Orquestra do Estado de Mato Grosso encerra na noite deste domingo (29), no teatro Zumira Canavarros, a viagem pela musicalidade brasileira explorada pelo clarinete de Cristiano Alves. A abertura de
Retreta e Gafieira foi na noite passada, dando sequência às apresentações de um ano que deve ser marcado por instrumentos de sopro, após a abertura da temporada 2016 com o trombonista e arranjador Vittor Santos e que ainda tem programado concerto com Carlos Malta, que domina diversos tipos de flauta, saxofones, clarinetes e instrumentos utilizados tradicionalmente por povos indígenas.
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Antes de iniciar a viagem pelo clarinete e a sonoridade brasileira, a OEMT faz uma 'escala' na
Belle Époque, com uma homenagem a Erik Satie, que em 2017 completa 150 anos de nascimento. De acordo com o maestro Leandro Carvalho, a obra do excêntrico compositor e pianista francês apresenta humor característico e um minimalismo que ressalta o “colorido” de cada instrumento.
São executadas
Gymnopédie n. 1 e
Gnossiennes n. 1, originalmente escritas para piano. Neste ano, grandes orquestras de todo o mundo estão homenageando o artista. Para se ter uma ideia de sua relevância influência ainda hoje até mesmo na cultura pop,
Gnosseienne n. 1 foi trilha sonora de produções cinematográficas como
Violent Cop (1989) do diretor japonês Takeshi Kitano e
Chocolate (2000) de Lasse Hallström, com o astro Johnny Depp.
Feita a homenagem ao francês, chega a hora do brinde ao Brasil. Entra em cena o convidado especial da noite, clarinetista Cristiano Alves, doutor em música pela Unicamp e mestre pela UFRJ. Ele explora a musicalidade brasileira por meio do grave, médio, agudo e superagudo do instrumento, transitando pelo choro, seresta, gafieira etc com a “narrativa poética de um instrumento sublime”, segundo suas próprias palavras.
Convidado especial da noite, clarinetista Cristiano Alves/ Foto: Gcom MT - Rafaella Zanol
A apresentação inicia com a estreia de
Fantasia para clarinete e orquestra, de Leonardo Bruno, que reúne clássicos do cancioneiro nacional, em uma obra composta em três movimentos:
Choro, A alma do choro e
O chorinho, numa tradução para a roupagem clássica de músicas que pilares da cultura popular brasileira.
Na sequência,
Divagações, de Vittor Santos, escrita para clarinete, que segundo Cristiano Alves revela o espírito inquieto e criativo do compositor. A execução precede a segunda estreia da noite,
Três cenas musicais brasileiras para clarinete e orquestra, de Paulo Aragão, também dividida em três partes,
Retreta, Seresta e
Gafieira, que disseca o momento vivido pela música brasileira instrumental. O encerramento em grande estilo é com
Cafezais sem fim, do compositor Wagner Tiso, que já vez arranjos para Dominguinhos, Gonzaguinha, Milton Nascimento e MPB-4, por exemplo.
Antes do encerramento do espetáculo, Cristiano Alves relatou a importância da Orquestra do Estado de Mato Grosso no cenário nacional. “Talvez vocês não tenham a noção exata, mas o que é feito aqui repercute diretamente em todo o país, apesar de essa orquestra ser nova, se comparada com algumas do Brasil que já possuem mais de 100 anos. É uma honra muito grande para mim tocar aqui hoje”, agradeceu ao maestro e ao público.
Foto: Gcom MT - Rafaella Zanol
Segunda apresentação
Neste domingo, a segunda apresentação de Retreta e Gafieira acontece também às 20h, no teatro Zumira Canavarros, em anexo à Assembleia Legislativa de Mato Grosso. A entrada pode ser trocada por dois quilos de alimentos. Ela fica disponível duas horas antes do início da apresentação no foyer do teatro.
