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Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

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Perna de pau, circo e arte digital: multiartista cuiabana rompe fronteiras com NFTs

Foto: Reprodução

Perna de pau, circo e arte digital: multiartista cuiabana rompe fronteiras com NFTs
Antes de conhecer o universo da arte digital, que foi revolucionado pelas NFTs, a multiartista cuiabana Amanda Homem, de 29 anos, não encontrava subsídios para conseguir se dedicar integralmente à carreira artística. No início, ela precisava conciliar a rotina no ateliê com trabalhos de recepcionista, lojista e representante, algo que chegou a lhe deixar com dúvida se conseguiria um dia se tornar uma artista. 


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NFT significa token não fungível e é uma tecnologia que permite que conteúdos digitais, obras de arte no caso de Amanda, sejam comercializados globalmente em um mercado descentralizado, de maneira exclusiva. Foi assim que a arte da cuiabana rompeu as fronteiras de Mato Grosso. 

“Precisava trabalhar em outros empregos para conseguir pagar as contas e isso foi me gerando muitas dúvidas e angústias. Não tinha certeza se eu conseguiria ser artista algum dia, porque eu estava sempre muito cansada do trabalho pra fazer minhas artes, e no fim das contas eu queria ter mais tempo pra pintar, porque me faz muito bem”. 

Em 2021, quando viu a arte digital como possibilidade, ela conseguiu deixar os empregos para se dedicar integralmente à carreira artística. Amanda explica que, para os leigos no universo digital, NFT é um formato de venda de arte na internet em que as transações de dinheiro são feitas em criptomoedas, que podem ser trocadas por dólares posteriormente. 

“Só em 2021 eu tive um pouco mais de segurança para largar esses empregos que eu detestava e viver integralmente das artes. E o que me deu segurança foi a popularização dos NFTs e o contato com as artes digitais. Eu coloquei a vendas todas minhas artes, que na época era bem analógicas, nas plataformas de NFT, comecei a estudar mais arte digital e criar minha comunidade online, e logo eu tinha alguns colecionadores”. 

Depois de começar a vender as artes digitais nas plataformas de NFT, Amanda conta que conseguiu receber, pela primeira vez, um valor justo pelo trabalho, foi quando decidiu investir ainda mais no universo. 

“O contato com esse nicho também me possibilitou participar de várias exposições pelo mundo e trabalhar com pessoas e projetos muito únicos. Todo esse reconhecimento me fez ter mais segurança na jornada artística, e me fez perceber que eu queria estar atenta às diferentes formas de fazer arte, hoje em dia como multiartista sou movida por essa vontade de investigar diferentes áreas e formas de expressão”. 
 

Alimentar o lado artístico desde criança 

As primeiras memórias de Amanda já envolvem a arte, como quando ela desenhou com giz no chão da sala aos dois anos, ou quando guardou cascas de amendoim torrado para compor o desenho de uma árvore. Apesar de afirmar não ser de uma “família de artistas”, o lado artístico da cuiabana sempre foi alimentado pela mãe. Além da arte digital, Amanda também se dedica às artes circenses e se tornou uma das pernaltas de Cuiabá desde que começou a andar de perna de pau no coletivo Seriemas. 

“Minha avó paterna, ela era artista, a ‘vó Teinha’, mas eu não a conheci, ela pintava pano de prato, fazia bordado. Tenho duas telas dela aqui em casa e além disso minha mãe me ofereceu bastante espaço para alimentar meu lado artístico. Eu não sou de uma família de artistas, mas sinto que na minha família todos são muito criativos, em diferentes áreas, e isso me inspira bastante”. 

Em 2016, Amanda ainda cursava arquitetura, mas já estava insatisfeita com a quantidade de matérias de sistemas estruturais e cálculo, que não permitiam explorar a criatividade que carrega dentro de si. Foi durante uma mobilidade acadêmica em Porto Alegre (RS), naquele ano, que ela se apaixonou pelas artes visuais. 

“Foi muito transformador porque eu me apaixonei logo de cara por pintura, e enxerguei um caminho profissional através do trabalho criativo. Quando voltei, resolvi trabalhar nessa ideia de ser artista”. 
 

Inspiração no cerrado e em situações cotidianas 

Nas pinturas e desenhos, Amanda costuma se inspirar nas situações cotidianas que a rodeiam, mas seu olhar artístico também encontra  arte nas formas da natureza do cerrado, no universo feminino e nas emoções. 
Desde 2022, ela divide ateliê com o namorado, André Gorayeb, que também desbrava o universo da arte digital.

“Tem muitos artistas que me inspiram também, em especial aqueles que são meus amigos, ao longo desses anos tive oportunidade de conhecer uma galera massa que tá correndo atrás do seu role e entregando trabalhos incríveis, incluindo meu namorado, o Gora, ele também é artista, moramos juntos e nos incentivamos sempre”. 



Para Amanda, uma das maiores dificuldades enquanto artista e mulher em Cuiabá foi a ausência de oportunidades. No começo, ela sentia falta de ser convidada para trabalhos e exposições, algo que poderia proporcionar conexões.

“Também me senti meio frustrada em alguns momentos pela falta de reconhecimento financeiro, de ser paga de maneira justa e ter condições de trabalho legais ao ser contratada. Sempre me senti mais respeitada trabalhando com outras mulheres do que trabalhando com homens”. 

Ainda neste ano, a artista vai começar a graduação em Design de Animação, mais uma área que começou a se aventurar recentemente. Neste ano, ela criou as animações do clipe  “Sonhos no jardim do agora”, de Mariana Borealis. Amanda resume, enquanto estiver viva, quer fazer arte. 

“Quero que minha arte vá longe, para que eu também possa ir através dela. Para esse ano tenho projetos bem legais em andamento, vou iniciar minha graduação em Design de Animação, dirigir e atuar em um pocket show de circo com o coletivo de pernas de pau Seriemas de Mato Grosso, dar minhas aulas de pintura na Galeria Mandala e Aulas de tecido acrobático na Escola Circo Leite de Pedras. Fora isso, estou planejando meu primeiro curta de animação e uma exposição solo com realidade aumentada. Fora esses trabalhos na vida real, pretendo seguir sendo artista NFTeira e alimentar meu ecossistema digital”.
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