O artista visual Renato Medeiros inaugura "Paisagens Ásperas", em 7 de março, no Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT (MACP), a partir das 19h, em em parceria com o Labirinto Espaço Criativo. Com curadoria de Jeff Keese e texto de apresentação de Luiz Marchetti, a exposição apresenta cerca de 50 trabalhos produzidos em técnicas mistas, especialmente envolvendo desenho, pintura, fotografia e processos digitais.
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A exposição convida o público a pensar diferentes modos de percepção da paisagem. "A natureza não é paisagem em si mesma. É o olhar humano que apreende visualmente uma porção do espaço e a emoldura como paisagem, ou seja, ela é um recorte da realidade", completa o artista.
Diante de cenários extremos e hostis vivenciados no âmbito climático, na esfera política ou nas práticas sociais, é cada vez mais difícil não enxergar paisagens ásperas, sejam elas naturais, urbanas ou simbólicas.
Esse é o fio condutor da proposta curatorial, posicionando a paisagem e seus aspectos materiais e simbólicos como ponto de articulação de trabalhos desenvolvidos entre os anos de 2017 e 2024, a partir de múltiplas motivações e processos que dizem respeito a diferentes começos.
Paisagens Ásperas é, sobretudo, uma exposição de começos, de cosmogonias, de fundação de espaços subjetivos para o nascimento de um artista. "Percebi que todos os meus começos estavam relacionados a um certo esforço de controle do espaço e esse tem se tornado meu objeto de pesquisa artística. Agora chegou o momento de apresentar esses diferentes começos que estão me ajudando a fundar uma atmosfera visual", declara Renato.
O projeto foi contemplado pelo edital Viver Cultura, da Secretaria de Estado da Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) e está estruturado em 5 eixos: Arquipélago, Cosmogonias, Arquiteturas Hostis, Partilha e Miragem. A expografia, assinada por Douglas Peron, busca fundar um arquipélago na galeria do MACP, posicionando cada eixo como uma ilha expositiva desse arquipélago.
Sobre o artista
Natural de Maceió (AL), Renato Medeiros mora e trabalha em Cuiabá desde 2020. É doutor em Arte Contemporânea pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade de Brasília e participou de exposições em Cuiabá, Rio de Janeiro e Brasília. Em 2021, foi premiado em 1º lugar na categoria Pintura, pelo 26º Salão Jovem Arte MT.
Em 2022, tornou-se membro fundador do Labirinto Espaço Criativo, local dedicado à pesquisa, criação artística e formação em artes, na região central de Cuiabá. Em 2023, fez sua estreia como curador na Galeria Arto, com a exposição coletiva Mapas de Calor: Arte Digital em Altas Temperaturas, estabelecendo diálogos entre arte, calor e tecnologia.
O artista desenvolve suas criações principalmente a partir da pintura e do desenho, explorando a sobreposição de camadas como recurso para a criação de texturas e paisagens imaginadas. Não há o compromisso de retratar lugares conhecidos ou de enquadrar um ângulo do mundo real. Sua poética está interessada principalmente em instituir outras realidades, a partir da dimensão material proporcionada pelo espaço pictórico.
Grande parte do recorte apresentado na exposição resulta de processos artísticos vivenciados durante a pandemia de COVID-19 e às queimadas que assolaram o cerrado e o pantanal em 2020. Para atravessar os dias de distanciamento, o artista fez de seu espaço restrito uma paisagem idílica, livre de ameaças externas.
A metáfora da ilha surge, então, como esforço inventivo para fundar lugares seguros que permitissem vivenciar o isolamento, distante do cerco de más notícias. É desse estreitamento que nasce, por exemplo, o interesse do artista em adotar condimentos e utensílios de cozinha em seus processos de criação.
Ao longo dos meses, essas paisagens imaginadas foram compondo um arquipélago de texturas, formas, símbolos e tensões visuais que serviram de refúgio, cercando o artista daquilo que o constituía como sujeito.
Mediação e acessibilidade
O projeto compreende ainda um programa educativo que oferecerá ações de formação em artes visuais, como visitas mediadas e oficinas de desenho em giz pastel. As ações promoverão diferentes modos de conceber paisagens a partir do olhar do público.
Assim, por meio da abordagem pedagógica, será possível estruturar um chamado à reflexão e ao diálogo entre as artes visuais e temas associados à exposição, entre eles a paisagem como assunto na prática artística, a textura visual e os efeitos do Antropoceno.
Para ampliar a acessibilidade de público, estão previstas ainda audiodescrições poéticas de obras dos 5 eixos expositivos, produzidas e interpretadas pelo poeta, escritor e ator Caio Ribeiro.
Serviço
Exposição Paisagens Ásperas
Abertura: 7 de março de 2024
Hora: 19h.
Local: Museu de Arte e de Cultura Popular – MACP UFMT
Endereço: Av. Edgar Vieira, s/n, Boa Esperança, Cuiabá-MT.
Telefone: (65) 3615-8355
Aberto ao público. Entrada gratuita.
Visitação: de 8 de março de 2024 a 25 de abril de 2024.
Horário: das 8h às 12h e das 13h30 às 15h30 (segunda a sexta-feira).