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Sábado, 11 de maio de 2024

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Autor do estudo que embasou VLT diz que estimativa de R$ 700 milhões não poderia ter sido usada para a troca de modal

Foto: Marcos Lopes/ALMT

O engenheiro eletricista Massimo Bianchi criticou obras da via permanente

O engenheiro eletricista Massimo Bianchi criticou obras da via permanente

O empresário Massimo Giavina Bianchi, presidente da TTrans Sistemas de Transportes S/A, se isentou de responsabilidade pelo fato de o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva ter usado os custos contidos no estudo feito por ele para convencer o governo estadual e os outros deputados a trocarem o Bus Rapid Transit (BRT) pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande.


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Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa, nesta terça-feira (26), Massimo, que é engenheiro eletricista, afirmou que defendeu o VLT do ponto de vista técnico, mas que seu estudo não poderia embasar estimativas de custos da obra completa. Na audiência pública que sacramentou a decisão de mudar o modal, realizada em setembro de 2011, foi apresentada a estimativa de custo de R$ 700 milhões para implantar o VLT. Em maio de 2012, o VLT foi licitado por R$ 1,477 bilhão.

“A TTrans trabalha com sistemas, e nesse ponto foi possível prever com precisão os custos de implantação. Com relação às obras civis, o que fiz foi apresentar uma média de custos de várias cidades do mundo. Eu não tinha como prever o custo da obra física, pois não sou engenheiro civil, e esses custos variam de acordo com peculiaridades de cada local. Se houver uma tubulação no caminho, o custo muda. O meu estudo poderia definir o custo dos sistemas fixos, estações, bilhetagem, e de fato o valor que apresentei foi semelhante ao final. Mas da obra civil eu apenas considerei médias mundiais de gasto”, disse.

O estudo de Massimo apontou, por exemplo, que em Miami, nos Estados Unidos, o custo de implantação do BRT foi US$ 5 milhões por quilômetro, e em Pittsburgh, na Suíça, foi US$ 13,8 milhões por quilômetro. “Como é que eu podem se basear nesse estudo? Eu apresentei um valor médio existente no mundo”, reforçou ele.
“Meu estudo permite dizer que o melhor sistema para Cuiabá é o VLT, do ponto de vista técnico. Na audiência pública em Cuiabá, eu fiz uma apresentação de mais de 20 minutos falando as vantagens do VLT sobre o BRT. Logisticamente, não dava para o ônibus do BRT fazer a volta no final da linha. Não tem espaço para isso, teria que derrubar prédios”, defendeu ele.

O empresário apresentou suas análises também para o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e o ex-vice-governador Chico Daltro (PSD). O estudo foi feito de graça, pois, segundo o Massimo, fornecer esses estudos faz parte de sua ação comercial, e ele faz isso com frequência. Massimo afirmou, ainda, que o BRT é um modelo de transporte alimentador, e não estruturante, como o VLT é. Ele criticou também o fato de o BRT ser conduzido por motoristas, enquanto a operação do VLT é automática.

“Eu não entendo de obras civis, mas precisa fazer aquele tipo de via permanente vindo do aeroporto? Aquela ponte? Eu não quero me meter nesse troço”, disparou. “Passando de carro vindo do aeroporto para cá, eu vi de forma superficial as obras e acho que aquela via não cabe. Não precisava fazer aqueles monstros de via permanente, com valetas de concreto. Via permanente é trilho e dormente, trilho e dormente, em uma via segregada”, disse.

Culpados pelo VLT

O presidente da CPI, Oscar Bezerra (PSB), classificou de irresponsável o uso do estudo de Massimo Bianchi para embasar a mudança de BRT para VLT, e afirmou que o empresário não será isentado da culpa que cabe a ele. “É obvio que ao final do relatório, ele terá a responsabilidade que lhe cabe, assim como as pessoas que fizeram lobby para que ele viesse aqui e apresentasse para a sociedade de Mato Grosso um estudo de R$ 700 milhões, já sabendo que ficaria o dobro, no mínimo. Vai ser o triplo agora. Essas pessoas são irresponsáveis. Não têm nenhum comprometimento com o erário”, declarou.

O deputado viu ainda conivência no depoimento de Massimo. “Ele poderia ter aberto, vamos dizer, a caixa de ferramenta. Não fez. Não fez por que? Porque é conivente e não quer perder outros contratos em outros lugares com essas grandes empresas que fazem parte do cartel de trens de São Paulo e que trouxeram para cá a extensão desse cartel”, disse.

O relator da CPI, Mauro Savi (PSB), por sua vez, acredita que o depoimento de Massimo aumenta a parcela de culpa do governo pelos problemas e atrasos nas obras do VLT, ainda inacabadas. “A consultoria KPMG falou que o governo tinha 68% de culpa, mas a culpabilidade do governo aumenta a cada depoimento na CPI. O problema é que as pessoas têm medo de dizer. Claramente houve cartas marcadas na licitação do VLT”, disse. 
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