Futuros moradores de um condomínio que está sendo construído no bairro Coxipó da Ponte, em Cuiabá, estão reivindicando a conclusão e entrega do empreendimento, que está 14 meses atrasado. De acordo com Rafael Lima, um dos proprietários que aguardam a liberação das casas, as obras avançaram cerca de 1% nos últimos meses.

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Alguns contratos foram redigidos com entrega para dezembro de 2020, com dilação de prazo para mais 180 dias. Já em outros, o prazo de entrega aparece marcado para 2021, além de alguns documentos não apresentarem data de liberação.   

No último sábado (2), os moradores realizaram uma manifestação em frente a sede da construtora Ávida, responsável pelas obras do Condomínio Athenas. Eles também foram até o empreendimento para protestar contra o atraso. 


Proprietários das casas reclamam que obra avançou apenas 1% nos últimos meses. (Foto: Reprodução)

Os moradores também reclamam que a manutenção do pagamento da taxa de obra, chega a ultrapassar R$ 1 mil em alguns casos. Enquanto não conseguem se mudar, os proprietários afirmam que precisam gastar com aluguel ou morar “de favor”. 

Uma das possibilidades levantadas pelos moradores é de redirecionamento dos recursos, já que por mês a construtora arrecada cerca de R$ 200 mil dos futuros inquilinos. Valor que não é refletido no andamento das obras, de acordo com os proprietários. 

Segundo os proprietários, quando questionam a construtora sobre os prazos, as respostas são evasivas. Além disso, a Ávida também não apresenta data de conclusão aos futuros moradores do local. 

No ano passado, as obras do Condomínio Athenas também foram alvo de manifestação dos proprietários de casas no local. O grupo de moradores afirmou que as obras estavam lentas e, após as reclamações, avançaram cerca de 3% ao mês. 
 
No entanto, o número vem caindo desde janeiro deste ano. De acordo com a medição, o Condomínio Athenas está com quase 90% dos trabalhos concluídos. 

"A empresa passou a colocar no SAC o contato das pessoas da comissão para que os moradores nos procurassem para tirar suas dúvidas. Isso é um absurdo, nós não tínhamos nenhum vínculo trabalhista com a Ávida e ela transferiu para nós a responsabilidade de comunicação", afirmou Rafael Lima, que faz parte de uma comissão de futuros moradores do local. 

Além do prejuízo direto, uma das proprietárias, que não se identificou, cita o prejuízo indireto causado pela construtora.

“Financiei a instalação de energia solar na minha casa, mas até hoje não tenho telhado para instalar os equipamentos. Se até novembro a casa não estiver pronta, eu vou perder todo o valor investido. Isso é muito frustrante", lamentou. 

Em visita à obra, os moradores ainda relatam terem identificado erros nos projetos. Uma  das casas já precisou ser reformada por estar fora do prumo e com paredes tortas.  

Moradores de residencial também reclamam

Em frente ao Condomínio Athenas, separado por apenas uma rua, começa o Residencial Bom Jesus, também de responsabilidade da Construtora Ávida. Os moradores do local afirmam que o empreendimento está com problemas estruturais. 

O casal Selma Novaes e Lidiosvaldo Ferreira disseram que estão angustiados com a situação, já que com menos de dois meses da liberação do condomínio, que também atrasou, o solo começou a afundar e a casa sofre risco de desabamento. 

Casal comprou casa no Residencial Bom Jesus, no mesmo bairro, e percebeu risco de desabamento. (Foto: Reprodução)

"Nós compramos a casa em 2018 e recebemos as chaves em novembro de 2021. Porém, primeiro queríamos murar a casa, por questão de segurança. Em 24 de fevereiro de 2022 nós mudamos e um dia depois o radier [tipo de fundação] da construção começou a ceder.  A cada dia que passa a casa vai afundando mais e mais", desabafou a diarista. 

Por questões de segurança, Selma e Lidiosvaldo optaram por não levar os filhos e parte dos móveis para a nova casa. 

"Nós já entramos em contato com a construtora e ela nos pediu um prazo de 30 dias para solucionar o problema. Um perito já veio até a nossa casa, fez a perícia e a construtora não concordou com o laudo técnico emitido. Eu não posso trazer os meus filhos para ficarem na nossa casa, todos os nossos móveis estão na casa de parentes", reclama o eletricista.

Até agora, nenhum morador do Condomínio Athenas e do Residencial Bom Jesus teve parecer favorável da justiça para sanar os danos morais e materiais causados pela construtora Ávida, de acordo com a comissão de futuros moradores. 

Outro lado 

Por meio de nota, a Ávida Construtora informou que as obras do Condomínio Athenas não estão atrasadas e que, conforme a cláusula C6 do contrato de financiamento, o prazo para conclusão das obras é setembro de 2022. 

Ainda conforme a construtora, a execução das obras está 10% adiantada em relação ao cronograma inicial. A Ávida ainda alegou que menos de 10% dos clientes questionaram os prazos contratuais e que as alegações são lideradas por uma pessoa sem contato ativo. 

“Àqueles que se manifestam nos atos noticiados nos últimos dias, bem que se diga, são liderados por uma pessoa que sequer é cliente da Ávida ou mantém contrato ativo junto à empresa. Em outros termos, são inverossímeis as acusações veiculadas nos meios de comunicação e, em verdade, é a Ávida quem vem sendo ameaçada, através de grupos de WhatsApp, a ser alvo de vandalismo, ameaças de perseguição para denegrir a sua imagem e depredação das obra”. 

A construtora afirmou que mantém os meios de comunicação abertos para todos os clientes.