Olhar Direto

Quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Notícias | Cidades

ESQUEMA NO DAE

Defesa de vereador preso refuta ação de polícia e aguarda acesso aos autos para se manifestar

Foto: Olhar Direto

Defesa de vereador preso refuta ação de polícia e aguarda acesso aos autos para se manifestar
Advogados do vereador Pablo Pereira (União), preso nesta sexta-feira (20) durante a deflagração da Operação Gota D´Água, para desarticular uma organização criminosa instalada no setor comercial do Departamento de Água e Esgoto (DAE) refutaram as acusações contra o cliente. Os juristas disseram ainda que aguardam o acesso aos autos do processo para uma análise detalhada e criteriosa de todas as provas e elementos apresentados.


Leia mais
Veja lista de alvos da operação que prendeu diretor do DAE em Várzea Grande


Além de ser detido, Pablo também foi afastado do cargo. Outras 13 pessoas foram alvos da operação e foram afastados do serviço público, de acordo com determinação da Justiça.

"Reiteramos nosso compromisso com a verdade e o devido processo legal, e informamos que nos pronunciaremos de forma mais completa e fundamentada assim que tivermos acesso integral à totalidade dos documentos que compõem o processo", escreveram por meio de nota Rodrigo Araújo e Michel Pereira, que fazem a defesa do parlamentar.

Como noticiado pelo Olhar Direto, o grupo criminoso cobrava propina para dar baixa em débitos com a autarquia municipal. A estimativa é que, desde 2019, o órgão tenha sofrido um prejuízo de aproximadamente R$ 11, 3 milhões.

Ao todo, foram cumpridos 123 mandados judiciais, expedidos pelo Juízo do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo), entre prisões preventivas, busca e apreensão, suspensão de função pública, sequestro de bens e bloqueio de valores e medidas cautelares diversas.

Entre as ordens judiciais estão 25 mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoal em endereços vinculados a 22 pessoas investigadas.

Foram decretadas 11 prisões preventivas e 18 ordens de suspensão do exercício da função pública. Estão sendo afastados das funções 15 servidores da Diretoria Comercial do DAE-VG; um servidor da Câmara de Vereadores do município; um funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviços na Diretoria Comercial do DAE. 

Também foram determinadas cinco medidas cautelares diversas contra 11 investigados (dentre os quais, sete são servidores da Diretoria Comercial do DAE e um é ex-servidor do mesmo setor). As principais são proibição de manterem contato entre si e com os demais investigados; acessar os prédios e dependências do DAE e de manterem contato e se aproximarem das testemunhas.

Cobrança por serviços

Durante a investigação da Deccor foi identificada a cobrança de valores, por servidores públicos, para a execução de serviços que eram devidos pelo DAE aos consumidores. Auditorias ainda revelaram prejuízos para a autarquia em razão da exclusão ilegal de débitos e também em razão de diminuição indevida de valores de faturas, tudo mediante recebimento de dinheiro por servidores.

Em relação apenas às duas últimas espécies de fraudes, a estimativa é que desde 2019, a autarquia tenha sofrido um prejuízo de aproximadamente R$ 11,3 milhões.

Foi determinado o sequestro de 6 imóveis e 26 veículos, além do bloqueio de valores das contas dos 22 investigados no valor do prejuízo estimado.

Outra providência determinada pelo Nipo foi a realização de auditoria em todas as modificações de valores de contas de água que foram feitas pela Diretoria Comercial do DAE-VG, desde 2019.

A pedido da Polícia Civil, a Justiça também proibiu tanto o Poder Executivo de Várzea Grande quanto o Poder Legislativo do município de nomear ou contratar qualquer um dos investigados para exercer cargos na administração municipal.

Organização criminosa

No decorrer das investigações, foram apontadas diversas espécies de fraudes e uma ação corrupta na Diretoria Comercial do DAE, praticadas pela organização criminosa, pelo menos desde o ano de 2019 e até a atualidade. Ao que tudo indica, em qualquer ocasião que fosse possível obter valores indevidos em razão da prestação do serviço público de saneamento básico, uma significativa parte dos servidores da Diretoria Comercial do DAE não hesitava em receber os valores ilegais.

Foram identificadas diversas situações em que foi dificultado o acesso da população várzea-grandense à ligação de água, com problemas artificialmente criados, além de diversas situações de cobrança de propina. Segundo elementos probatórios coletados, alguns servidores realizavam o trabalho rotineiro apenas mediante pagamento de propina. E a situação era de conhecimento do chefe do setor, que é apontado como um dos líderes da organização criminosa.

O outro líder indicado é o vereador, que tinha como principal função exercer pressão política com a finalidade de fazer valer os objetivos do grupo criminoso.

Diligências revelaram o aparelhamento da Diretoria Comercial do DAE para exploração política pelo vereador, demonstrando a atuação ordenada de diversos servidores em favor da campanha à reeleição, com uso da estrutura pública da autarquia municipal. Em razão disso, foi determinada a remessa de cópia da investigação para o Ministério Público Eleitoral, para adoção das providências pertinentes.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

Sitevip Internet