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Terça-feira, 16 de julho de 2024

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Linfoma de Hodgkin

Empresária descobre câncer raro na gestação, supera quimioterapia e celebra chegada da filha: "meu milagre vivo"

Foto: Arquivo pessoal

Empresária descobre câncer raro na gestação, supera quimioterapia e celebra chegada da filha:
Um mês depois de engravidar, a empresária Izabela Pizzato, de 32 anos, começou a sentir enjoos, fraqueza e tosse, mas achou que eram sintomas normais da gestação. Depois de ir ao pronto-atendimento por conta de febre, exames indicaram um grave processo infeccioso e não demorou para que ela recebesse o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, tipo raro de câncer que prejudica o sistema responsável pela imunidade. 


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Quando engravidou pela segunda vez - ela já era mãe de Natalin, hoje com quatro anos -, Izabela estava se recuperando de um acidente que a deixou com as duas pernas fraturadas em uma competição de motocross, esporte que praticava. 

O desejo de engravidar de novo surgiu com a vontade de dar um irmão ou irmã para Natalin. A relação próxima e afetuosa que tem com o seu irmão fez a empresária sonhar que o filho também pudesse construir os mesmos laços de irmandade no futuro. 
"Fiquei quatro meses de cadeira de rodas [por conta do acidente], passei por duas cirurgias e logo depois peguei Covid-19, foi bem difícil, passei muito mal. Isso me fez pensar em dar um irmão para o meu primeiro filho".


"Fiquei quatro meses de cadeira de rodas [por conta do acidente], passei por duas cirurgias e logo depois peguei Covid-19, foi bem difícil, passei muito mal. Isso me fez pensar em dar um irmão para o meu primeiro filho. Amo muito meu irmão, seria injusto. Passei pela reabilitação e no começo de dezembro [de 2021], descobri que estava grávida. Engravidamos no primeiro mês [de tentativa], foi rápido e como planejamos".

Primeiros sintomas 

Ainda no primeiro mês de gestação chegaram os enjoos e a sensação de fraqueza, sintomas comuns da gravidez que, no primeiro momento, não acenderam sinal de alerta para Izabela.

Em dezembro de 2021, a empresária passou por exames, que não indicaram nenhuma alteração. 

"Em janeiro comecei a passar muito mal, muito mal mesmo. Não conseguia comer, sentia um gosto amargo na boca. Tinha muitas náuseas e fraqueza, mas foi indo como se fosse da gestação". 

No final daquele mês, o positivo para Covid-19 pela segunda vez causou preocupação.

A doença chegou com uma tosse persistente e, quando se recuperou, Izabela decidiu ir ao médico para entender o que estava acontecendo, pois poderia ser uma sequela da Covid-19. 

A obstetra afirmou que a tosse poderia ser causada por refluxo, que também pode acontecer durante a
gestação, e a empresária se acalmou. No entanto, algum tempo depois, Izabela percebeu que estava com febre e decidiu procurar um pronto-atendimento. 

Como mora em Barra do Bugres, ela pediu para o marido para que eles fossem para Tangará da Serra em busca de atendimento médico. 

"Quando chegou raio-x o médico já pediu uma vaga na lista de espera de UTI. Falou que eu não sairia de lá e que precisaria ser internada. Disse que eu estava com pneumonia bacteriana e a infecção estava muito alta. Já fiquei internada. Foi um susto, imagina? Gestante de poucas semanas e descubro que tenho que ir para UTI. ". 

Por conta da pandemia, Izabela não podia ter acompanhante no hospital e precisou ficar sozinha. Foram cinco dias sem ter acesso até mesmo ao celular. No segundo dia de internação no quarto, os médicos descobriram que a infecção voltou a subir. A empresária passou por uma tomografia. Foi o início da descoberta do Linfoma de Hodgkin.

"Ele explicou mais ou menos o que estava na tomografia, disse que existia uma chance de eu ter um linfoma. Na hora ele viu que eu fiquei meio perdida e explicou que linfoma era um tipo de câncer. Quando ele falou isso pareceu que o chão abriu, só ficava pensando como manteria uma gestação com, talvez, um câncer. Foi tudo muito rápido". 

Último final de semana antes do tratamento 

Era uma sexta-feira quando foi informada sobre a suspeita de estar com câncer, lembra Izabela, que fez um único pedido para o médico: queria passar um final de semana com o marido e o filho antes de iniciar a jornada de tratamento que tinha pela frente. O desejo foi autorizado, já que não oferecia riscos à saúde dela. 

"Na segunda-feira fui para Cuiabá atrás de atendimento médico. Os primeiros médicos que fui me assustaram muito. Teve uma médica que só faltou dizer que eu teria que escolher entre minha vida ou da minha filha. Para nós isso foi muito difícil. Mas Deus colocou um anjo em minha vida, uma pneumologista que me atendeu durante duas horas". 

Depois do susto inicial das primeiras consultas, a empresária recebeu o acolhimento que precisava e conseguiu juntar força para seguir.

Ainda no consultório, a pneumologista ligou para outras especialistas médicas que Izabela precisaria procurar para o tratamento, como hematologista e cirurgião, que realizou a biópsia. No mesmo dia, ela teve acesso ao resultado, que confirmou o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin. 



"Só conseguia pensar nos meus filhos. Acho que a parte mais difícil é receber o diagnóstico, o processo de saber o que é, como é e buscar pelos médicos. Na hora, ele já falou que eu passaria em uma médica e ela conversaria comigo. Precisava ser forte, meu filho era muito pequeno e precisava de mim. Lutaria pela vida da minha filha. Enxuguei as lágrimas e foi aí que tudo começou". 

Neste ponto da história, Izabela já estava grávida de 16 semanas. A médica a orientou a esperar a gestação chegar em 24 semanas para que o tratamento fosse, de fato, iniciado. Até lá, ela tomaria bombas de corticóide como tentativa de "segurar a doença". 

A empresária conta que os dias foram difíceis e os sintomas pareciam se agravar cada vez mais rápido. Durante a noite, ela não conseguia dormir por conta dos constantes episódios de suor noturno, picos de frio, tosse e coceira pelo corpo. 

Quando a gestação chegou em 19 semanas, Izabela sentiu que havia alcançado o limite do próprio corpo e não conseguiria mais resistir aos sintomas da doença. 

"Falei para a médica que não aguentava mais. Quando liguei ela não conseguia entender o que eu falava, porque eu não conseguia falar, e ela disse começaríamos as quimioterapias. Eu dormia apenas 40 minutos por noite, a última semana antes da quimioterapia foi a mais difícil para mim. Ela explicou que, da forma que estava, estava fazendo muito mais mal para a bebê". 

A primeira quimioterapia 

Com 20 semanas, Izabela passou pela primeira das 12 sessões de quimioterapia que precisaria fazer de 15 em 15 dias. A quimioterapia vermelha é formada por medicamentos que apresentam tons avermelhados, além de ser a mais forte, era o tipo indicado para o câncer da empresária. 

A sessão deixava Izabela de cama por até cinco dias, mas também diminuíam os sintomas do câncer que, até então, estavam sendo agoniantes. Apesar da dureza do tratamento, ela decidiu que iria encarar o processo da forma mais leve que conseguisse.

A cada ultrassom que mostrava a filha bem, Izabela respirava aliviada, agradecia e se fortalecia para seguir. Apesar de ser inevitável sentir medo do que a grande quantidade de medicação para combater ao câncer poderia causar na gestação. 

"A cada ultrassom agradecia por minha filha estar crescendo e se desenvolvendo. Uma gestante não pode tomar remédios, imagina ela passando por tudo aquilo comigo, tomando 5h30 de medicação. Eu tinha muito medo. Tive muita ajuda, de psicólogos, de terapias alternativas, da minha família e principalmente do meu esposo".



Com 35 semanas e ainda no tratamento da quimioterapia, Izabela perdeu a avó, que também lutava contra um câncer. A ligação das duas era especial e elas planejam comemorar o fim das sessões de quimioterapia juntas. O luto foi um baque grande para a empresária e a fez entrar em trabalho de parto no dia seguinte em que a avó partiu. 

"Quando fomos para o hospital, eu só clamava a Deus para me proteger no parto e não deixar nada de ruim acontecer. Quando escutei o chorinho dela... Meu Deus... não consigo nem mensurar a emoção e alegria que foi. A médica me disse que ela tinha chegado e estava tudo bem, foi a melhor notícia da minha vida". 

Milagre vivo 

O alívio de pegar Taiza Vitória nos braços deu fim à incerteza que o Linfoma de Hodgkin causou na gravidez de Izabela, que define a filha como "um milagre vivo". Em 14 de setembro, a empresária passou pela última sessão de quimioterapia. 

Ela precisou retirar nódulos da região subclavicular, pulmão e baço. Com o fim das quimioterapias, Izabela ainda precisa aguardar 30 dias para repetir os exames que vão constatar a ausências das células cancerígenas. 

"É muito difícil, não vou falar que foi fácil. Lembro que pedi para o meu irmão, que é o amor da minha vida, cuidar do meu filho para mim. Sempre acreditei em milagres, hoje tenho um milagre vivo dentro da minha casa, que me deu força e coragem para enfrentar tudo isso", comemora. 
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