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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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crime de repercussão nacional

Bolsonarista pediu ajuda a amigo após matar colega de trabalho lulista e disse ter "feito besteira"

Foto: Reprodução

Bolsonarista pediu ajuda a amigo após matar colega de trabalho lulista e disse ter
O delegado Victor Oliveira ouviu o patrão e um amigo do bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, 24, preso por matar o colega de trabalho e lulista, Benedito Cardoso dos Santos, de 44, em uma chácara a 34 quilômetros de Confresa, no feriado de Sete de Setembro. Os dois estavam sozinhos na chácara onde trabalhavam quando começaram uma discussão por conta das divergências políticas. Benedito acabou morto com cerca de 15 golpes de faca e machado. A vítima chegou a ser atingida nos olhos, testa e os últimos golpes foram no pescoço. O objetivo do assassino era decapitar o rapaz. As armas foram encaminhadas para perícia. 


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Segundo o delegado, na madrugada de quinta-feira (8), Rafael teria pedido a um amigo para o levar de carro a uma cidade vizinha. O amigo, no entanto, disse que não poderia, pois o veículo estava estragado. 

Rafael, então, teria dito que precisava fugir por "ter feito besteira". Antes de fugir, ele entregou o aparelho celular ao amigo. "Depois que eu sair da prisão, eu pego o celular de volta", teria dito o autor do crime, segundo versão contada pela testemunha.


O patrão do acusado e vítima também foi ouvido nesta segunda-feira (12). Ao delegado, ele relatou que Rafael era uma pessoa tranquila e calma, que não falava de política no trabalho. 

Ainda conforme o patrão, Rafael era um bom funcionário, não falava de política no ambiente de trabalho e não demonstrava ter nenhum tipo de transtorno mental. 

Rafael foi alvo de ação proposta pela irmã em processo que buscava internação compulsória por iminente risco a si e terceiros. Segundo ela, o irmão seria portador de transtornos mentais, como esquizofrenia e apresentava quadros de surto psicótico grave - psicose não-orgânica não especificada, com delírio preventivo e ideias homicidas.  O juiz José Leite Lindote,  da 1ª Vara de Fazenda Pública de Várzea Grande, julgou improcedente o pedido em março de 2022. 
 

Já ao ser questionado sobre Benedito, do patrão disse apenas ter tido contato com ele uma vez e não soube falar sobre o compartamento da vítima. 

Ao longo da investigação, oito pessoas foram ouvidas. O inquérito deve ser concluído ainda nesta semana e remetido ao Poder Judiciário. O delegado Victor Oliveira autuou o bolsonarista em flagrante por homicídio com duas qualificadoras: motivo fútil e meio cruel. 

O homicídio 

O crime aconteceu na noite da última quarta-feira, 7 de setembro, depois de um dia de trabalho. Os dois estavam sozinhos na casa quando começaram uma discussão por conta das divergências políticas. Em determinado momento da briga, Benedito deu um soco no queixo de Rafael, que revidou. 

Na sequência, o lulista pegou uma faca e foi para cima do rival, que conseguiu tomar a arma e atingir o adversário. Benedito tentou fugir, mas acabou perseguido pelo bolsonarista e morto com requintes de  crueldade. 

"Eles trabalharam durante o dia e o fato foi à noite. Eles estavam descansando, tinham acabado de jantar, estavam fumando cigarro e começaram a falar de política", relatou o delegado Victor Oliveira.

O lulista e o bolsonarista se conheciam há apenas dois dias e Rafael dormia na chácara temporariamente para cortar lenha. "Eram apenas colegas de trabalho, recém-conhecidos, estavam trabalhando juntos há dois dias e tiveram essa discussão". 

Segundo Victor Oliveira, os dois não eram fanáticos políticos e não participaram de qualquer manifestação realizada no feriado a favor dos candidatos à presidência. Em Confresa, inclusive, houve uma grande carreata em apoio a Bolsonaro, mas tudo ocorreu tranquilamente, conforme o delegado. 

"Aqui [Confresa] teve o desfile de 7 de setembro e uma grande carreta também, só que nenhum dos dois participou do evento, tendo em vista que eles estavam na chácara e também não eram fanáticos. Eles começaram a se desentender, foi uma discussão banal mesmo", lamentou. 

Rafael acabou preso depois de procurar atendimento médico no hospital por causa de um ferimento na mão causado durante o homicídio. No local, a Polícia Militar suspeitou da situação pois já tinha conhecimento de um óbito na chácara. Durante interrogatório ao delegado confessou o crime. 

O delegado representou pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. O juiz da 3ª Vara de Porto Alegre do Norte, Carlos Eduardo Pinho, acatou o pedido em audiência de custódia realizada quinta-feira (8). 

Na decisão, o juiz cita que há indícios suficientes para a qualificação da prisão, uma vez que, o acusado já responde por outros crimes contra a vida.  Ele diz ainda que a intolerância não deve e não será admitida.

"Assim, em um Estado Democrático de Direito, no qual o pluralismo político é um dos seus princípios fundamentais torna-se ainda mais reprovável a conduta do custodiado. A intolerância não deve e não será admitida, sob pena de regredirmos aos tempos de barbárie. Lado outro, verifica-se que a liberdade de manifestação do pensamento, seja ela político-partidária, religiosa, ou outra, é uma garantia fundamental irrenunciável". 

O investigado já foi preso em flagrante pela suposta prática dos crimes de estelionato e falsificação de documento particular, em Cuiabá. 

Há ainda contra Rafael Silva acusação da prática de tentativa de latrocínio contra um taxista, em Cuiabá. Acusado, segundo o Ministério Público, entrou no carro da vítima e utilizou uma faca para anunciar assalto. Crime não foi concluído porque a vítima reagiu e conseguiu tomar a arma utilizada pelo suspeito.
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