Olhar Direto

Sábado, 27 de abril de 2024

Opinião

Punk 40

Em 2010, conversando com nossa eterna musa Márcia Bonfim de Arruda, a quem o poeta Antônio Sodré um dia dedicara os tocantes versos: “Já faz um tempo que fiz 21 anos / e assim como você nadava nas nuvens / no vai-e-vem das avenidas, bares e tudo mais...”, falei a ela do ano de 1970, num comentário lateral acerca da chegada da televisão (e, por consequência, do fenômeno dos televizinhos) a muitos lares brasileiros, tema da dissertação de mestrado que ela então desenvolvia.

E a Márcia, direto ao ponto:

– Pois eu nasci em 1970!

E eu, mais direto ainda:

– Puxa vida, Márcia, você já tem 40 anos!

Para a Márcia, todavia, não creio ter sido nenhuma indelicadeza esta menção crua à idade que ela sem querer revelara, pois que desfilava uma aparência ainda tão jovem, bela e sedutora. (E, por esses dias, na Praça da Mandioca, tornei a vê-la e ela continua linda).

Hoje, vejo na ‘Ilustrada’, da Folha de S.Paulo, que o punk é o mais novo integrante do Clube dos Quarentões.
Quem diria! Pois não é que ele, enquanto movimento musical-cultural, nasceu oficialmente em 1977 e que esse acabou por ficar conhecido como “o ano do punk”?

Pois é. Para nós que, em 1982, vivemos aquele antológico festival O Começo do Fim do Mundo, no Sesc Pompeia, em São Paulo, parece que desde então o tempo encravou numa curva imaginária do caminho e não passou, de jeito maneira.

Na verdade, acho que o verdadeiro Começo do Fim do Mundo acontece agora, quando vejo no jornal que o punk, eterno modo de ser descolado e rebelde, acaba de completar a sintomática idade de 40 anos.
 
Cuiabá, 2017
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