A educação refinada e o estilo polido permitiram que o ministro Gilberto Kassab (PSD), das Cidades, não respondesse de forma direta qualquer pergunta sobre a retomada das obras de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Grande Cuiabá. “Temos de nos concentrar neste evento aqui. Sobre isso [VLT] eu cobrei um estudo de viabilidade técnica da minha equipe e ainda não está pronto. Nem tem prazo definido. Quando tiver, responderei ao governador [Pedro] Taques”, afirmou ele, durante o lançamento do Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Aedes aegypti, neste sábado, na quadra do Complexo Dom Aquino – região Leste da Capital.
Pedro Taques não fez qualquer cobrança ao ministro das Cidades sobre o VLT, tanto no discurso – que se ateve ao evento – quanto na entrevista coletiva, concedida no final.
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Em entrevista para a reportagem do
Olhar Direto, Gilberto Kassab assegurou que a obra, licitada originalmente no valor de R$ 1,477 bilhão – e já consumiu R$ 1,06 bilhão do Estado – receberia tratamento prioritário do Ministério das Cidades. “Não faltam recursos. Só levam os recursos os que apresentam bons projetos”, justificou o ministro Dilma Rousseff, indicado pelo PSD.
Gilberto Kassab tem conhecimento de que a obra está parada desde dezembro de 2014 e que deveria ter ficado pronta em outubro de 2013, como modal para a Copa do Pantanal Fifa. Contudo, a consultoria paralisou a obra e, após a posse do governador José Pedro Taques (PSDB) cobrou mais R$ 1 bilhão para concluir o VLT.
O ministro das Cidades recebeu parte do relatório, feito pela consultoria KPMG, sob encomenda da Secretaria de Estado de Cidades (Secid), entregue à Justiça Federal. O governo assegura que o documento constatou a falta de um escritório de gerenciamento de projetos e a inexistência de um projeto básico de desapropriação.
Quando tratou do assunto com Kassab, em Cuiabá, Pedro Taques se manteve irredutível: “Não gasto R$ 1 sem saber do que foi roubado do cidadão nesta obra”.
A consultoria KPGM vai responder o levantamento de viabilidade da operação do VLT, como estudo da política tarifária, integração com outros modais, se servidores do próprio estado vão operar esse empreendimento, se será por concessão pública ou se será por iniciativa privada.
A auditoria também apontou que deverão ser gastos mais R$ 602 milhões por parte dos cofres públicos para a finalizar a implantação do VLT e o valor considerado legítimo pelo governo. Isso porque, no ano passado, o consórcio pediu mais R$ 1,1 bilhão para entregar o modal de transporte.
Na época, o governo se negou a pagar o aditivo sem antes contratar um estudo sobre o que já havia sido feito e o que ainda estava por fazer em relação ao VLT. A avaliação do governo é de que o valor de R$ 1,1 bilhão solicitado pelo consórcio tem erros aritméticos e de interpretações do contrato. E o governo insiste que dentro das normas é o valor de R$ 602 milhões.
Ao custo de mais de R$ 1,47 bilhão, VLT de Cuiabá não tem prazo definido para ser entregue e os transtornos à população já provocaram ação contra o governo de Mato Grosso e as empresas responsáveis.
A Secretaria de Estado das Cidades esclareceu para o
Olhar Direto que 138 áreas foram desapropriadas até o momento e outras 220 ainda estão em processo de desapropriação. Os valores de indenizações a serem pago passam de R$ 42 milhões. Porém, um dos maiores problemas detectados pela auditoria foi a falta de um projeto básico de desapropriação por parte do consórcio.
