Até mesmo quem conhece a capacidade quase inesgotável do maestro Fabrício Carvalho em se reinventar em cada apresentação ficou surpreso com o espetáculo “
A Nova Música Nova de Mato Grosso”, na noite deste domingo (15), no Teatro Universitário. O casamento perfeito da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) com ritmos alheios ao seu cotidiano, como rasqueado cuiabano, samba, funk e hip-hop, além da Música Popular Brasileira (MPB), apenas evidenciou as digitais de Carvalho.
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Não é por menos que o superlotado Teatro Universitário, com ingressos esgotados desde a antevéspera, tenha aplaudido de pé o final da apresentação de gala. Apenas o final, com os cinco cantando simultaneamente, valeria um novo ingresso. Fabrício Carvalho comandou seus músicos de forma brilhante em perfeita harmonia com os cantores Caio Mattoso, Lorena Ly, DJ Linha Dura, Ana Rafaella e Henrique Maluf.
Cada qual teve oportunidade de apresentar composição própria ou em parceria. Houve até uma criação do poeta Caio Mattoso, agora também cantor, batizada de “
nova música lúdica contemporânea”, pelo maestro Fabrício Carvalho.
Antes de começar o show, entre as principais curiosidades dos presentes, estava em saber como seria o casamento da orquestra com as criações e improvisações do rapper Linha Dura. Pois quem viu, certamente amou e não se arrependeu em ter escolhido o espetáculo para fechar o domingo e iniciar a semana.
Linha Dura utiliza o seu ritmo e suas letras para falar sobre cultura e educação. Também cobra valorização da cultura regional, exige políticas públicas e protesta por arte e cidadania.
O entrosamento foi tal que a interpretação conjunta de “Brasil, mostra a sua cara”, na despedida, dava a impressão de que formam uma equipe trabalhando em conjunto há anos. Final simplesmente apoteótico.
A ideia de valorizar o talento dos artistas mato-grossenses vingou e, no saguão do Teatro Universitário, Fabrício já era assediado com a pergunta: “quando vai ser
A Nova Música de Mato Grosso II”...? Ao lado de Ana Rafaela, Lorena Ly, Henrique Maluf, Linha Dura e Caio Mattoso, o maestro comandou um espetáculo que certamente vai ficar na história na música e da cultura.
A estranha música-peça “
Variações sobre Montanhas”, de Caio Mattoso, foi apresentada ao mundo pela primeira vez. E sua mistura do erudito com pinceladas de MPB tem chance de alcançar novos horizontes.
Ana Rafaela lembrou que milhares de músicos sonham em cantar com uma banda. “Eu nem estou acreditando. Acabo de realizar um sonho”, pontuou Rafaela, neta de mestre China, maior saxofonista de Mato Grosso, e do percussionista Cazé.
Cantora Ana Rafaela se apresenta com a OSUFMT (Foto: Luzo Reis)
Lorena Ly interpretou a canção inédita “O Vento e a Flor”, composta pelo músico Joelson da Conceição, seu marido. Lorena Ly foi classificada por Fabrício Carvalho como a mais bela voz feminina da nova geração.
Já Henrique Maluf é show. Cantou rasqueado com a Orquestra Sinfônica e fechou sua apresentação com samba, em composição genial de Joelson Conceição. Ele acabou de vencer o Festival de Música de Primavera do Leste – PrimaCanta, com a música “Linha de Passe”. Contudo, Maluf arrasou mesmo foi com o rasqueado cuiabano “Corre menino”. Um espanto!
Por mais insensível que seja, nenhum dos expectadores saiu do Teatro Universitário como entrou. Algo diferente passou a permear pensamentos e corações, notadamente sobre o espaço que merece a cultura mato-grossense, em especial a nossa música. E tanto Fabrício Carvalho quanto os músicos que se apresentaram, sem dúvida, plantaram uma semente que tende a germinar e dar bons frutos, em pouco tempo.
