O jovem violinista cuiabano Jhonni Campos, de 23 anos, foi aceito no mestrado em música da Universidade da Georgia, nos Estados Unidos. Apaixonado por música desde a infância, Jhonni iniciou os estudos musicais aos sete anos, como cantor no coral da Associação Arte Cidadã, em Santo Antônio do Leverger (a 34 km de Cuiabá), cidade onde morou até os 21 anos. Sua história com o violino começou aos 14 anos de idade, quando teve suas primeiras aulas do instrumento. Agora, ele luta pra angariar fundos que auxiliarão em sua permanência no mestrado no exterior.
Bacharel em Música pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Jhonni hoje é professor e participa de vários concertos, incluindo em outros estados do país. Recentemente, ele conquistou o primeiro lugar na Competição Nacional Jovens Solistas do Baliseu França, onde apresentou um solo de violino com a Orquestra Sinfônica de Goiânia, na capital do estado vizinho.
Antes de cursar o ensino superior, Jhonni participou do projeto de extensão da instituição acadêmica, o ‘UFMT com a Corda Toda’, que segundo ele foi fundamental para construir a perspectiva formativa do instrumento musical em sua vida.
“Nunca tinha pensado em ser músico antes, porém, em pouco tempo de aula do instrumento, já sabia que aquilo iria me acompanhar pra vida toda, era aquilo que me fazia feliz”, conta ao Olhar Direto.
Mas engana-se quem pensa que o jovem sempre foi apaixonado pelo violino. Primeiro, ele se encantou pelo violoncelo, no entanto, com as aulas do violino, percebeu que conseguiria se expressar mais com ele.
“O violino nunca foi minha primeira opção. Eu sempre me encantei pelo violoncelo, aquele timbre sem igual, e aqueles graves que fazem o chão vibrar sempre tinha me encantado mais, porém em poucos meses de aula de violino, consegui perceber que me expressava mais com o instrumento. Era como se o instrumento gritasse as coisas que eu não conseguia nem mesmo sussurrar. O violino e a música são as coisas fundamentais pra minha vida e pra minha alegria hoje. Não me vejo feliz sem essas duas preciosidades”, explica Jhonni.
Além disso, o programa de extensão o ajudou na preparação para a graduação, deixando a transição de forma mais natural e contínua. “Quando entrei na UFMT pra fazer bacharelado em música, já conhecia o campus e até mesmo alguns professores, graças ao projeto de extensão que abriu as portas da universidade pra mim”.
Jhonni ressalta o quanto é grato por todas as oportunidades que recebeu junto com o ‘UFMT com a Corda Toda, principalmente por meio dos coordenadores Oliver Yatusgafu e Rúbia Naspolini, que o ajudaram em sua trajetória e desenvolvimento artístico.
O professor de violino pôde vivenciar toda as experiências proporcionadas por um curso de ensino superior, se dedicando aos estudos e convivendo com outros alunos em uma universidade pública.
“Sou imensamente grato por ter a oportunidade de estudar numa universidade pública, onde toda a sociedade paga através dos impostos pra que eu possa ter a estrutura para estudar. Um dos motivos que escolhi pra estudar fora é esse, retribuir essa oportunidade que tive, pra que quando eu voltar eu possa contribuir e possibilitar o desenvolvimento musical de jovens músicos como eu, que fui carinhosamente privilegiado”, conta.
Mestrado no exterior
A aplicação, ou processo seletivo de ingresso, para um mestrado em uma universidade americana na área da Música é bastante competitiva, segundo Jhonni. A sua vaga, por exemplo, foi disputada por pessoas do mundo todo, como da China, Coreia do Sul, Espanha, Portugal, Canadá e Chile.
“Com muito esforço e preparo, fiquei entre os três melhores colocados e consegui a bolsa de Assistant Professor na University of Georgia. O processo foi longo e dividido em várias etapas. O principal motivo de eu ter escolhido a University of Georgia é o renomado professor de violino que atua como Franklin Professor (o mais alto grau de reconhecimento a um professor) Levon Ambartsumian”, explica.
Ambartsumian é um violinista armênio/russo que mora nos Estados Unidos há mais de 20 anos. Ele coleciona inúmeros prêmios de competições internacionais e gravações em álbuns. Atualmente, Levon se apresenta nas mais importantes salas de concertos do mundo.
Com os estudos, o jovem cuiabano pretende se tornar um profissional capacitado e competente para poder retornar ao brasil e impulsionar o desenvolvimento musical, especialmente no estado de Mato Grosso.
“Precisamos cada vez mais ter o olhar da música como formação humana e necessária para formar bons cidadãos. Mato Grosso é um estado muito rico mas, quando se trata de cultura, ainda há muito a se fazer. O meu sonho é voltar do mestrado e revolucionar o ambiente musical do meu estado, sonho em ver várias orquestras e muitos concertos por mês. Salas de concerto e teatros lotados, e pessoas tendo o contato com a música, principalmente as pessoas que são mais socialmente vulneráveis”, conta Jhonni.
Ajuda
Como as aulas na universidade já começam no mês de agosto deste ano, Jhonni está com tudo preparado para estadia e matrícula, no entanto, ainda está angariando fundos para os custos de vida no país. Ele criou uma vaquinha online e também está realizando sorteios de rifas. Uma delas está premiando uma TV Samsung Smart 43”, e cada número é vendido por R$ 20.
“As pessoas podem ajudar doando qualquer valor e até mesmo compartilhando essa mensagem de esperança. Para doações acima de R$3.000,00 eu estarei providenciando um recital privado como forma de agradecimento”, disse.
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