentiu as contrações e foi para o banheiro onde a menina nasceu. A criança teve o cordão umbilical rasgado e não cortado. Depois, enrolou a criança em uma toalha azul e só no dia seguinte levou a criança para o terreno”. Usando o carro da família, um Renault Clio, ela dirigiu até um rua a cerca de um quilômetro de sua casa, onde deixou a menina.

“A investigação busca provas científicas e testa várias hipóteses. Nossa pista inicial foi uma filmagem do carro usado. Como não tínhamos a placa passamos a analisar as características desse carro e chegamos até o marido da suspeita”.
Segundo a delegada, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão da casa da suspeita, a mulher terminou confessando o parto e abandono do bebê. “Ela acabou cedendo material genético”. A mulher, explica a delegada, se mostrou arrependida do ato e declarou que o marido desconhecia suas ações. Na data do nascimento da criança, o pai da criança – que atua como técnico em informática – não teria passado à noite em casa.

Formalmente, o pai da criança informou que deseja cuidar da filha, mas terá de recorrer à Justiça para poder obter o poder familiar e guarda da menina. A criança ainda permanece internada em um hospital da cidade, mas passa bem.
A delegada Mariel informou que não solicitou a prisão da vendedora. “No meu entender não estão presentes os requisitos de risco a ordem pública”.