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Quarta-feira, 03 de julho de 2024

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Jogador diz ter sido ameaçado por vice do Cuiabá: "sei onde você mora"; clube diz que dirigente defendeu honra da instituição

Foto: Reprodução

Jogador diz ter sido ameaçado por vice do Cuiabá:
Reportagem divulgada pela jornalista Gabriela Moreira, do Globo Esporte, mostra áudio de uma ação que corre na 1ª Vara Trabalhista de Cuiabá, em que o zagueiro Luiz Gustavo afirma ter sido ameaçado e assediado moralmente pelo vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch. Ele cobra R$ 2,5 milhões do clube, valores referentes a verbas trabalhistas e outras obrigações. A assessoria do 'Dourado' responde que o dirigente "defendeu a honra da instituição"


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No áudio, que dura pouco mais de dois minutos, Cristiano Dresch chama Luiz Gustavo de “jogadorzinho de merda”, “seu quebrado”, “seu bosta”, “vagabundo” e ainda diz: “eu sei onde você mora”, “você tá na minha terra”, “abre essa boca sua de novo aí pra cê ver, seu vagabundo”.



Confira abaixo a reportagem completa do Globo Esporte:

Em meio à tentativa de encontrar um treinador, após ter demitido Alberto Valentim no sábado, o vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, tem mais uma dor de cabeça. Em ação que corre na 1ª Vara Trabalhista de Cuiabá, o zagueiro Luiz Gustavo afirma ter sido ameaçado e assediado moralmente pelo dirigente. Ele cobra R$ 2,5 milhões do clube, valores referentes a verbas trabalhistas e outras obrigações.

A ameaça que teria sido feita pelo dirigente está gravada, e o áudio foi anexado ao processo (assista ao vídeo acima). De acordo com a ação, no último dia 21, por intermédio de um funcionário do clube, o atleta conversou por telefone com o dirigente. O motivo da ligação seria a recusa de acordo entre o atleta e o departamento de Recursos Humanos do clube. Luiz Gustavo, que já defendeu o Vasco, não teve seu contrato continuado após lesão e foi desligado do Cuiabá.

O Cuiabá, via assessoria de imprensa, confirmou que o vice-presidente do clube teve uma "conversa ríspida" com o atleta, mas afirma que "jamais teve a intenção de ameaçá-lo ou assediá-lo e justifica sua atitude como um ato isolado de defesa à honra da instituição".

No áudio, que dura pouco mais de dois minutos, Cristiano Dresch chama Luiz Gustavo de “jogadorzinho de merda”, “seu quebrado”, “seu bosta”, “vagabundo” e ainda diz: “eu sei onde você mora”, “você tá na minha terra”, “abre essa boca sua de novo aí pra cê ver, seu vagabundo”.

Os trechos acima foram retirados da íntegra da conversa que foi anexada aos autos da ação. De acordo com o processo, neste dia, por precaução, Luiz Gustavo decidiu dormir num hotel numa cidade próxima a Cuiabá e no dia seguinte voltou para São Paulo.

Antes de deixar a cidade, após o diálogo com Cristiano Dresch, o jogador registrou a ameaça na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Cuiabá, conforme documentos anexados aos autos do processo.

Procurado pelo ge, o Cuiabá emitiu nota (leia a íntegra ao fim desta reportagem) na qual confirmou o diálogo entre Dresch e Luiz Gustavo. O texto faz críticas à postura do zagueiro durante sua passagem pelo clube.

"Após ver seu clube chamado inúmeras vezes pelo jogador de “time de merda” e “time pequeno”, depois de 12 anos de sacrifício para conquistar uma vaga na elite do futebol brasileiro, Cristiano Dresch confirma que teve uma conversa ríspida com Luiz Gustavo. O dirigente, no entanto, afirma que jamais teve a intenção de ameaçá-lo ou assediá-lo e justifica sua atitude como um ato isolado de defesa à honra da instituição", diz trecho da nota.

O blog procurou os advogados do jogador, Filipe Rino e Thiago Rino. Eles não quiseram comentar a ação, mas emitiram nota em que negam as acusações feitas pelo clube. O texto diz que, com as críticas a Luiz Gustavo, o Cuiabá "tenta desviar o foco do seu descumprimento das normas legais". Leia a íntegra da nota ao fim desta reportagem.

Entenda a ação

Luiz Gustavo era atleta do Vasco e foi emprestado ao Cuiabá em 2019. Ao fim do contrato de empréstimo, o clube mato-grossense decidiu contratá-lo em definitivo, com novo vínculo a partir de setembro do ano passado. Três meses depois, no entanto, ele sofreu uma lesão, em jogo contra o Luverdense, e precisou ser operado no joelho esquerdo.

Durante o período de recuperação, Luiz Gustavo passou a receber pelo INSS, com rendimento que caiu para cerca de 10% do que recebia antes. Os advogados do atleta afirmam no processo que o Cuiabá descumpriu a lei ao não manter o vínculo com o jogador, com o retorno das suas atividades no clube, encerrado o período de vigência do afastamento pelo INSS. Eles também questionam o fato de o Cuiabá não ter seguro por acidente de trabalho, conforme determina a Lei Pelé (9.615/98).

Destaca-se que as incertezas sobre seu futuro, a diminuição de sua renda bruscamente justo no momento em que mais precisava (acidentado), somados aos abalos psicológicos sofridos com o acidente de trabalho, desencadearam avançado nível de stress. O Reclamante procurou ajuda de um psicólogo, que descreveu em seu Laudo Psicológico que o Reclamante está com Transtorno de Ansiedade, desencadeado por elevado nível de Stress em decorrência do ambiente de trabalho”, escreveram na ação os advogados do atleta.

De acordo com o processo, após cinco notificações extrajudiciais enviadas pelos representantes do atleta, o clube ofereceu um acordo de indenização, no valor de R$ 400 mil, mas a quantia não foi aceita.

Leia a íntegra da nota do Cuiabá

"A respeito do atleta Luiz Gustavo, o Cuiabá Esporte Clube e o vice-presidente Cristiano Dresch vêm a público esclarecer os seguintes pontos:

1)Desde o início do seu contrato, o atleta Luiz Gustavo cometeu diversos atos de indisciplina e teve pelo menos três discussões acaloradas com funcionários, membros da comissão técnica e diretoria do clube;

2)Um dos episódio de violência e insubordinação ocorreu em 25.01.21. Após tentar levar documentos de seu prontuário que deveriam permanecer no clube, o jogador quis rasgar o exame periódico, tentou tirar o laudo à força da mão da médica Lívia Borges de Souza, xingou a profissional e saiu chutando a porta da sala. Após ser contido pelo então supervisor Daniel Freitas, falou em tom de ameaça ao superior: “se você quiser me ver mais bravo do que estou, não chega perto de mim”; tanto a médica como o ex-supervisor do clube estão à disposição do Grupo Globo para corroborar os fatos descritos;

3)A conduta antiprofissional e inadequada do atleta pode ser ratificada também por vários de seus ex-companheiros e ex-superiores no clube e resultou em multa por infração disciplinar, conforme documento anexo;

4) Após ver seu clube chamado inúmeras vezes pelo jogador de “time de merda” e “time pequeno”, depois de 12 anos de sacrifício para conquistar uma vaga na elite do futebol brasileiro, Cristiano Dresch confirma que teve uma conversa ríspida com Luiz Gustavo. O dirigente, no entanto, afirma que jamais teve a intenção de ameaçá-lo ou assediá-lo e justifica sua atitude como um ato isolado de defesa à honra da instituição. Pouco antes da discussão, Luiz Gustavo havia reclamado na sala de fisioterapia, na presença de 12 pessoas, que havia “muita gente falsa” no clube e incitou seus companheiros a não seguirem os protocolos médicos;

5)Sobre a ação na Justiça, o Cuiabá reitera que quitou todas as suas obrigações contratuais, como é praxe desde sua fundação, e que rebaterá todas as acusações na Justiça"

A assessoria enviou, também, a cópia de uma multa que o atleta teria levado, no valor de R$ 500, por se recusar a tirar os brincos durante as sessões de fisioterapia.



Leia a íntegra da nota dos advogados de Luiz Gustavo

"1. A agremiação tenta desviar o foco do seu descumprimento das normas legais. Mesmo que o Luiz tivesse cometido os supostos atos e insubordinação, isso não seria motivo para as ameaças proferidas pelo VP do clube (Eu sei aonde você mora, você está na minha terra) e muito menos os xingamentos e tentativa de desqualificação do atleta.

2. Se houve algum ato de violência ou insubordinação, porque o clube JAMAIS advertiu por escrito o atleta e jamais suspendeu seu contrato de trabalho? Ora, a CLT é bem clara ao tratar sobre a matéria: se há ato considerado como falta grave, deve a empresa advertir por escrito ou dar suspensão. E isso jamais ocorreu, pois o Luiz jamais cometeu tais atos.

3. Luiz Gustavo tem mais de 10 anos de carreira, atuando por clubes como Palmeiras, Avaí, Vasco, Guarani e Vitória, deixando sempre grandes amigos e sempre respeitando seus colegas de trabalho. O atleta é querido por todos os lugares onde passou, sendo conhecido por ser atleta calmo, tranquilo e respeitador.

4. Luiz Gustavo jamais desqualificou o Cuiaba, e muito menos proferiu as palavras que a falaciosa nota do Cuiabá menciona. A afirmação da suposta conversa ríspida é risível, vez que na gravação se ouve apenas uma parte agredindo a outra, apenas Dresc ameaçando o Luiz Gustavo, xingando-o e tentando desqualificá-lo.

5. A tentativa de imputar falsos atos ao Luiz Gustavo é medida desesperada de quem o ameaçou sem nenhum motivo. Lembrando que o Código Penal (artigo 138) diz que comete criem quem Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Calúnia

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

6. Por fim, desde Janeiro de 2021 o Luiz Gustavo não recebe suas verbas do clube, que também se negou a prorrogar seu contrato de trabalho em virtude da estabilidade provisória, mesmo após 5 notificações extrajudiciais."


 
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