Olhar Direto

Sábado, 27 de julho de 2024

Opinião

Avanço feminino nas eleições: uma análise necessária para o futuro político

A crescente participação feminina nas eleições municipais é um sinal positivo e encorajador para a política brasileira, mas também destaca desafios que precisam ser abordados com seriedade. O aumento significativo de candidaturas femininas ao cargo de vice-prefeita, que subiu 21% entre 2016 e 2020, é um reflexo do progresso na inclusão de mulheres na política. No entanto, a evolução deve ser acompanhada de uma análise crítica das estruturas e barreiras que ainda limitam a plena equidade de gênero no cenário eleitoral.

Em 2020, cerca de 21,2% das candidaturas à vice-prefeitura foram ocupadas por mulheres, um aumento considerável em relação às 17,5% registradas em 2016. Esse crescimento é significativo, mas ainda enfrenta desafios. Apesar de o número de mulheres eleitas para o cargo de vice-prefeita ter aumentado de 834 em 2016 para 927 em 2020, a realidade ainda revela um cenário em que a maioria das chapas é composta exclusivamente por homens.

As estatísticas mostram que apenas 2% das chapas foram formadas exclusivamente por mulheres disputando tanto a prefeitura quanto a vice-prefeitura, enquanto 11% das chapas tinham mulheres na disputa pela prefeitura e homens na vice. Em contraste, 67% das chapas eram compostas apenas por homens. O fato de as chapas com homens na chefia de prefeitura e mulheres como vice terem obtido 15% das vitórias reforça a necessidade de continuar o trabalho para garantir um equilíbrio mais justo.

A explicação para o aumento das candidaturas femininas à vice-prefeitura pode estar relacionada às dinâmicas específicas das campanhas em cidades menores, que podem oferecer melhores chances de sucesso. Contudo, o crescimento das candidaturas femininas também está atrelado à forma como os partidos distribuem o financiamento eleitoral e preenchem suas chapas, muitas vezes priorizando candidatos homens para os cargos principais.

É essencial que o avanço das mulheres na política vá além das estatísticas. A implementação efetiva das cotas de gênero e a promoção de candidaturas femininas genuínas são passos fundamentais para garantir que a participação feminina não seja apenas um número, mas uma força real e transformadora na política. A recente criação do projeto #ParticipaMulher pelo TSE, que visa incentivar e apoiar a participação feminina, é um passo positivo, mas deve ser acompanhada de um compromisso firme dos partidos e da sociedade para superar barreiras e fraudes na cota de gênero. 
O desejo de todas nós mulheres é que mais mulheres se enveredam e engajem pelo caminho político, que tragam novas perspectivas para as pautas femininas, que olhem com mais cuidado e sensibilidade, para as mães solo, as vítimas de´tentativa de  feminicídio,  para que não se torne um feminicídio de fato, ajudar no amparo  e apoio para que não voltem para seus agressores, que a saúde básica e pública tenha recursos de fato para  atender essa demanda sem burocracia, é isso que queremos, que tenhamos representantes  que de fato atendam às nossas demandas. 
 
Olhar da mulher é diferente do homem, porque ela olha por um todo, o conjunto, não queremos ocupar o lugar dos homens e sim ocupar os nossos próprios lugares. Com a chegada do pleito municipal, vejo a movimentação e muitas mulheres como pré-candidatas a vereança e ao executivo por todo Estado brasileiro, se atente, não vou levantar a bandeira de mulher vota em mulher, mas vou pedir a atenção para essas mulheres que estão dispostas a trabalhar por seus municípios.
 

Ana Barros é jornalista e atua como  assessora de imprensa há mais de 15 anos . 
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