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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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liberdade consentida

Na inauguração da galeria Silva Freire, reeducandos reencontram famílias e recebem certificados

Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito

Fábio Junior Batista Pires (reeducando) e sua irmã Luzineide Batista Pires

Fábio Junior Batista Pires (reeducando) e sua irmã Luzineide Batista Pires

Aconteceu na noite da última terça-feira (22) a inauguração da Galeria Silva Freire, na sede da OAB/MT, com obras oriundas do projeto ‘Liberdade Consentida’, que ofereceu oficinas de artes aos reeducandos do Centro de Ressocialização do Carumbé durante três semanas.


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Os reeducandos foram liberados para assistir ao evento, e tiveram a oportunidade de rever parentes e amigos que foram prestigiar suas obras. O projeto foi idealizado em 1985 por Benedito Sant’Ana da Silva Freire, então presidente da OAB, e foi retomado neste ano durante o Circuito Cultural Silva Freire.

Foram ministrados cursos de desenho, pintura e grafitte por André Gorayeb, Babu Seteoito e Hugo Alberto. André, que começou a dar cursos em setembro no Sesc, disse que foi a primeira vez que trabalhou com reeducandos: “A única diferença era a dificuldade pra entrar lá, de resto é a mesma coisa. A aceitação foi ótima e a gente conseguiu ver a evolução clara deles nas três semanas”, conta. “O resultado foi ótimo, a gente tentou incentivá-los a fazer obras autorais, porque eles faziam muitas cópias”.


Reeducandos e equipe da Liberdade Consentida (Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito)

Winkler Teles, diretor do centro de ressocialização, explicou que a iniciativa é importante para ocupar o tempo dos que estão reclusos: “Trabalhar e estudar é importante para tirá-los do ócio e para que eles aprendam uma função”. Além disso, o diretor explica que cada um deles vai receber uma carta de elogio, um certificado e haverá remissão de pena “A cada três dias de trabalho, um a menos de pena”, explica.

Para Marcos Paulo, reeducando que já trabalhava com arte antes das oficinas “é importante aprender e se dedicar pra viver disso, e quando sair ter uma profissão”, afirmou em entrevista ao Olhar Conceito. “Essa é minha paixão, eu quero viver disso quando sair, e dar uma boa vida para minha esposa”. Marcos aprendeu o ofício dentro do Centro de Ressocialização com Eurico, que na época também estava recluso, e atualmente trabalha com arte e ensinar outros reeducandos.


Obra de Marcos Paulo (Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito)

No evento de inauguração foi apresentado, também, um documentário produzido por Sérvulo Neuberger e Giulia Medeiros, feito durante o projeto e com ajuda dos alunos na oficina de Cinema e Vídeo. Estavam presentes autoridades como o Chefe da Casa Civil Paulo Taques, o presidente da OAB/MT Maurício Aude, o Secretário de Justiça e Direitos Humanos Mário Dorilêo e, representando a família Freire, Murilo Silva Freire.

Para Murilo, é inédita a forma como o governo de Mato Grosso trata a cultura e a traz para dentro dos prédios institucionais, como fez com o Palácio Paiaguás. Ele agradeceu também ao presidente da OAB por abrir as porta para uma galeria com o nome ‘Silva Freire’ e disse estar grato por saber que o trabalho de Silva Freire não foi em vão.

Para Babu 78, grafiteiro que também ministrou aulas, a importância era outra: “Acreditar no grafite e na arte como oportunidade e ver o quanto ela é importante”, pontuou. Edimilson Siqueira, um dos recuperandos, concordava: “Essa foi uma grande oportunidade e um começo para outras que teremos lá dentro. E assim podemos mostrar às autoridades que basta acreditar em nós que conseguimos”.

Assista ao documentário:



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