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Quinta-feira, 15 de agosto de 2024

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restos mortais são procurados

'Conversa fiada dizer que sem corpo não há crime', crava delegado sobre caso de quatro maranhenses mortos em Cuiabá

Foto: Olhar Direto

'Conversa fiada dizer que sem corpo não há crime', crava delegado sobre caso de quatro maranhenses mortos em Cuiabá
Mesmo sem localização de quatro corpos, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) conseguiu prender criminosos envolvidos na morte dos maranhenses sequestrados no bairro Jardim Renascer, em Cuiabá, no dia 2 de maio de 2021. Para o delegado responsável por conduzir o caso, Caio Albuquerque, é uma falácia afirmar que quando “não há corpo, não há morto”.


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“É uma investigação bastante complexa porque não temos ainda os corpos. Mas nem por isso a polícia e a segurança pública vai ficar inerte. Temos tantos casos que mesmo sem corpo as pessoas foram processadas, presas e responsabilizadas. Usando o português claro, conversa fiada dizer que sem corpo não há crime. Isso é uma falácia. Sem corpo, há crime. Por isso foram pedidas as prisões e foram prontamente deferidas com aval do Ministério Público”, afirmou em coletiva de imprensa sobre a Operação Kalypto, deflagrada para cumprir 18 ordens judiciais contra os envolvidos nas mortes.

“Se o homicida planejou o “crime perfeito”, escondendo o cadáver, essa ação não deve e não pode em hipótese alguma restar impune. O entendimento de que somente o corpo da vítima é prova hábil a comprovar a materialidade do delito em comento é inadmissível, ultrapassado, retrógrado...”, frisa Albuquerque. 

Tiago Araújo, 32 anos; Geraldo Rodrigues da Silva, 20 anos; Paulo Weverton Abreu da Costa, 23 anos; e Clemilton Barros Paixão, 20 anos, foram levados de dentro da casa onde moravam por bandidos que estavam em três veículos. Desde então, eles nunca mais foram vistos e a Polícia Civil não tem dúvidas de que eles estão mortos. Tiago e Geraldo eram irmãos, Clemilton cunhado deles e Paulo era amigo dos três.

“Caso seríssimo, caso preocupante, e que mostra o poder das facções e até que ponto eles chegam para demonstrar a dominação territorial. As investigações seguem aí para aclarar todo o rol de autores, que não se limitará só nos que até em algum momento estão presos”, acrescentou.

Após serem sequestrados, os trabalhadores passaram pelo ‘tribunal do crime’ e foram condenados à morte por supostamente conhecer membros das facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Bonde dos 40, no Maranhão. Paulo morreu decapitado, enquanto Tiago teve três dedos amputados e faleceu em decorrência de um tiro no peito. A ação teria sido filmada pelos criminosos, mas a família e a Polícia nunca tiveram acesso ao conteúdo. Geraldo e Cleiton foram mortos com tiro na nuca.

Sem os restos mortais, a família não teve oportunidade de enterrar e dar o último adeus aos entes queridos. “Eu sempre falo que as pessoas têm que se colocar um pouco na pele da família que está querendo velar ao menos os entes queridos. Então quem saiba onde estão esses quatro maranhenses, denunciem, colaborem, para que a polícia chegue o mais rápido possível a esse palco dessa execução, dessa carnificina que fizeram. Tudo indica que foi de crueldade manifesta e o que fizeram com essas quatro pessoas e digo mais, não é porque uma pessoa tem passagem e ainda que se ela for faccionada em outro estado, que ela tem que ser condenada à morte”, frisa Albuquerque.
 
Das 18 ordens judiciais, nove são mandados de prisão e nove de busca e apreensão. A Operação Kalypto é resultado de quase dois anos de uma minuciosa investigação com depoimentos colhidos além de Mato Grosso, in loco nos estados do Maranhão e Goiás.

“Durante esses quase dois anos de investigação muitas diligências, oitivas, provas técnicas demonstraram e colocaram cada um dos envolvidos no cenário dos fatos. Boa parte, inclusive no palco do sequestro”, salienta o delegado.

Entre as provas citadas pelo delegado estão o monitoramento de tornozeleira eletrônica dos investigados, com confirmação de presença no local de crime através de perícia da Politec, contradições nos depoimentos dos envolvidos que, entre outras coisas, diziam não se conhecer mesmo sendo patrocinados pelos mesmos advogados. 



Os alvos foram presos na operação são: Vinícios Barbosa da Silva (Melancia), de 28 anos; Cleiton Ozorio Carvalho Luz (Mané), de 38 anos; Cleison Thiago Xavier dos Santos Luz, de 23 anos; Marcelo Wagner Cruz de Oliveira (Macaco ou índio), de 34 anos; Igor Augusto da Silva Carvalho (Barbado), de 27 anos; Wanderson Barbosa da Cruz, 37 anos; e Erickelly de Jesus Albernaz, de 21, filha do ex-chefe do tráfico na região do Pedregal.

Estão foragidos: Leondas Almeida de Jesus (Léo Maconha), de 25 anos; e Gabriel Ítalo da Silva Costa (Torto), de 28 anos. Léo Maconha é um dos principais líderes da facção criminosa Comando Vermelho no bairro Renascer e região. 

Os investigados responderão pelo homicídio com três qualificadoras: impossibilidade de defesa, motivo torpe e meio cruel - além de ocultação de cadáver, sequestro e integração de organização criminosa. Do verbo grego, Kalypto significa “cobrir”, “esconder”, “ocultar”, “velar”, em referência aos corpos ocultados.
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