Olhar Direto

Quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Opinião

Clima seco e queimadas: é preciso redobrar os cuidados com a saúde.

A chegada do mês de agosto reacende o alerta para as doenças respiratórias
 
Por ser um mês caracteristicamente seco, devido a ação das massas de ar, e contando com um aumento gradual das temperaturas, não apenas em Mato Grosso, mas em várias pontos do país, agosto traz consigo o alargamento no número de casos de problemas respiratórios. Entretanto, com a intensificação das queimadas no Pantanal a expectativa é de que este ano o quadro seja ainda pior.
Os dados do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o número nas queimadas ocorridas no Pantanal nos primeiros cinco meses de 2024 já superam o mesmo período de 2020, ano recorde em queimadas nesse bioma.
A queda da umidade relativa, a falta de chuvas, elevação das temperaturas e o aumento das queimadas - que traz consigo as partículas de monóxido de carbono - formam a receita perfeita para escalonar os problemas de saúde nessa época, principalmente as doenças respiratórias. O ar seco aliado ao monóxido de carbono e as fuligens causam o ressecamento das mucosas da boca, dos olhos e nariz, diminuindo desse modo, a produção de saliva, das lágrimas e do muco que protege as vias aéreas, podendo levar a tosse, rouquidão, irritação ocular, sangramentos nasais, a desidratação do corpo e  e até mesmo, ao longo do tempo, facilitar a incidência de câncer.
Como consequência, ocorre a diminuição das defesas do organismo e a piora dos distúrbios respiratórios tal qual a asma, rinite, sinusite ou a bronquite, aumentando as buscas por auxílio médico. Os mais afetados são os idosos e as crianças e por isso nessas faixas etárias o cuidado precisa ser intensificado.
Deve-se aumentar a ingestão de água, realizar uma alimentação saudável com a ingestão de verduras, frutas e legumes, bem como, utilizar umidificadores, toalhas molhadas ou bacias com água, e ainda, manter-se longe da poluição do ar. É possível também recorrer a recursos auxiliares como o uso de protetor solar, de colírios adequados para lubrificação dos olhos (pois nem todos são) ou ainda, a lavagem nasal.
É necessário reforçar que é essencial impedir a causa da fumaça, que claro, são as queimadas, evitando não apenas as grandes, como aquelas no pantanal, mas também as domésticas, muitas vezes até rotineiras, tidas por muitos como um mal menor, tal qual atear fogo no lixo residencial ou nas folhas do quintal, mas que na verdade são até piores.


Willer da Cruz Zaghetto é médico formado pela UFMT e atua como Perito Oficial Médico Legista.
 
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