Eu sou Emilie, como sempre, escuto com o coração a oração que fazem todos os dias, e me coloco no lugar de cada uma e cada um, sabem que passei por uma realidade dolorosa e angustiante na minha França natal, como a que vivem hoje muitas comunidades, por isso quero recordar-lhes especialmente algumas palavras que escrevi para dar notícias e ânimo às Irmãs, pois não havia internet, é claro.

Era o ano de 1854 e escrevi para Madre Seraphine, que também era minha amiga:

“Acabamos de voltar de Pibrac, onde rezamos muito por nós mesmos e pelos outros... pedimos para nos preservar da doença. Na cidade, a cólera chega com insistência; alguns dias não tem casos, depois vem atacando principalmente os idosos...

Alguns estão doentes por causa do medo, pois o medo adoece... Cuide da sua tosse, tome o xarope calmante e consulte o médico se isso não passar... Você tem que observar tudo, sobretudo evitar imprudências... é necessário também pensar nas/nos alunas/os, entretê-las/os... Estamos em tempo de missão... Duvido que possamos ter nosso retiro. Estamos dispostas para o que quer o Senhor... Não se preocupe conosco, mas rezem... No meio da tristeza que reina, experimentamos a alegria e uma paz que não posso definir."

Algumas destas expressões que escrevi há muito tempo, hoje volto a escrever a vocês e compartilho algo que uma comunidade rezou esta tarde e me uno para pedir por vocês:

"Talvez estejamos começando a compreender: que ninguém se salva sozinho / que as fronteiras não existem, que saúde é um direito universal / que a economia pode esperar, que a vida é frágil e que protegê-la é um dever coletivo".

"Temos rezado muito à bem-aventurada Santa Germaine, por todas/os nós e também pelo mundo inteiro, pedindo-lhe que nos preserve da cólera"

Por isso, façamos juntos esta oração:

Santíssimo Jesus Eucarístico, todos que o invocam, sabemos que está perto de nós nas dificuldades e alegrias de nossa vida cotidiana.

Por isso, diante dessa "pandemia" do coronavírus que está abalando o mundo, recorremos a vós com confiança, como fez, Emilie em seu tempo por intercessão de Santa Germaine.

Te pedimos hoje, por sua intercessão, que cesse essa calamidade, para que a fé seja mais forte que o medo, a solidariedade maior que egoísmo e a vida mais forte que morte.

Tu, óh Deus da bondade e ternura que exalta os pequenos e os pobres, tem piedade de nós e de nosso mundo. Amém.

“Estejam seguras/os que as/os protejo! Abandono, confiança, Deus Só!”

(Carta de 14 de setembro de 1854, nº 420; 18 de setembro de 1854, nº 423).

Estamos prestes a vivenciarmos a nossa Páscoa e certamente temos muitas razões para:

- estar com Ele e sentir, mais uma vez, sua voz que nos diz: “Coragem, não tenham medo!” Santa Emilie hoje nos anima a seguirmos firmes e mobilizar a única certeza que temos: “Ele está entre nós! O Ressuscitado vive e, por isso, não há o que temer! Ele está no controle de tudo e nos convida a potencializarmos os aprendizados que essa experiência de isolamento social nos exige.”

- ser solidárias(os) com os mais vulneráveis desta pandemia que devem estar presentes na nossa oração, nosso coração e em estratégias para somar forças com outros e outras, com organismos e instituições que neste momento agregam saídas de vida e de cuidado pois sabemos que Deus exige soluções planetárias.

Nunca nos sentimos mais unidos antes... Somos uma grande nação! A Comunidade humana clama por vida mais plena e por sobrevivência no planeta terra terrivelmente judiado pela ganância humana. A ciência é limitada, a tecnologia também, mas Aquele que nos dá a vida e nos mobiliza internamente é eterno e todos os dias podemos escolher a vida prometida por Ele.

Esta Páscoa nunca será esquecida por nós e certamente não passaremos ilesos nem sozinhos. Estamos em comunhão transformadora, acompanhados pelo Ressuscitado que vem ao nosso encontro e nos pergunta: “Por que choras?” Sua voz ressoa em nós e isso acalma o nosso coração e nos impulsiona a olhar um horizonte possível, repleto de vida, de solidariedade e de muito amor... As forças contrárias como o ter, o egocentrismo, o acúmulo de capital e a ganância se desfazem diante de um vírus, perdem suas forças e impera uma humanidade pascal, libertando-nos de amarras que fomos construindo e nos escravizando.

Somos mulheres e homens novos! Podemos ver melhor a presença do Ressuscitado e fortalecer em nós o carisma deixado por Emilie e seus legados que sempre se fizeram presentes em nossas vidas. Na alegria de nos sentirmos comunidade humanitária queremos vivenciar essa Páscoa com um olhar imaculado e liberto porque o nosso coração confirma que Ele vive, sempre esteve e está conosco:

“A PAZ ESTEJA CONTIGO!”




Feliz e abençoada Páscoa!




Ir.Marluce