Igreja católica no interior de Mato Grosso estaria sendo alvo de perseguição política e o frei responsável sofrendo pressões de empresários e produtores da região. Nessa quarta-feira (27), uma pessoa foi presa em Campo Novo do Parecis (a 400 km de Cuiabá), após arrombar a porta da paróquia e colocar fogo em uma Bíblia. Segundo informações que constam do boletim de ocorrência, nenhum item foi roubado do templo. Além disso, após o segundo turno das eleições, a escalada de violência teria aumentado e uma freira sido perseguida e uma funcionária vítima de roubo nas últimas semanas.
 
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De acordo com BO, os policiais militares receberam denúncia anônima da invasão e dano ao patrimônio religioso, na matriz, localizada na Avenida Brasil, região central do município. Os policiais encontraram o suspeito de 20 anos, nas proximidades e ele teria admitido que arrombou a igreja para roubar o gazofilácio. Além disso, falou também que teria ateado fogo em uma Bíblia, no último dia 23 de outubro.

Para o Olhar Direto, um funcionário que trabalha na igreja e não quis ter o nome divulgado, disse que a paróquia vem sofrendo ‘pressões externas’ e que os ‘ânimos estão exaltados’. Além disso, confirmou que a igreja tem sofrido com vandalizações e roubos recorrentes nos últimos dias.

Olhar Direto tentou contato com o frei, mas as ligações não foram atendidas. Na semana passada, em entrevista a uma rádio local, o Frei Eduardo Canalli da Igreja Católica falou sobre a escalada de violência na região e comentou sobre episódio de xenofobia com um imigrante nordestino no município.

“É com muita tristeza que vemos isso, sabe? Muito triste, porque nós aqui, como uma paróquia franciscana seguimos as pastorais, temos trabalho junto aos movimentos e ver ataques, discórdia, ódio para nós é muito triste. Porque o que está em jogo é o governo do país. Seja quem for que vai entrar, não pode governar apenas para um grupo, mas tem que governar para todos”, disse em entrevista.
 
O frei emendou que a xenofobia é contra os preceitos cristãos. Falou também que durante as eleições, esse ódio veio à tona e que teme por consequências como a morte de pessoas por questões políticos partidárias.

"Ódio gera violência, a violência gera a morte. Se nós tivermos que sepultar alguém morto, assassinado, pela política? As pessoas estão com ódio, essa raiva, essa coisa entre norte e sul. Só o sul trabalha e o Nordeste, não? Usando palavras pejorativas, é muito triste, sabe? Dói no coração da gente. Onde é que está a nossa evangelização? O nosso trabalho pastoral? A mesma coisa pode acontecer dentro de casa: um é vagabundo e o outro trabalha. A gente ouve esses discursos, vídeos que a gente está recebendo a todo instante”, concluiu.
 
Durante a entrevista o pároco reconheceu que seus pontos de vista poderiam gerar ‘muita polêmica’, mas esse é o posicionamento do evangelho. Por fim conclamou para uma reflexão baseada nos preceitos bíblicos. “Estamos defendendo a vida e quando a gente defende a vida, nós precisamos colocar o amor, o perdão, a paz e o bem”.