Estudou o primário no externato São José na cidade de Poxoréo/MT e o secundário na Escola Normal Sagrado Coração de Jesus, em Cuiabá/MT. Dividia-se entre Dom Aquino e Cuiabá, entre os anos de 1967/1970, período no qual graduou-se em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso.
 

O que antecede sua formação em nível superior, Dona Naninha como é carinhosamente conhecida, atuou no município de Dom Aquino, na área da educação como professora primária na Escola Reunidas de Mutum, supervisora das Escolas Reunidas e Rurais, diretora do Grupo Escolar Fernando Corrêa, professora de matemática no Ginásio Estadual São Lourenço. Foi designada em 1967, para servir na Escola Modelo Barão de Melgaço e no ano seguinte exerceu cargo no Departamento de Pesquisa e Ensino. Na década de 1970 contribuiu na estruturação dos livros técnicos e didáticos para o Ministério da Educação.

Mudou-se para a cidade de Rondonópolis, onde passou a ocupar a cadeira da disciplina de Geografia no Colégio Estadual e no Colégio Sagrado Coração de Jesus daquele município. Em 1974, administrou a direção da Escola de I e II Grau Major Otávio Pitaluga. Entrou na década de 1980, lotada no quadro de professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondonópolis, onde atuou até se aposentar na década de 1990.

Em paralelo, defendeu sua dissertação de mestrado na Universidade Estadual de São Paulo, Campus Rio Claro, com o título “O Migrante Rondonopolitano”. Sua longa jornada na educação já a coloca em vanguarda. Sabemos, que as décadas de 1960 e 1970, o papel da mulher era de cuidar da família e dos filhos, dos afazeres da casa, dentre outras atividades que naquela época eram tidas ao universo feminino.
 

Para além das funções na área da educação, é considerada a pioneira na política no município de Dom Aquino, sendo a primeira vereadora eleita no pleito de 1963-1967, pelo então UDN – União Democrática Nacional. Dona Naninha, obteve mais votos que o então eleito prefeito Sr. João Furtado de Mendonça. As suas atividades políticas devem-se a convivência desde cedo ao cenário na qual ela convivera. Seu pai Laudelino Ferreira Mendes era presidente do diretório da UDN no município e, em sua residência várias foram as reuniões de cunho político realizadas, inclusive com a presença de pessoas importantes à época como Fernando Corrêa da Costa, Aecim Tocantins e Garcia Neto.
 

Suas propostas na vereança, tinham como base as demandas locais: energia elétrica, assistência ao lavrador e pavimentação urbana. É de sua autoria o projeto apresentado a Câmara de Vereadores com a proposta de alteração do topomínio de Mutum, pois, no Estado de Minas Gerais, já existia uma cidade com o mesmo nome, motivo pelo qual era contínuo o desvio de correspondências para aquela localidade. Em votação na Câmara dos Vereadores aprovaram a mudança e em unanimidade sendo escolhido o nome de Dom Aquino, em homenagem ao arcebispo mato-grossense.
 

Dona Naninha, nos remete a pensar o papel da mulher, na educação, na política e sobretudo na vanguarda destes segmentos em um período de lutas femininas de ocupação de espaços tão masculinos!
 

Atualmente, Dona Naninha, vive em Cuiabá/MT, na companhia de seu filho Dr. José Agustinho da Silva Júnior, que atua como médico veterinário e é proprietário da Clínica Animália, junto de sua esposa Silvana Almeida e seus netos, Emanuel Mendes de 8 anos e BernardoMendes com 5 anos. 

 

Lidiane Álvares Mendes é doutorando em Estudos de Cultura Contemporânea/ UFMT. Bolsista CAPES. Autora do livro: Na esteira da loucura: Colônia de Alienados Eduardo Ribeiro – Manaus/AM – 1894-1930. Acesso em: https://www.pimentacultural.com/_files/ugd/18b7cd_923a6555af464622b7d23a104d19d3a1.pdf

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