Olhar Direto

Sexta-feira, 03 de maio de 2024

Opinião

Dieta ajuda no tratamento do câncer de boca

O câncer de boca é uma doença muito agressiva. Por isso, existe uma verdadeira obsessão pelo diagnóstico precoce dessa doença. Mas, mesmo quando o diagnóstico é feito no início do seu desenvolvimento, o paciente, além do tratamento cirúrgico, pode precisar passar pelos tratamentos de radioterapia e quimioterapia. Esses tratamentos são muito fortes e têm efeitos importantes que comprometem seriamente a qualidade de vida desses pacientes.

É comum, pacientes que fazem radioterapia, na região da cabeça e pescoço, desenvolverem na mucosa bucal uma condição chamada de mucosite. É uma inflamação muito dolorosa que acontece na boca e provoca dificuldade para se alimentar. Essa condição chega a afetar quase 70% dos pacientes que fazem radioterapia na região de cabeça e pescoço e é a morbidade que mais debilita os pacientes. Apesar de existirem vários tratamentos, o mais comum é com analgésicos opioides e os resultados são muito variáveis nos pacientes.

Identificar os fatores que levam a essa condição é importante para orientar tratamentos mais precisos e promover mais qualidade de vida para esses pacientes. Em uma pesquisa pulicada no mês de setembro, com o título “Influência do microbioma na mucosite oral induzida por radioterapia e seu manejo: uma revisão abrangente”, no periódico inglês Oral Oncology, pesquisadores do departamento de radioterapia do Virgen de la Victoria University Hospital, em Málaga, na Espanha, tentam identificar as principais causas e os tratamentos mais eficientes, atualmente, da mucosite por radioterapia.

Os autores mostram, nessa pesquisa, que a flora de microrganismo da boca muda radicalmente nos pacientes que estão fazendo radioterapia. Essa mudança acontece porque alguns microrganismos são mais resistentes à radiação. Assim, eles se proliferam mais e alteram as condições do meio bucal, principalmente deixando a boca mais ácida e isso favorece a formação das mucosites que, clinicamente, são grandes feridas dolorosas.

Outra condição, citada no artigo, que estimula a formação dessas lesões, é que essa mudança na flora da boca prejudica o funcionamento do sistema imunológico do paciente.

Nesse artigo, os autores citam que a melhor medida para conter a formação dessas lesões está na dieta do paciente. Essa pesquisa mostra que se os pacientes, antes de começarem o tratamento, tiverem uma dieta composta por alimentos ricos em ácidos graxos, polifenóis e probióticos, as bactérias da boca não mudam de forma tão significativa e evitam a formação das mucosites.

Mesmo nos pacientes que desenvolvem essas lesões, mas estão amparados por esse tipo de dieta, elas são mais fáceis de tratar e respondem melhor aos tratamentos convencionais com analgésicos. Esse artigo ajuda a deixar claro a importância do acompanhamento nutricional dos pacientes com câncer de boca.
 
Arlindo Aburad é dentista, patologista bucal do LPB – Laboratório de Patologia Bucal e Maxilofacial.

Carlos Aburad é médico patologista do CPC – Centro de Patologia e Citopatologia.
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