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Terça-feira, 25 de junho de 2024

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PM nega ter agredido defensora e diz que prisão foi dada para evitar complicações em ação de desocupação

Foto: Reprodução

Imagem do exame de corpo de delito (à esquerda) e Imagem enviada pelo Major logo após a prisãoi (à direita)

Imagem do exame de corpo de delito (à esquerda) e Imagem enviada pelo Major logo após a prisãoi (à direita)

O Major Wilson Pereira Padilha Neto, denunciado pela defensora pública Gabriela Beck, por tê-la agredido fisicamente durante a desocupação da Fazenda 5 Estrelas, na região de Novo Mundo (a 744 km de Cuiabá), se manifestou ao Olhar Direto, declarando que toda a ação no local foi conduzida de forma pacífica, e nega as acusações. Ele também enviou imagens que mostram a defensora, supostamente, sem sinais de lesão corporal. 


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O major, que comandava a operação da Polícia Militar para desocupação de cerca de 100 pessoas na área de reintegração de posse, relatou como foi a ação no dia 27 de maio. 

“A Polícia Militar foi acionada, estava ocorrendo uma invasão da terra, que iniciou aí cinco da manhã. Aproximadamente às 13h nós já havíamos controlado e restabelecido a ordem pública. E nessa ocasião, tinha possivelmente 100 invasores, que tinham quebrado a porteira da fazenda, entraram para dentro e estavam construindo barracos no local”, disse o policial. 

“Antes da ocasião, eu utilizei da técnica e da tática policial no que tange o controle dos estudos civis. Cheguei, conversei com as lideranças, algumas não entenderam, não se posicionaram favoráveis à desocupação, elas foram detidas pelo crime de esbulho possessório, os demais invasores saíram pacificamente. Eu não utilizei de disparo de arma de fogo, eu não utilizei de lançamento de granadas lacrimogênios, bala de borracha, não utilizei nenhum artefato, nenhum uso progressivo da força”, complementou. 

Segundo o major, a defensora pública Gabriela Beck chegou no local quando a PM estava concluindo a ação de desocupação. “Ela chegou, ao que tudo indica no seu veículo particular. Parou em frente onde tinha arrebentado a porteira. Parou seu veículo ali. Os invasores que tinham se evadido do local, mas ainda estavam na proximidade, ao ver a defensora pública, ficou nítido, ficou claro que perceberam nela uma liderança, um apoio, começaram a voltar para frente da fazenda, para o local onde eles teriam invadido”. 

Com a chegada da defensora, o major a indagou por qual motivo estaria ali. Gabriela respondeu que não era obrigada a lhe relatar nada, e nem dar alguma satisfação. Além disso, ela falava para os grileiros que não deveriam sair do local, pois era um direito permanecer na terra. 

“Nesse momento, eu dei voz de prisão a ela, porque ela estava incitando a invasão, aí aquela ação da PM que ocorreu de forma pacífica, sem uso de forças, estava comprometida, porque estavam começando a voltar. E se eu não ajo rápido, fazendo a detenção dela, certamente os ânimos que já estavam se exaltando, eu teria complicações”, afirmou o Major Neto.

O policial conta ainda que em seguida Gabriela foi conduzida ao banco traseiro da viatura da PM, com todos os pertences. De lá, seguiu até o quartel, onde também permaneceu com todos os itens pessoais e esteve na presença do comandante regional. Após a confecção do boletim de ocorrência, ela foi conduzida em um veículo descaracterizado da PM.

“Agora, para minha surpresa, foi divulgado na mídia e na ALMT que ela fez um exame de corpo de delito, e acusado lesão no seu pescoço e sua face. Na foto divulgada, eu pude perceber uma vermelhidão na sua face e no seu pescoço, e me causou muita revolta, indignação, porque eu tenho imagens, fotos, vídeos que registraram o momento em que ela sai do quartel da PM e entra na viatura descaracterizada, ela foi entregue na delegacia sem nenhuma lesão corporal”, afirmou o major. 

“Na Assembleia, um deputado também mencionou na tribuna que eu teria espancada a defensora pública, e que eu seria um covarde, ele insinuou duas vezes. Só que eu, oficial que liderou a operação, entreguei a defensora pública na Polícia Civil sem nenhuma lesão, isso eu posso provar por registros, que mandei os policiais fazerem”, complementou.

O Major Wilson Padilha Neto também ressaltou as especializações realizadas dentro da Polícia Militar, como o Curso de Controle de Distúrbios Civis e um para atuação de choque. Segundo ele, toda a técnica e doutrina de controle de civis foi empregada na ação. 

Ainda segundo o policial militar, ele tomou conhecimento do exame do corpo de delito na imprensa. Ele negou veementemente que não ocorreu nenhum puxão de bolsa ou cabelo, como alega Gabriela ao realizar o exame de corpo de delito. 

O laudo pericial do exame foi entregue no dia 07 de junho. O perito responsável atestou que foram identificadas escoriações lineares na região geniana direita, carotidiana direita e infra-hioidiana, que correspondem a áreas próximas ao pescoço de Gabriela. 

“Diante dos achados do exame conclui o perito que a pessoa que se apresentou com o nome de Gabriela Beck dos Santos apresenta vestígios de lesão corporal de caráter contuso”, diz o exame.

Veja o vídeo enviado pelo Major Neto, da condução de Gabriela até a Polícia Civil:




O caso

A defensora pública Gabriela Beck, recebeu voz de prisão enquanto realizava atendimento em uma região próxima a uma área de conflito sobre a propriedade, após ação de desocupação da Fazenda 5 Estrelas. Gabriela Beck é coordenadora do Núcleo de Guarantã do Norte.

Ao buscar os assentados que haviam solicitado a presença da Defensoria Pública no local, via ofício encaminhado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Gabriela Beck pegou seu celular para filmar o relato dos assentados, momento em que recebeu voz de prisão sem que lhe fossem explicados os motivos e de forma irregular, uma vez que só estava cumprindo sua função de colher informações.
 
Ao se negar a entregar o celular para o Major, o mesmo teria puxado os cabelos da defensora e arrancado sua bolsa de forma brutal, machucando seu rosto e pescoço. A defensora foi colocada na viatura da PM e encaminhada à Delegacia Regional da Polícia Civil de Guarantã do Norte, onde foi feito exame de corpo de delito que comprovou as agressões sofridas.

Por meio de nota, o CPT afirmou que os agentes agiram com truculência. "A atuação da polícia contou com uma série de abusos. Mulheres foram revistadas por policiais homens que também agrediram fisicamente os trabalhadores com socos e pontapés, além de celulares apreendidos. Após a tentativa frustrada de diálogo por parte das famílias e agentes, os policiais anunciaram a prisão e encaminharam trabalhadores e agentes para o batalhão da Polícia Militar de Novo Mundo", diz trecho da nota.

Após o resultado do exame de corpo de delito, a defensora irá entrar com uma representação junto ao Ministério Público.

Também foi feita uma representação ao comando da Polícia Militar pedindo que seja instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o major. A Corregedoria investiga o caso.
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