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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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Fotografia de arquitetura ganha espaço em Cuiabá e arquiteta descobre paixão após demissão

Foto: Arquivo pessoal

Fotografia de arquitetura ganha espaço em Cuiabá e arquiteta descobre paixão após demissão
A arquiteta Mariana Arruda, de 27 anos, se emociona ao falar sobre o sentimento de realização profissional que descobriu ao começar a trabalhar como fotógrafa de arquitetura em Cuiabá. A decisão de investir na nova área de atuação surgiu quando ela foi demitida do escritório em que trabalhava como arquiteta em novembro de 2021, durante a pandemia da covid-19. 

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Desde que começou a se capacitar como fotógrafa de arquitetura e investir em novos equipamentos, ainda mais modernos para poder garantir a entrega das fotos com qualidade, o trabalho de Mariana já foi exposto nas páginas do anuário da Hunter Douglas, multinacional neerlandesa que é líder no ramo de persianas e cortinas. 

Em 2021, de 11 projetos de arquitetura fotografados por profissionais do ramo em Mato Grosso selecionados para o anuário, cinco eram assinados por Mariana. Orgulhosa, a jovem folheia as páginas da publicação, que mostram imagens perfeitamente alinhadas e impecáveis. Ela se emociona ao lembrar de si mesma durante a faculdade quando sequer imaginava os rumos que a vida tomaria. 

“Na faculdade jamais imaginaria que me tornaria isso, porque eu tinha outros planos. Parece que tudo fluiu muito bem, lógico que tem os perrengues e as fases, porque as obras não finalizam sempre todas juntas, então tem épocas muito paradas. No final do ano, por exemplo, com a Copa do Mundo e as eleições, fiquei de outubro a dezembro preocupada com a falta de trabalho. Isso também é uma das questões de ser empreendedora”. 

Ao Olhar Conceito, Mariana explica que a fotografia surgiu como um hobby quando ela tinha 15 anos. Com uma câmera semi-profissional, a jovem gostava de fotografar as amigas ou as festas da família, além de se aventurar no mundo da edição de imagens. 

Paixão pela fotografia acompanha Mariana desde a adolescência, mas se transformou em profissão por acaso. (Foto: Arquivo pessoal)

Já na faculdade de arquitetura, Mariana se lembrou da câmera e da paixão pela fotografia. Foi quando decidiu fazer um curso para aprender sobre as técnicas para fotografar de forma profissional. No primeiro momento, a jovem sequer pensava em trabalhar como fotógrafa e sonhava em ter o próprio escritório quando se tornasse arquiteta.  

“Tinha a câmera semi-profissional desde os 15 anos, mas não sabia mexer de forma mais profunda. Gostava de fotografar, tinha a câmera e decidi fazer esse curso, porque usava no modo automático mesmo. Fiz esse curso, uma amiga me pediu para fazer umas fotos corporativas dela, perguntou quanto eu cobraria, mas eu disse que não iria cobrar, já que ainda não era profissional”. 

Hobby se tornou profissão aos poucos 

Os bastidores do primeiro ensaio fotográfico da amiga foram publicados no Instagram de Mariana e não demorou para que novos possíveis clientes surgissem, já que outros amigos também queriam fotos corporativas. No entanto, a jovem ainda almejava um futuro como arquiteta e ter o próprio escritório. 

A fotografia voltou a aparecer na vida de Mariana quando ela chegou ao último semestre da faculdade de arquitetura. De acordo com ela, é importante que o arquiteto adquira conceitos estéticos para que os projetos sejam valorizados e, por consequência, rentáveis. 

“Começaram a surgir outros clientes, mas ao mesmo tempo eu terminava a faculdade de arquitetura e fazia o estágio no escritório. No último semestre da Univag temos uma matéria de fotografia na arquitetura e isso já me fez pegar outro olhar também. Na arquitetura precisamos ter essa visão diferenciada para foto, porque precisamos valorizar os projetos, então a foto é muito importante, é ela que vende os projetos”. 
 

Mariana se formou no final de 2019, meses antes da pandemia, e foi contratada pelo escritório de arquitetura onde estagiou durante a graduação. Como trabalhava o dia inteiro, ela conta que não tinha tempo para se dedicar à fotografia, que continuou sendo um hobby, apesar dela ter feito pequenos trabalhos como fotógrafa de arquitetura para conhecidos. 

“Em novembro de 2020 fui mandada embora desse escritório e pensei: Meu Deus, o que vou fazer? Era recém-formada, não me sentia preparada para seguir sozinha e ter meus próprios clientes. Ainda tinha aquele frio na barriga de seguir a vida sozinha”. 

A fotógrafa ainda se lembra do sentimento de incerteza causado pela demissão. Como era final de ano, os currículos enviados por Mariana, “para todos os escritórios de arquitetura e construtoras”, nunca tiveram resposta. 

“Como é uma loja de móveis planejados, eles precisam ter fotos do ambiente pronto para poder vender o produto. Ele disse que sabia que eu estava começando, mas queria me ajudar. Perguntou quanto eu cobrava para uma parceria anual. Foi quando pensei: E agora? Vou mudar meu rumo?”. 

Fotógrafa precisou investir em equipamentos e capacitações por prezar qualidade dos trabalhos. (Foto; Arquivo pessoal)

Novas possibilidades 

As novas possibilidades de trabalho causaram pensamentos conflituosos, já que Mariana ainda sentia vontade de atuar em um escritório na execução dos projetos. O mesmo sentimento se repetiria no ano seguinte, quando ela finalmente decidiu suspender o registro no Conselho de Arquitetura para seguir como fotógrafa de arquitetura. 

“Foi uma decisão muito difícil também, porque pensava muito nos cinco anos de faculdade e sentia que estava deixando de lado. Mas foi um processo para entender que continuo sendo arquiteta e isso tem um peso muito grande, porque tenho um olhar diferenciado para a fotografia. Além de dar uma credibilidade maior para o meu trabalho. Foi um processo para eu mesma entender”. 

Depois de muito refletir, Mariana explica que entendeu que a graduação de cinco anos e uma especialização de dois em design de interiores só tinham a acrescentar no trabalho como fotógrafa de arquitetura. 

“As fotos de arquitetura precisam ser muito alinhadas e retas, não pode ter nada torto. Antes de fotografar me preocupo sempre em ver se o ambiente está todo limpo e arrumado, se as cadeiras estão alinhadas, por exemplo. Um fotógrafo convencional não vai olhar muito para isso, vai ter um olhar mais leigo da estética”. 

Dois meses depois de aceitar o trabalho na empresa de móveis planejados, Mariana conseguiu aumentar a clientela. Foi quando ela decidiu investir na capacitação e fez um curso especializado em fotografia de arquitetura em abril de 2021. 

Fotos mostram detalhes dos projetos de arquitetura depois de serem finalizados. (Foto: Arquivo pessoal)

“Comecei a fazer um curso online no Olhar de Arquiteto com um profissional de Bento Gonçalves (MG). Era um curso com aulas gravadas, mas uma vez por semana a cada 15 dias tínhamos uma aula ao vivo. Depois de 20 dias de curso, já senti uma total diferença na qualidade das minhas fotos. Foram aparecendo mais clientes”. 

Aos poucos, a vontade de projetar foi sendo deixada de lado, já que a paixão pela fotografia de arquitetura começou a aumentar a ponto de tomar conta da maior parte dos dias de Mariana. Ela explica que sempre foi apaixonada pelo trabalho de arquiteta, mas conseguiu unir dois amores, já que a fotografia é uma companheira de longa data. 

“Já não estava mais afim de fazer projetos, fazia um aqui ou ali para família, mas já não era algo que me agradava. Realmente me apaixonei pela fotografia. Eu uni duas paixões, porque amo fotografar e a arquitetura é minha paixão. As portas abriram 100%, porque a demanda começou a ser maior e muitas pessoas me procuravam para trabalho”. 

A fotógrafa conta que já não consegue mais contabilizar os projetos fotografados e, para o futuro, espera que o trabalho seja reconhecido em Mato Grosso. Com sorriso que toma conta do rosto, Mariana agora sonha com o próprio escritório como fotógrafa de arquitetura. 

“Já passei de 200 projetos. É uma área que está crescendo. Espero que daqui alguns anos eu seja ainda mais reconhecida pelo meu trabalho. Quero ter meu escritório como fotógrafa de arquitetura, ser reconhecida não só em Cuiabá, mas em Mato Grosso. Hoje somos três fotógrafos no estado e isso é muito pouco”.
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