Olhar Direto

Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Cidades

filho tem doença cardíaca

'Não sabia da gravidade, senão eu mesma teria ido buscá-la', lamenta avó de jovem morta pelo ex em Cuiabá

Foto: Reprodução

'Não sabia da gravidade, senão eu mesma teria ido buscá-la', lamenta avó de jovem morta pelo ex em Cuiabá
A notícia do feminicídio de Emilly Bispo Cruz, de 20 anos, morta com 14 facadas pelo ex-namorado na manhã de quinta-feira (16), na rua perto da quitinete onde morava no bairro Pedra 90, em Cuiabá, pegou os familiares da jovem de surpresa. A avó dela, que prefere não se identificar, explicou que não sabia que a jovem era vítima de violência doméstica. 


Leia também 
Justiça mantém preso frentista suspeito de assassinar a ex a facadas
Frentista deu facadas em regiões vitais do corpo da ex; delegado afirma que suspeito agiu 'para matar'

Ao Olhar Direto, ela afirmou ainda estar abalada com a morte e não quis falar muito sobre o caso. O filho de Emilly, de quatro anos, é diagnosticado com problemas cardíacos e chegou a passar por uma cirurgia. A criança presenciou o crime e estava de mãos dadas com a mãe quando ela foi esfaqueada. 

"Eu estou destruída. Ele [o filho de Emilly] tem problemas de coração, mas está sendo bem cuidado pela avó paterna. Não sabíamos [da violência doméstica], foi uma surpresa. Me parece que só uma amiga sabia". 

O frentista Antônio Aluízio da Conceição Maciano, suspeito de cometer o crime, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva durante audiência de custódia na tarde dessa sexta-feira (17). Antônio está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. 

A avó de Emilly, que mora em Pinhais (PR), explicou que após ela se separar do ex-marido, que é pai do filho dela, optou por morar sozinha. Recentemente, ela havia chamado a neta para visitá-la no Paraná. Com a morte da mãe, a jovem foi criada pela avó e não tinha contato com o pai. 

"Faz pouco temo que estamos morando aqui no Paraná, mas tem a tia e os primos todos moravam perto dela. Ela assim que se separou do pai do filhinho dela, optou por morar sozinha. Incrível, nós estávamos chamando ela para vir para cá, mas não deu tempo. Não sabia da gravidade da situação, senão eu mesma teria ido buscá-la". 

Sem arrependimento 

Apesar do frentista, que confessou o crime em depoimento, ter afirmado que se arrependeu de matar a ex-namorada, o delegado Hércules Batista, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), classificou o suspeito como "frio, impiedoso, calculista e insensível".

"Ele diz que está arrependido, mas pelo trabalho policial percebemos quando alguém manifesta de uma forma espontânea o arrependimento. Frio, calculista, esperou por ela, premeditou o crime, ceifou a vida de uma mulher que tinha um filho, na presença dele, provocando traumas irreversíveis na vida de uma criança". 

O delegado falou sobre a investigação durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (17). De acordo com ele, além de não demonstrar arrependimento, Antônio agiu de forma premeditada, já que pegou a moto de um amigo para ir até a casa da vítima e pretendia viajar para o Pará. 

"Encontramos registros de que ele havia adquirido passagem há alguns dias, pegou a motocicleta emprestada de terceiros, ficou circulando em torno da área. É natural do Pará e havia receio de que ele fugisse. Ele possui uma moto, a irmã dele possui uma moto, mas praticou o crime com a moto empresta de um amigo". 

Na versão do depoimento do suspeito, ele alegou que procurou Emilly para conversar e obter resposta de um pedido de casamento que havia feito há alguns dias. Familiares e amigos da vítima confirmaram à Polícia Civil que a jovem tinha medo de Antônio, que não aceitava o fim do relacionamento. 

"Esse crime não foi praticado por paixão, não foi passional, é um crime frio, premeditado e calculista. Ela estava vivendo a vida dela, ia levar a criança na escola. Já havia adquirido passagem, falado com amigo para pedir a moto emprestado. Não é um crime passional, nem premeditado. É um crime brutal e bárbaro". 

O suspeito também afirmou que teria sido traído por Emilly, no entanto, o delegado ressaltou que há sempre o "hábito" de culpar a vítima. 

"Ele relatou no interrogatório que teve acesso ao conteúdo do celular dela, teria tido acesso a mensagens de outros homens que estariam flertando com ela. Repito: isso não justifica nenhuma prática criminosa, matar uma pessoa porque ela está mandando mensagens. É um crime brutal e merece todo rigor do poder estatal". ​

Agressões, perseguições e ameaças eram constantes 

Hércules explicou que o inquérito policial demonstra que Antônio invadiu a casa da vítima algumas vezes. Emilly morava com o filho em uma quitinete no bairro Pedra 90. Ao Olhar Direto, uma vizinha, que prefere não se identificar, afirmou que a jovem costumava pedir para dormir na casa dela com medo do suspeito. 

"Familiares relataram que ela foi mantido em cárcere privado na casa dele. Era vítima de constantes agressões e ameaças. Obtivemos informações, pelos familiares e vizinhos, que a vítima pediu proteção de amigas e dormiu em outras residências, justamente por medo". 

A Polícia Civil confirmou que Emilly não chegou a registrar boletim de ocorrência contra o suspeito. A amiga explicou que, apesar do medo, acredita que a jovem não imaginava que Antônio cometeria o feminicídio. A faca usada no crime foi apreendida pela DHPP. 

"Foi impiedoso, ela gritou. Ele alega que matou porque ficou com raiva dele ter gritado. Vai responder pelo feminicídio, majorado (pena aumentada) de 1/3 até metade. Está sujeito a pena de 18 a 40 anos de reclusão". 

A Polícia Civil deve concluir o inquérito em dez dias.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

Sitevip Internet