O desembargador Orlando Perri, membro do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), relembrou a primeira visita que fez a uma penitenciária após assumir como presidente do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do Estado (GMF). Ao PodOlhar, podcast do site Olhar Direto, Perri citou expressão de espanto que o dominou. O episódio foi conduzido pelo jornalista Airton Marques, em parceria com o também jornalista Arthur Santos da Silva. 

ASSISTA A ÍNTEGRA DO PODOLHAR COM O DESEMBARGADOR ORLANDO PERRI



 
“Eu me recordo muito bem que já como supervisor do GMF houve a necessidade de nós conhecermos as nossas unidades prisionais. E nós começamos pelo presídio de Diamantino. Eu me recordo muito bem que ao entrar naquele presídio e verificar as condições em que os presos estavam cumprindo suas penas, eu nunca vou esquecer aquela expressão de espanto que aquela cena arrancou de mim”, contou Perri.
 
A maior missão do GMF é trabalhar para que recuperandos e recuperandas passem pelo processo de ressocialização, alcançando novamente um lugar na sociedade. A realidade vista por Perri, porém, mostrava uma perspectiva diferente.
 
“Quando eu vi aquela população, as condições em que elas estavam cumprindo suas penas, eu disse: 'meu Deus do céu. Como isso é possível?'. Eu me recordo muito bem que nesse dia nós fomos para seguirmos de viagem para Tangará da Serra e eu mandei uma mensagem ao governador de estado de Mato Grosso dizendo a ele que eu tinha absoluta certeza que o frigorífico da JBS em Tangará da Serra, o plantel de animais era o melhor tratado do que aqueles presos que eu havia visto na cadeia de Diamantino".
 
Mudança de cenário

Assustado com o cenário observado, Perri procurou o governador do Estado, Mauro Mendes, para tratar sobre o assunto. “O governador do Estado foi muito franco comigo em dizer que ele precisava primeiramente arrumar a economia de Mato Grosso. Mas o governador se comprometeu a tão logo recuperar, se o fôlego financeiro de Mato Grosso, cuidar do sistema prisional”.
 
Anos após a primeira visita de Perri, há um novo cenário em Mato Grosso. Conforme dados do Ministério da Justiça, a população prisional em 31 de dezembro de 2023 era de 11.947. A capacidade de vagas na mesma data era de 12.094. Os levantamos do Ministério da Justiça são feitos a cada seis meses.