Olhar Direto

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Opinião

Os recomeços

A cada mudança de gestão vejo a instabilidade que assola a mim e aos meus colegas servidores públicos de carreira, todos assim como eu, que fizeram concurso público e se capacitaram para o exercício da gestão pública e de atendimento ao cidadão. Apesar detão achincalhados ultimamente, somos os responsáveis pela garantia dos serviços entregues aos cidadãos, muitos de nós com domínio técnico e conhecimento de causa absurdo sobre a atividade que desenvolvemos, e inobstante todo o exposto, nunca fomos consultados nas mudanças de gestão, nunca nos pediram um perecer técnico acerca da área que atuamos, sequer somos ouvidos e nem mesmo comunicados dos projetos ou mudanças estratégicas para os órgãos ou entidades onde dedicamos boa parte das nossas vidas.

Estamos no serviço público para somar, somos estabilizados, mas respondemos por nossos atos caso não estejam adequados, não temos FGTS e nem seguro desemprego, nosso desconto previdenciário é sobre o valor integral de nossa renda e as mudanças para as quais poderíamos contribuir de forma muito efetiva e técnica, só nos chegam pelo diário oficial.

É certo que a alta rotatividade dos gestores, que são vinculados aos chamados cargos de confiança, e a excessiva mudança da equipe técnica, que se renova a cada quatro anos, tem como princípio o caráter transitório dos cargos em comissão e envolvem muitos interesses, e esses interesses,por vezes são divergentes daqueles que estavam em andamento.

A cada mudança de gestão, vemos um recomeço de governo, muitas vezes, bons projetos são abandonados por não se adequarem a nova política de governo, órgãos, entidades e cargos, são extintos, recriados, criados e transformados, antes mesmo que os gestores conheçam a realidade em que desembarcaram, como já dizia o Eclesiastes vanitasvanitatum, et omniavanitas- vaidade das vaidades.

Por isso que o Estado conta com os servidores efetivos, são eles que detém o conhecimento e merecem ser ouvidos, pois nem tudo pode ser traduzido para uma planilha do Excel ou do Power Point,as necessidades da gestão e do cidadão, os projetos que funcionam, os sistemas que precisam ser melhorados, os setores que podem ser enxugados, isso tudo é informação técnica, e quem tem esse domínio é o servidor efetivo.

Os quadros do Estado são altamente técnicos, merecem respeito, e podem auxiliar muito com informação técnica tanto para subsidiar a reforma administrativa, quanto na implementação de ações necessárias para incremento da receita e redução das despesas.

Importante lembrar que Pedro Taques errou feio, não foi o primeiro epode não ser o último, pois enquanto os governantes e seus escolhidos agirem como “os futuros inventores da roda”, quem vai continuar comendo o pão que o diabo amassou é o cidadão, mas uma coisa é certa, essa culpa não pode ser imputada ao servidor público, que gestão após gestão está pronto para contribuir com o serviço público.
 

Ana Claudia Aparecida Lisboa é Analista Administrativo da Área Meio do Executivo, Advogada, Especialista em Direito Administrativo e Processo Administrativo, Pós Graduada em Gestão de Projetos e em Gestão Pública e Doutoranda em Ciências Jurídicas.
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