Olhar Direto

Sábado, 18 de maio de 2024

Opinião

Sobre Lula, Bolsonaro, Joaquim Barbosa e assassinatos no trânsito

Acompanhando as pesquisas eleitorais da semana passada percebe-se uma característica tenebrosa do brasileiro. Nossa sociedade coloca em primeiro lugar nas pesquisas, pontualmente, um criminoso condenado em duas instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro e réu em mais seis denúncias; e coloca em segundo lugar nas pesquisas um candidato que tem ótimas propostas para segurança pública, zero propostas para todos os outros problemas do país e recém indiciado em crimes de racismo, homofobia e declarações ofensivas a populações indígenas. Que sociedade é essa?

Uma sociedade que tolera o crime (e o criminoso) como nenhuma outra e tem em boa parcela de sua população cidadãos cegos pelo fanatismo e mitificação de uma figura sombria que, por fim, está atrás das grades. Tal parcela, sob a repetição de um mantra encharcado de desinformação e falsas premissas, insiste em tentar reconduzir à presidência alguém que falhou como presidente e sucumbiu perante a forte sedução de privilégios imorais e um projeto que o perpetuaria no poder, mesmo diante da falência do país. Sob o falso discurso de que "ele ajudou os pobres", tal parcela da sociedade esvazia-se de qualquer pensamento crítico ou moral acerca de seu candidato.

Uma sociedade que aceita o racismo, a discriminação e a exclusão social como muitas outras e também possui uma parcela da população ávida por um "justiceiro" ou "salvador da pátria" a qualquer custo. Como opinião pessoal, acho ótimas as ideias "Bolsonaristas" sobre segurança pública, armamento e crimes (exceto a pena capital), porém, um cidadão que postula o cargo executivo máximo do país não pode, jamais, se pautar em declarações extremistas, racistas, homofóbicas e preconceituosas como as que ele tem emitido. Ademais, não se ouviu nenhuma proposta contundente para áreas tão degradadas quanto a segurança, quais sejam: as áreas de educação e saúde.

Uma sociedade que, ao enxergar o terceiro colocado nas pesquisas vê, antes de tudo, a cor da pele. Que cunha, de cara, a pergunta "é possível termos o primeiro presidente negro do país? ", como se isso fosse uma característica relevante para se assumir a presidência – a cor da pele.

Que desde o início já emite críticas, mesmo sem o candidato dar qualquer declaração ou mesmo ter oficializado sua candidatura. Uma sociedade com uma parcela significativa que expressa um racismo tão velado quanto palpável e pernicioso e que teme até o fundo de sua alma ter um presidente não-branco ou que seja, aparentemente, tão diferente da cor e posição do status-quo. Por isso é uma surpresa vê-lo em terceiro lugar nas pesquisas.

Mudando de assunto, que exemplo a justiça mato-grossense está dando aos nossos cidadãos adultos, jovens e crianças, ao permitir que uma pessoa – seja lá de qual posição social for – responda a um processo em liberdade mesmo após dirigir embriagada e em alta velocidade, atropelar um ser humano, abandoná-lo a sua própria sorte como se nada tivesse acontecido, fugir do local do crime sem prestar socorro, mesmo tendo todo o conhecimento para isso? Que recado essa justiça – que se esconde atrás de leis notoriamente malfeitas – dá às pessoas que estão nas ruas, sejam pedestres ou motoristas? Dá o seguinte recado: pedestres, redobrem os cuidados quando estiverem andando por aí, pois nada e nem ninguém garantirá sua volta para casa são e salvo diante da selvageria das ruas e conivência judicial.

Motoristas, se tiverem recursos para pagar bons advogados, dirijam embriagados em alta velocidade, exponham a vida dos outros a todo e quaisquer riscos, e, se algo der errado, fuja do local do crime e omita socorro, pois, possivelmente terá um desembargador conivente para livrar sua cara.

 
Eustáquio Rodrigues é Servidor Público e Escritor – autor do livro "Um instante para sempre".
 
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