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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Relatório aponta alto risco de acidente geológico na região do Portão do Inferno em período de chuvas

Foto: Reprodução

Relatório aponta alto risco de acidente geológico na região do Portão do Inferno em período de chuvas
A Companhia Mato-Grossense de Mineração (Metamat), a pedido da Defesa Civil do Estado, realizou um estudo sobre os riscos geológicos no sítio do Portão do Inferno, localizado no km 44 da MT-251, a cerca de 16 km da cidade de Chapada dos Guimarães. As visitações no local ocorreram entre fevereiro e março de 2022. O relatório final aponta o alto risco de acidente geológico, nível R4, na região, devido ao mal planejamento da rede de drenagem.


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Por se tratar de um dos principais atrativos turísticos naturais de Mato Grosso, o local é parada quase obrigatória para muitos que passam por aquele ponto da rodovia, devido à bela paisagem. No entanto, com o período de chuvas se aproximando, o alerta de perigo deve ser respeitado na região.

O relatório de 44 páginas realizado pela equipe técnica da Metamat identificou diversos processos erosivos, como fraturas e diaclases verticais nos paredões às margens da rodovia, durante o período de estudo, em 2022. Além disso, à época, houve registro de alta incidência de chuva na área de risco. Também foi apresentado o risco de tombamento, também conhecido como basculamento, no topo da escarpa.

A equipe também elaborou uma série de medidas estruturais que deveriam ter sido aplicadas para garantir a segurança na área de risco geológico. Mas, até o momento, nenhuma das propostas foi executada.

A área do Portão do Inferno está inserida no Grupo Paraná, representado pelas formações Furnas e Ponta Grossa. A Formação Furnas aflora numa faixa estreita, com a borda sul escarpada, em contato com rochas dos grupos Cuiabá e Rio Avaí desde a cabeceiras do rio Bandeira.

O mapeamento realizado na região foi feito com auxílio de drone, que mapeou uma área de aproximadamente cinco hectares, modelando toda sua morfologia. O modelamento e processamentos das informações obtidas em campo, permitiram indicar três setores de riscos, seguindo os critérios de conceituação de setorização de áreas de riscos geológicos, sendo eles: movimentação de massa, processos hidrogeológicos e processos hídricos.


Classificação do Portão do Inferno

O sítio do Portão do Inferno é classificado como uma escarpa, um relevo de transição, que tem uma inclinação muito alta. Seu ponto mais alto atinge pico de 50 metros a partir da rodovia adjacente. A MT-251 situa-se na encosta, tendo aproximadamente 80 metros de altura até o seu sopé, que se encontra reforçada por vigas e pilares de sustentação. Ao todo, o Portão do Inferno possui uma altitude de 489 metros.

“A parte da encosta onde foi fixada a estrutura principal da rodovia que se situa abaixo do leito da rodovia, está exposta a processos hidrogeológicos e hídricos, como erosão laminar, intemperismo e enxurradas, que pode vir a comprometer as fundações dessa obra de sustentação da estrada, isto posto que não temos conhecimento de vistorias técnicas para avaliar a estabilidade dessa obra de engenharia, ainda mais por ela se encontrar em local de difícil acesso”, diz trecho do relatório.


Riscos geológicos

Na área, o movimento de massa ocorre como quedas livres de blocos e lascas de rochas, normalmente registrados em encostas íngremes, como as escarpas, e são potencializados por amplitudes térmicas, que concorrem para a dilatação e contração da rocha.

Segundo o estudo, a causa básica deste processo é a presença de visíveis descontinuidades estruturais no maciço rochoso, que pode ser agravado por pressão hidráulica e acúmulo de águas, registrados em épocas chuvosas. Além disso, as quedas de rochas e blocos também podem ser agravadas por ações antrópicas, como por exemplo, ondas e vibrações na rodovia, provenientes do grande tráfego de caminhões.

“A maior parte dos movimentos de massa presentes estão ligados à força gravitacional, como queda de blocos e pequenos escorregamentos. Por ser mal planejada e executada, a rede de drenagem que flui em direção ao Portão do Inferno foi canalizada para passar por baixo da rodovia, o que de certa forma coloca em risco as estruturas de sustentação, associado a mais um fator de risco, no caso um táxon de categoria seis, a erosão”, diz o estudo.

Além do movimento de massa, existem mais dois processos envolvendo esses afloramentos rochosos, que são fatores de risco, no caso, o tombamento e rolamento de blocos. O tombamento, também conhecido como basculamento, pode ocorrer no topo da escarpa, onde se observa fraturas.

O rolamento de blocos, ocorre naturalmente quando processos erosivos removem o apoio da base do talude, condicionando o movimento e rolamento de blocos. Foram  identificados 28 pontos com rolamentos de blocos, provavelmente decorrente da atividade antrópica

Também foram registradas rupturas no asfalto da MT-251 e o deslocamento do guarda-copo, entre a rodovia e o declive do Portão do Inferno. Essa observação indica sinais de movimentação de blocos, representando grande risco geológico.

Outra feição indicativa de risco, são os blocos rolados a beira da rodovia e as feições estruturais observadas no topo da escarpa, com fraturas verticais espaçadas, evidenciando movimentação e desprendimentos de placas de rocha.

Medidas preventivas

O relatório apresentou uma lista de medidas estruturais que deveriam aplicar soluções de engenharia, executando obras com uma gama de possibilidades técnicas de engenharia capaz de garantir a segurança de áreas de risco geológica. Algumas delas foram: obras de contenção; proteção de superfície; sistema de alerta e monitoramento; sistemas de micro e macro drenagem e relocação da rodovia, talvez a mais recomendada devido a presumível intensificação do tráfego de veículos, com o crescimento das cidades.

Também foram apresentadas ações não-estruturais, onde seriam aplicadas medidas relacionadas às políticas públicas: planejamento e gerenciamentos de emergências; campanha de conscientização; planejamento do uso do solo; material didático, como cartilhas e folhetos; capacitação de técnicos municipais para realizar o mapeamento e o gerenciamento de áreas de risco, entre outras.

Estudo da Metamat

A setorização de áreas de risco geológico consiste na identificação e caracterização das porções urbanizadas do território municipal sujeitas a sofrerem danos causados por eventos de natureza geológica. O estudo é elaborado em consonância com as diretrizes e objetivos estabelecidos pela Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), instituída pela Lei Nº 12.608/2012 (BRASIL 2012), que deve ser estruturada de forma a estabelecer ações voltadas à prevenção e mitigação de acidentes naturais.    
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