Olhar Direto

Sexta-feira, 05 de julho de 2024

Notícias | Cidades

Desabastecimento descartado

Número desenfreado de mortes faz preços de caixões dobrarem; funerárias descartam uso de contêineres para corpos

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Número desenfreado de mortes faz preços de caixões dobrarem; funerárias descartam uso de contêineres para corpos
O número desenfreado de mortes causadas pela Covid-19, principalmente nesta segunda onda, fez o preço das urnas funerárias praticamente dobrar. As concessionárias de Cuiabá e Várzea Grande explicam que estão preparadas para atender a população neste momento tão doloroso, e possuem um bom estoque, já que estavam sendo avisadas de uma possibilidade de novo aumento de casos desde dezembro. A principal dificuldade tem sido achar insumos (luvas, materiais de EPIs, máscaras, etc) que também tiveram aumento e sumiram das prateleiras. Além disto, descartam a utilização de contêineres para guardar corpos.


Leia mais:
Taxa de ocupação de UTI de 13 hospitais públicos chega a 100%; 62 mortes nas últimas 24h
 
A Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif) fez, em março do ano passado, uma reunião com os fabricantes e fornecedores de insumos, já prevendo os estragos que a pandemia faria no país. Naquele momento, foi feito uma estimativa em cima de dados de outros países, que já estavam passando pelo pico da Covid-19.
 
“Peguei aqueles números e fiz uma programação com meus fornecedores, jogando uma margem acima dos atendimentos de outros países, onde estava acontecendo o pico. Joguei 20% acima e conseguimos atender com a mesma equipe praticamente. Cuiabá foi uma das capitais que não enfrentou problemas no setor funerário e conseguimos atender bem a demanda”, explica ao Olhar Direto Paulo Mendonça, dono da funerária Santa Rita.
 
Nilson Marques, diretor da Pax Nacional e proprietário da funerária Dom Bosco, explicou à reportagem que desde que foram surgindo os primeiros casos nos EUA e também no Brasil, as empresas foram atrás de produtos para deixar em seu estoque, justamente para evitar que a população ficasse desassistida.
 
“Conseguimos nos antecipar a primeira onda. A Vigilância Sanitária pediu uma reunião conosco, justamente preocupada com cenas como vimos em outras cidades, em que foram necessários contêineres para guardar os corpos. Mas isso não deve acontecer aqui, porque temos funerárias muito bem estruturadas, não são pequenas. Como temos um poder maior de compra, conseguimos estocar urnas funerárias, buscar mais carros no Sul, insumos, entre outros”, explicou Nilson.
 
Segundo Paulo Mendonça, este ano os preços subiram quase 120%. “As urnas funerárias praticamente dobraram de valor. Mais do que isso, os insumos também, como luvas, materiais de EPIs, macacão, óculos. Tem produtos pequenos que chegaram a 160% de acréscimo. Além disto, a disponibilidade também é complicada. Você não acha mais em qualquer lugar, tem que encomendar e demora para chegar”.
 
Nilson fez questão de ressaltar que a população pode ficar tranquila, porque todas as funerárias estão preparadas, caso o pior aconteça. “A única situação, que seria inimaginável neste momento, é se morrerem 50 do dia para a noite e na manhã seguinte morrerem mais 20. Como não pode enterrar à noite, acumularia tudo para o mesmo dia, seria muito complicado. Mas isto não aconteceu até hoje e esperamos que não chegue a isto também. O que existe é um atraso pontual de meia hora, uma hora, por conta da papelada que as vezes sai toda junta e coincidem os enterros”.
 
“Uma coisa que nós pedimos para a comunidade, e pessoas que venham a precisar do nosso serviço é que evitem aglomerar, tenham paciência. Nestes dias, os cemitérios estão muito movimentados. Os horários são feitos só durante o dia e muitas vezes há movimentação maior. É algo que não depende apenas de nós. Depende de documentação, as vezes acaba que acumulam os horários de sepultamento em um tempo muito curto.  Estamos vivendo uma realidade que preocupa, nós estamos aqui para amparar, atender bem, com humanização e estrutura para que tudo ocorra da melhor maneira, dentro do que for preciso”, completou o empresário Paulo Mendonça.
 
O presidente da Associação dos Fabricantes de Urnas do Brasil (Afub), Antônio Marinho, disse em entrevista ao UOL que já falta matéria-prima para as fábricas. "[Estão em falta] Principalmente o MDF [painel de madeira], o TNT [tecido não tecido, feito de polipropileno] e o aço. Esses produtos sumiram do mercado", ele diz, acrescentando que, caso a situação persista, será inevitável um desabastecimento pontual em diversas regiões.
 
O empresário explica que, historicamente, as fábricas brasileiras de urnas produziam cerca de cem mil unidades por mês. Com a pandemia de covid-19, houve um aumento de aproximadamente 20% na produção.
 
A Afub, que reúne as 15 maiores fabricantes de urnas do Brasil e detém cerca de 70% do mercado nacional, enviou na quinta-feira (11) um comunicado às cerca de 13 mil funerárias do país elencando os 15 principais itens utilizados na fabricação de caixões e os percentuais de aumento de preço que esses produtos tiveram, entre eles embalagem de papelão (aumento de 308%), espuma (160%) e ferragens (144%).
 
Terceira geração à frente da Godoy & Santos, Marinho explica que a empresa, que tem 150 empregados, ampliou em 20% a produção, desde o início da pandemia. Atualmente, saem de suas linhas de produção cerca de 15 mil urnas funerárias por mês.
 
Segundo ele, a empresa fabricava 35 modelos de urnas, que iam do básico até o super-luxo. Atualmente, a Godoy & Santos restringe a produção a três tipos: popular, intermediário (produzido para as operadoras de saúde e planos funerários), e luxo.
 
A Fábrica de Ataúdes Nossa Senhora do Carmo, em Palmeira (PR), a 82 km de Curitiba, diz que não tem condições de atender novos clientes em um prazo inferior a 60 dias. Com dez empregados nas linhas de produção, a empresa aumentou também em 20% o volume de produção e fabrica, atualmente, 400 urnas por mês.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet