Olhar Direto

Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Opinião

​Integração Intermunicipal, Desenvolvimento Local e Regional

Autor: João Eduardo Sá Costa Moreira Brito

05 Jan 2021 - 08:00

O ano de 2021 se inicia, e com ele temos prefeitos e vereadores que tomaram posse em seus municípios, para nova gestão. Diante do quadro que ainda se faz presente em âmbito global, mais do que nunca é preciso que esses gestores já possam alinhar ações e projetos em prol de suas localidades.
 
Nesse contexto, uma plataforma que se mostra viável, diz respeito a ações e projetos que beneficiem o desenvolvimento tanto local quanto regional. Cada vez mais nos deparamos com a necessidade de pensarmos e buscarmos mecanismos para o desenvolvimento local, de modo sustentável, onde os fatores internos, a preocupação com a perspectiva endógena e com o fator humano, precisa de atenção visando não apenas o crescimento econômico, mas também o desenvolvimento da comunidade local e em caráter regional.
 
Quando se propõe a perspectiva do desenvolvimento endógeno, a região precisa estar intrinsecamente agregada aos fatores internos, de modo que esses possam se transformar em impulsos para o crescimento alicerçado no desenvolvimento da sociedade, que contemple e fortaleça não apenas um município, mas seu entorno mediante as parcerias intermunicipais.
 
Utilizando como exemplo Cuiabá e Várzea Grande, municípios de destaque na região metropolitana do Estado, a primeira por ser a capital e sede administrativa, a segunda pelo seu destaque enquanto cidade industrial, ambas pela estrutura de bens e serviços podem agregar valor em se tratando de desenvolvimento no âmbito regional, mediante políticas e gestão perenes.
 
Isso porque além dessa infraestrutura, as mesmas compõem o Consórcio Intermunicipal do Vale do Rio Cuiabá, juntamente com Acorizal, Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães, Jangada, Nossa Senhora do Livramento, Nobres, Nova Brasilândia, Planalto da Serra, Rosário Oeste, Poconé e Santo Antônio de Leverger, o que pode agregar valor na estruturação de projetos condizentes com a vocação de cada localidade, estruturando um corredor de desenvolvimento na região metropolitana de Cuiabá.
 
Tal iniciativa pode beneficiar melhorias na logística de acesso quanto a estradas e transporte intermodal, fortalecimento da agricultura familiar e ATER, cursos técnicos e de qualificação, fomento de cadeias produtivas (turismo, cultura e danças típicas, artesanato, fruticultura, avicultura, piscicultura em tanque rede, mandioca e derivados), resgatando a auto-estima da população e valorizando a vocação e peculiaridade presente em cada localidade.
 
Cabe aqui um destaque para o turismo, uma vez que esse trabalho integrado para a região do Vale do Rio Cuiabá vem de encontro com a retomada da atividade na pós-pandemia, onde o receio com viagens longas e conexões, apresenta como quadro que se desenha o fortalecimento do turismo local e regional, e assim a cadeia produtiva do turismo pode trazer esse impulso para a região, e, com planejamento, permitir que os visitantes que vierem a Cuiabá possam estender sua permanência, e assim visitar a região metropolitana com as riquezas e belezas existentes em cada localidade.
 
O desenvolvimento regional, por se tratar de uma proposta que necessita de continuidade, requer paciência e integração, e tal desenvolvimento para uma localidade de menor porte só pode ser atingido por intermédio de outras localidades de maior nível de desenvolvimento, algo que precisa estar ligado a um trabalho de valorização e conscientização da importância e riqueza do fator local, de conhecimento acerca das potencialidades endógenas, do caráter de presença e participação dos agentes locais.
 
Toda região precisa buscar seu diferencial, construir sua imagem, fortalecer sua economia local. Para isso, os agentes locais precisam conhecer sua força e importância, e gradativamente atuar na construção das ferramentas adequadas para impulsionar a construção de políticas que privilegiem a promoção do desenvolvimento, com plena valorização dos recursos humanos, ambientais, culturais e institucionais da região, sempre levando em conta premissas como sustentabilidade, empreendedorismo, competitividade, compliance, cidades inteligentes e infraestrutura municipal e regional.
 
Assim, conciliar políticas públicas, desenvolvimento regional e a presença dos atores locais, é vital. É um trabalho que, com o fortalecimento da sociedade, vindo de encontro com a participação das instituições locais, pode trazer o impulso interno para o crescimento e desenvolvimento, sempre embasado na premissa da sustentabilidade, permitindo ainda a captação de recursos no âmbito federal, incentivando o crescimento da economia local e fortalecendo os potenciais locais e regionais, protagonizando a cadeia produtiva não apenas do turismo, mas dos demais segmentos de bens e serviços.
 
Caberá aos gestores locais, juntamente com os agentes de cada localidade, construir diálogo na busca pela participação direta e efetiva da sociedade, elevando o grau de participação e compartilhamento dos fatores locais integrados (sociais, econômicos, ambientais, culturais), alicerçados de modo a construir esse crescimento com o viés sustentável, preservando o espaço local é a premissa para que as novas gerações dêem seqüência nesse contexto de desenvolvimento endógeno.
 

João Eduardo Sá Costa Moreira Brito é cuiabano, Mestre em Turismo (UnB). E-mail:  joaoeduardobrito@hotmail.com
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