Apesar de não falar do Partido dos Trabalhadores com ódio e classificar os parlamentares da sigla como oposição “necessária” e “decente”, o governador Mauro Mendes (UNIÃO) afirmou que sempre foi distante da agremiação e, por isso, faz mais sentido que caminhe com o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro. Sem declarações alinhadas ao presidente, como as que aconteceram durante a visita do capitão a Cuiabá, o governador deixou claro que existem “boas possibilidades” de estar no palanque dele, caso seja candidato a reeleição.
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Mauro citou a vinda de Bolsonaro e disse que sempre procura respeitar todos os poderes, evitando brigas e confusões para poder focar no trabalho. “Eu procuro sempre não criar problemas que não levem à construção de bons resultados. E assim que eu tenho agido nesses três anos, então, com o presidente da República, tenho procurado sempre ter um bom relacionamento. Concordo com muita coisa que ele fala ou faz, discordo de algumas, como é natural que assim seja, como há as pessoas também que discordam de mim e nós estamos caminhando, construindo um projeto de possível candidatura. Ele [Bolsonaro] já colocou-se como possível candidato, e o diálogo continua até as convenções, mas existe boas possibilidades de nós caminharmos juntos”, disse, na manhã desta quarta-feira (27).
Durante a visita do presidente a Cuiabá, Mauro esteve o tempo todo ao lado do presidente e discursou nas duas igrejas onde passaram, a Comunidade das Nações e a Assembleia de Deus. Nesta última, disse com todas as letras que está junto com Bolsonaro para construir um novo caminho para o país em 2022 em menção às disputas eleitorais deste ano. “Nosso estado estará ao lado do nosso presidente para construir uma grande vitória, de Deus, dos cristãos, da Pátria, e de todos aqueles que estão ao nosso lado e ao lado do nosso presidente”, afirmou Mauro Mendes durante discurso no Grande Templo.
Nesta quarta-feira (27), ele reiterou sua distância do PT como uma das justificativas para se aproximar de Bolsonaro. “O PT sempre foi meu adversário aqui do estado do Mato Grosso, eu virei prefeito de Cuiabá enfrentando o PT nas urnas, virei governador de Mato Grosso e PT não me apoiou. Hoje o PT na Assembleia, com dois deputados, são oposição na Assembleia Legislativa. Então eu estou mais distante desse campo que qualquer um outro campo”, sustentou.
Apesar da possibilidade, Mauro talvez tenha que encarar seu partido, o União Brasil, para bancar a escolha. Isso porque nacionalmente a sigla estuda lançar Luciano Bivar como vice de algum dos nomes da chamada “terceira via”. Os partidos que discutem essa aproximação, como MDB e PSDB, no entanto, ainda não se decidiram.
Relação com o PT em eleições passadas
Na primeira eleição a prefeito de Cuiabá que disputou, em 2008, pelo antigo PR (hoje PL) e com apoio do então governador Blairo Maggi, Mauro Mendes tinha como vice em sua chapa a professora Verinha, do PT. O vencedor daquela eleição acabou sendo o hoje deputado estadual Wilson Santos, que era do PSDB e hoje se encontra do PSD.
Dois anos depois, em 2010, Mendes teve o Partido dos Trabalhadores em chapa adversária. Na ocasião, disputou o Governo do Estado pelo PSB contra Silval Barbosa, que acabou eleito em uma aliança entre PMDB e PT. Como o PSB fazia parte da chapa nacional que levaria Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto, Mendes chegou a recepcionar a candidata petista no Aeroporto Marechal Rondon quando ela veio naquele ano cumprir agenda em MT. Apesar do encontro com Mendes, foi para Silval Barbosa que Dilma pediu votos.
Nas duas eleições que venceu, a prefeito de Cuiabá em 2012 e a governador de Mato Grosso em 2018, Mendes voltou a enfrentar o PT. Com o Alencastro em disputa, enfrentou o hoje deputado estadual Lúdio Cabral (PT). Já quando se sagrou governador, competiu com o senador Wellington Fagundes, que montou uma chapa que contava com o apoio do PT.
