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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Streaming leva renda de música digital a superar discos no Brasil

Fãs que ouvem música online, sem baixar mp3 muito menos comprar discos, levam a uma virada inédita no Brasil e dão novo fôlego à indústria musical. Com o crescimento do streaming, a renda da música digital superou a renda física de discos no Brasil de janeiro a maio de 2015. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). O presidente da entidade, Paulo Rosa, diz ao G1 esperar que a tendência siga no 2º semestre, e que 2015 seja o primeiro ano com mais renda digital do que de discos no país.


(CD já ficou para trás e até mp3 está virando passado. Ouvir online é presente e futuro. Veja durante esta semana especial do G1 sobre a revolução do streaming. No 1º dia, fomos às ruas em SP falar sobre o consumo de música.

O streaming permite ouvir música online sem suporte físico (discos) nem precisar guardar arquivos mp3 no computador (download). Desta forma, é possível ouvir uma canção enquanto ela é baixada da internet. A renda de anúncios do YouTube e de assinatura de serviços como Spotify, Rdio, Deezer chega cada vez mais ao Brasil.

A virada do digital, inciada pelas lojas de mp3, como iTunes, e agora puxada pelo streaming, já estava próxima. Em 2014, streaming e downloads já somavam 48% da renda combinada no Brasil, contra 52% de CDs, DVDs e Blu-Rays. A tendência é mundial. Os discos perderam a liderança de vendas nos EUA, em 2011, e na Inglaterra, em 2012.

Serviços de música online são luz no fim do túnel da indústria, afetada pela pirataria desde o início dos anos 2000. Dentro do campo digital, o streaming já rende mais que o download pago no Brasil. Não é por acaso que a Apple, que entrou no mundo da música apostando em vender faixas baixadas pelo iTunes, lançou o serviço de streaming Apple Music.

Ainda há entraves no Brasil. Como o streaming depende da internet móvel, a qualidade do sinal de celular pode ser um problema na hora de ouvir. Para isso, os serviços do gênero possuem modos offline, que armazena algumas faixas no próprio aparelho.


O uso de streaming no Brasil é maior entre os jovens de 15 a 24 anos, diz o estudo ConsumerLab Infocom 2014. A pesquisa foi feita com 3 mil pessoas pela Ericsson no Brasil. Segundo o levantamento, 69% dos internautas disseram fazer streaming de música em 2014. Em 2013, eles eram 59%.

Os dados indicam que sim. No ano passado no Brasil, a renda com discos caiu 15%, enquanto a digital, já liderada pelo streaming, subiu 30%. O rendimento total do setor, que também inclui execução pública e direitos autorais, subiu 2%, e ficou em R$ 581,7 milhões. A ABPD não liberou os números exatos do início de 2015, mas confirmou a liderança do setor digital.

"O potencial do streaming é enorme no Brasil. Temos uma base de cerca de 60 milhões de smartphones, em expansão, e população cada vez mais conectada. O streaming pode ser a principal forma de consumo de música nos próximos anos", diz Paulo Rosa, presidente da ABPD. A entidade reúne filiais brasileiras das maiores gravadoras do mundo.

Ainda não. A própria ideia do streaming ainda é nova, tanto que alguns usuários acham estranho o conceito de "alugar músicas" mesmo tendo dezenas de milhões de músicas à disposição. "Você vê espertinhos falando: 'Legal, vou assinar um mês, baixar tudo e deixar de assinar depois'. Mas não funciona assim", diz Mathieu Le Roux, diretor do Deezer no Brasil.

Nas ruas, o YouTube é de longe o serviço de streaming mais reconhecido. Mesmo sendo gratuito para o ouvinte, ele gera cada vez mais dinheiro à indústria, via anúncios pagos no site. Os serviços por assinatura ainda não são reconhecidos por todos, mas crescem cada vez mais.

Apesar do crescimento, o streaming ainda é novo, e não eliminou de vez a pirataria nem redimiu a indústria. A maior bronca vem de artistas, como Taylor Swift e o grupo Procure Saber (Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros). Eles dizem que o repasse da renda tem sido injusto. As empresas respondem em uníssono às queixas dos músicos: quanto mais o streaming crescer, mas retorno para todos

"O grande desafio é convencer o consumidor, especialmente mais jovem, que o mercado de streaming tem um custo/benefício excelente e que vale à pena pagar, ainda que pouco, pelo acesso irrestrito a qualquer música, em qualquer lugar e a qualquer hora", diz Paulo Rosa. Ele exalta tanto o modelo baseado em acesso gratuito bancado por publicidade, caso do YouTube, quanto os serviços bancados por assinaturas, como Spotify e Apple Music.
Arthur Fitzgibbon, executivo da OneRPM, empresa que faz a ponte entre músicos e empresas de streaming, resume: "Tivemos uma geração perdida de pessoas que não sabia consumir música. O repasse ainda é pequeno, mas é uma nova educação de consumo".
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