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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Opinião

Historia de Cuiabá 2

A crônica de todos os garimpos comprova que, terminada a “influência” pelo esgotamento das minas, as povoações se aniquilam e até mesmo desaparecem. Pode-se dizer que Cuiabá se constituiu uma das exceções a essa regra.

Entrando em decadência a atividade mineira, pela quase exaustão das minas, só não desapareceu por três motivos: a- por que o ouro nunca se esgotou inteiramente, existindo até hoje; b- por que a fertilidade das terras das margens do Rio Cuiabá, permitiram uma agricultura de manutenção que somada a abundância do peixe garantiu o fácil sustento da população; c- por que Cuiabá pela sua posição geográfica tornou-se ponto obrigatório de passagem para a Capital, que era Vila Bela.

Durante 67 anos Vila Bela foi a Capital da Capitania e da província. O último Capitão General, Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, empossado em 1819, alegando a insalubridade da cidade do Guaporé onde morreram de febre dois Capitães Generais e vários funcionários do governo, recusou-se a seguir para lá governando de Cuiabá, assim transformada em uma Capital de fato.

OFICIALIZAÇÃO DE CUIABÁ COMO CAPITAL- Essa situação não mudou com o advento da Independência do Brasil em 1882, e os Presidentes da Província nos anos do Primeiro reinado, administraram de Cuiabá até que em 1835 uma lei sancionada pelo Presidente Antonio Pedro da Alencastro oficializou a cidade como Capital.

A RUSGA- Nesses conturbados anos do Primeiro Reinado, um fato da maior importância ocorreu em Cuiabá, a matança de portugueses durante um motim popular de inspiração nativista sob o pretexto de que os “reinóis” desejavam a volta do Brasil ao domínio de Portugal.

O terrível evento de 30 de maio de 1834 passou para a história com o nome de Rusga.
O PRIMEIRO JORNAL- Em 1839 um acontecimento veio desde logo demonstrar que Cuiabá nascera predestinada a ser um centro de cultura, instalava-se a primeira tipografia de Mato Grosso que passou a editar o jornal THEMIS MATOGROSSENSE.
Assim decorridos apenas 30 anos do aparecimento da imprensa no Brasil, Cuiabá já tinha o seu primeiro periódico.

A GUERRA DA TRIPLICE ALIANÇA- Com a declaração da maioridade de D. Pedro II em 1840, tem início o longo período do Segundo reinado, durante o qual a cidade continuou sua lenta mas constante evolução, cerceada pelas dificuldades de transporte e de comunicação com a Capital do Império.

O fato mais importante do Segundo Reinado na história de Cuiabá, foi a Guerra da Tríplice Aliança, que o Brasil sustentou contra a República do Paraguai.

Os paraguaios invadiram Mato Grosso com duas poderosas colunas militares, dominando quase todo o sul do antigo estado e tentando um movimento de pinça que visava atingir Cuiabá. Todavia, a defesa organizada na Capital pelo Governo da Província, e pelo Almirante Augusto Leverger – o Barão de Melgaço- além dos imprevistos da própria guerra, demoveram-nos do seu intento de aqui chegar. Ficaram detidos em Coxim e nos pantanais de Corumbá.

Foi aqui em Cuiabá que se organizou sob o comando do Marechal Antonio Maria Coelho, realizou a façanha heroica da retomada de Corumbá, há dois anos e meio em poder dos inimigos. Essa força era composta em quase sua totalidade por “voluntários da pátria”, recrutados em Cuiabá e vizinhança.

Duas mulheres heroínas cuiabanas, D. Francisca de Sampaio Botelho e D. Mariana Brasilina da Silva Barreto, empunhando fuzis e baionetas avançaram lado a lado com os homens contra as trincheiras Paraguaias.

CONTINUA.

EDUARDO PÓVOAS PÓS GRADUADO PELA UFRJ.
 
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