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Terça-feira, 16 de julho de 2024

Opinião

A Dolarização Argentina: O sofismo do Populismo Econômico e a Anomia Política

Autor: Fernando Henrique da Conceição Dias

22 Nov 2023 - 08:00

A eleição de Javier Milei na Argentina, significa duas grandes questões: A primeira, o que chamo de sofismo do Populismo econômico e a segunda o que chamo de anomia política. Estudo os dois temas há cinco longos anos. Um País quebrado como a Argentina JAMAIS vai dolarizar sua economia, não precisa ser nenhum gênio para saber que isso não passa de proposta milagrosa para ganhar a eleição. A Anomia representa a aversão as Instituições, o povo desacredita nas Instituições e rompe com elas para que num piscar de olhos seja feito um milagre. O problema que a Economia é que a economia é uma ciência que não leva desaforo para casa. Ela não somente desmascara ao longo de tempo os políticos como tem o poder de modificar todo um pensamento eleitoral.
 
As crises financeiras ao longo da trajetória do capitalismo provocaram rupturas não somente de cunho econômico, mas principalmente mudaram as perspectivas sociais implementando novas agendas e ideias assim como o retorno do fenômeno de anomia... Anomia segundo Durkheim (2000), são condições em que normas sociais e morais são confundidas, pouco esclarecidas ou totalmente ausentes na sociedade. Durkheim (2000) acredita que a força moral da sociedade regula o indivíduo.
 
A anomia contribui para o aumento da desordem social, essa desordem propicia o aparecimento de condutas antissociais, que é caracterizado pelo desprezo ou transgressão das normas da sociedade, contribuindo para ideias conservadoras, que influenciam na política que por sua vez influenciam na economia ou melhor nas decisões econômicas. As crises políticas podem ter um impacto integrador sobre a sociedade, por reunirem os indivíduos sob um mesmo ideal, ao passo que as crises econômicas parecem sempre ter consequências desreguladoras, por referirem-se somente aos interesses e às motivações pessoais. Nesses casos, as “paixões” se excitam sem que um controle moral que as modere, esse é o caso da Eleição Argentina que rompe com o Peronismo Social.
 
Ao analisar as condutas antissociais no século XXI, como o aumento da xenofobia, intolerância religiosa, e a volta da agenda conservadora na política podemos compreender que fenômenos de cunho econômico alteram a ordem política, levando até mesmo a uma agenda extremista ou conservadora no sentido político e econômico. O extremismo é um fenômeno característico da política contemporânea que motivou e ainda motiva movimentos sociais e políticos, principalmente em épocas de intensa mobilização social e de profundas transformações nos sistemas produtivos e institucionais.
 
A evolução da moeda e dos seus fundamentos ao longo da história e dentro do capitalismo possui inúmeras vertentes onde as escolas de pensamento econômico vêm tentando elucidar as funções da moeda e, principalmente, qual a sua importância em uma economia.  Ainda em uma perspectiva de historicidade-conceitual do capitalismo e de sua evolução, a moeda e o dinheiro fazem parte da questão ímpar que é o desenvolvimento econômico: como o capitalismo dirigido pelas finanças contribui para explicar as assimetrias de desenvolvimento entre países. Ao longo da evolução do sistema capitalista houve sempre grandes dificuldades de crescimento sustentável das economias periféricas. Na recente história contemporânea do sistema financeiro, pós queda de Bretton Woods, houve ainda mais dificuldades das economias periféricas no que diz respeito a hierarquia das moedas, essas dificuldades como: tendência de instabilidades na taxa de câmbio e taxa de juros, tendência especulativa e de aumento das reservas internacionais. A questão aqui é: a posição internacional de moeda periférica impacta em limites para desenvolvimento dos países subdesenvolvidos? 
 
Essa diferença no posicionamento das moedas pode criar desafios para a estabilidade das taxas de câmbio e juros nos países periféricos, tornando a condução da política econômica mais complexa. A financeirização, pode ampliar ainda mais essas discrepâncias, uma vez que os países periféricos ficam mais expostos a flutuações nos mercados internacionais de capital.
 
Desse modo, ao tratar do desenvolvimento dos países periféricos e fazer uma relação com a hierarquia das moedas, podemos concluir que existe uma dificuldade no manejo da política econômica nos países periféricos onde está dificuldade está relacionada à dinâmica diferenciada de suas taxas de câmbio e juros, em comparação àquela observada nos países centrais. Assim, para que haja uma superação dos entraves é necessário que se lide de maneira apropriada com essas especificidades, portanto, compreender as suas causas. Vale ressaltar que o fato de compreender que a dinâmica de uma economia capitalista seria baseada e, em suma, norteada pelas relações de interesse monetário, consequentemente, revelou a moeda como um elemento importante com poder de afetar as decisões de curto e longo prazos dos países e regiões.
 
A hierarquia de moedas, ao diminuir o grau de autonomia das políticas dos países subdesenvolvidos, limita sua capacidade de superar a condição socioeconômica na qual se encontram. Portanto, a hierarquia monetária se apresenta como uma dimensão adicional da relação centro-periferia, que não apenas se agrega às limitações enfrentadas na esfera produtiva – sejam estas quais forem –, mas a ela se sobrepõe, reforçando o caráter heterogêneo da organização do sistema capitalista no mundo.
 
 Assim, pode-se afirmar que a hierarquia de moedas é, na verdade, uma hierarquia entre os diferentes graus de liquidez que na economia mundial, onde várias moedas se apresentam, e cada uma tem uma certa força, sendo que nos países periféricos existe uma diferença gigante da força de suas moedas nacionais.
 
Dessa maneira a Dolarização Argentina, não passa de um sonho bem distante da realidade atual do País. A argentina não tem nem estrutura financeira e se pagar para ver, será devastada pelo capitalismo financeiro, que não brinca em serviço. O capitalismo globalizado é extremamente dependente da dívida pública, ou seja, depende do que é público para lucrar. O grande objetivo do rentismo é submeter o Estado a suas políticas econômicas, seja por meio das privatizações, baixando o custo da força de trabalho também e cortando as políticas públicas sociais. A especulação financeira é o grande carro chefe do novo sistema que demonstrou sua faceta perigosa na crise do subprime.
 
Fernando Henrique da Conceição Dias é Economista, Mestre em Economia pela UFMT Professor; Pesquisador, Head Comercial
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