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Quinta-feira, 15 de agosto de 2024

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Emboscada

Filha de 'Maninho' pode ter atraído maranhenses para serem sequestradas e mortos, aponta PJC

Foto: Reprodução

Filha de 'Maninho' pode ter atraído maranhenses para serem sequestradas e mortos, aponta PJC
No dia em que quatro maranhenses foram sequestrados e mortos no bairro Jardim Renascer, em Cuiabá, Erickelly de Jesus Albernaz, de 21 anos, teria atraído Paulo Weverton Abreu da Costa, 23 anos, e Tiago Araújo, 32, com pedido de ajuda para trocar a lâmpada da quitinete onde morava. A jovem, que é filha de “Maninho”, um dos chefes do tráfico de drogas na região do Pedregal, morto em 2015, trabalhava como vendedora em um shopping da Capital.


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Na manhã desta terça-feira (24), a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) deflagrou a operação Kalypto, com objetivo de cumprir nove mandados de prisão e nove de busca e apreensão contra os envolvidos na morte de quatro trabalhadores do Nordeste que estavam em Cuiabá em busca de melhora na qualidade de vida.

A investigação conduzida pelo delegado Caio Albuquerque revela uma possível emboscada, pois logo que os rapazes chegaram à casa dela, os sequestradores apareceram. Erickelly e os maranhenses eram vizinhos e a quitinete é da mãe dela.

Para fazer o serviço elétrico, Paulo e Tiago levaram escada e lâmpada. Enquanto permaneciam nas dependências, Geraldo Rodrigues da Silva, Clemilton Barros Paixão, ambos de 20 anos, estavam do lado de fora soltando pipa.

Em dado momento, os sequestradores armados invadiram o imóvel, agrediram as vítimas e fugiram com os quatro maranhenses em três carros. Tiago e Geraldo eram irmãos, Clemilton cunhado deles e Paulo era amigo dos três.

Após serem sequestrados, eles passaram pelo ‘tribunal do crime’ em local ainda desconhecido e foram condenados à morte por supostamente conhecer membros das facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Bonde dos 40, no Maranhão.

Paulo morreu decapitado, enquanto Tiago teve três dedos amputados e faleceu em decorrência de um tiro no peito. A ação teria sido filmada pelos criminosos, mas a família e a Polícia nunca tiveram acesso ao conteúdo. Geraldo e Cleiton foram mortos com tiro na nuca. Os corpos nunca foram encontrados e sem os restos mortais, a família não teve oportunidade de enterrar e dar o último adeus aos entes queridos.

“Ela (Erickelly) foi ouvida três vezes na delegacia, sempre com a mãe dela. Foi feita acareação com outra testemunha também e os depoimentos delas são totalmente mentirosos. Ela diz que ao tempo dos fatos não mais morava nas quitinetes, que as vítimas só foram morar nas quitinetes depois que ela saiu de lá e que mal conhecia as vítimas, que não sabe de nada, só por reportagem”, explica o delegado. “Ela sempre se manteve desacreditada para com as investigações, o que motivou o pedido prisão temporária pelo prazo inicial de 30 dias”.

Pelo comportamento, Erickelly traz para si indicativos de algum envolvimento nos fatos, ainda que a título de menor importância. “Do jeito que está, ela está mais se mostrando como uma pessoa que atraiu as vítimas para dentro das quitinetes naquele momento e nisso os autores entraram e fizeram sequestro”, afirma. “Está nas mãos dela esclarecer se ela é uma pessoa envolvida ou se ela é apenas uma testemunha que lá estava, viu tudo, ficou acuada e com medo de contar”, destacou. 

Denúncia anônima também revelou ameaça contra a vendedora. Apesar disso, ela mantém as versões antigas de que não morava na quitinete a época dos fatos. “Com isso, a Polícia Civil insiste na continuidade da prisão dela, assim como de todos os outros seis (detidos) por absoluta necessidade das investigações. Ressaltando que o compromisso da Polícia Civil é o esclarecimento da verdade, em fazer a justiça. A gente faz justiça esclarecendo a verdade, seja para identificar os autores e seja para identificar aqueles que não tem envolvimento. É para isso que serve a investigação criminal”, finaliza Albuquerque.

Sequestros e mortes

Os quatro trabalhadores desapareceram em 2 de maio de 2021. As vítimas foram identificadas como Tiago Araújo, 32 anos; Geraldo Rodrigues da Silva, 20 anos; Paulo Weverton Abreu da Costa, 23 anos; e Clemilton Barros Paixão, 20 anos. 

A Operação Kalypto é resultado de quase dois anos de uma minuciosa investigação com depoimentos colhidos além de Mato Grosso, in loco nos estados do Maranhão e Goiás.

“Durante esses quase dois anos de investigação muitas diligências, oitivas, provas técnicas demonstraram e colocaram cada um dos envolvidos no cenário dos fatos. Boa parte, inclusive no palco do sequestro”, explicou Caio.

Entre as provas citadas pelo delegado estão o monitoramento de tornozeleira eletrônica dos investigados, com confirmação de presença no local de crime através de perícia da Politec, contradições nos depoimentos dos envolvidos que, entre outras coisas, diziam não se conhecer mesmo sendo patrocinados pelos mesmos advogados. 

Conforme a Polícia, os criminosos responderão por homicídio com três qualificadoras: impossibilidade de defesa, motivo torpe e meio cruel - além de ocultação de cadáver, sequestro e integração de organização criminosa.

Do verbo grego, Kalypto significa “cobrir”, “esconder”, “ocultar”, “velar”, em referência aos corpos ocultados.
 
Os presos na operação foram identificados como:
  • Wanderson Barbosa Da Cruz, 37 anos;
  • Erickelly De Jesus Albernaz, 21 anos;
  • Vinícius Barbosa da Silva (Melancia), de 28 anos;
  • Cleiton Ozorio Carvalho Luz (Mané), de 38 anos;
  • Cleison Thiago Xavier dos Santos Luz, de 23 anos;
  • Marcelo Wagner Cruz de Oliveira (Macaco ou índio), de 34 anos; e
  • Igor Augusto da Silva Carvalho (Barbado), de 27 anos.

Estão foragidos:
  • Leondas Almeida De Jesus, vulgo “Léo Maconha”, 25 anos;
  • Gabriel Ítalo Da Silva Costa ("Torto"), 28 anos.
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