A Delegacia Especializada de Estelionato e Outras Fraudes de Cuiabá investiga casos do chamado “golpe do falso empréstimo”. O crime é o terceiro mais aplicado na região metropolitana, mas recentemente surgiu uma submodalidade em que servidores públicos passaram a ser os alvos. O delegado Alexandre Nazareth afirmou que nos últimos 60 dias tem recebido uma 'avalanche' de denúncias da nova modalidade praticada pelos estelionatários.
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Segundo o delegado, o bandido entra em contato com o servidor, diz ser representante de um grupo financeiro e pede para usar a margem de crédito que a vítima tem no mercado, através, inclusive, de um contrato.
O falso representante garante que irá realizar o pagamento das prestações e ainda diz que haverá retorno de uma quantia em dinheiro ao servidor como uma forma de pagá-lo por ter cedido o nome para a empresa realizar o empréstimo.
O servidor que aceita a proposta acaba ficando inadimplente. A falsa empresa recebe o empréstimo realizado no nome da vítima, mas não paga as parcelas. Tempos depois, o servidor descobre ter caído em um golpe e procura a Polícia Civil para denunciar o caso.
O delegado Alexandre ressalta que é importante procurar a Delegacia
Especializada de Estelionato, pois crimes deste tipo só passam a ser apurados com representação criminal da própria vítima.
“A vítima pode fazer o boletim de ocorrência em qualquer unidade policial. De todo modo, esse registro será encaminhado para Delegacia de Estelionato. Em seguida, a vítima precisa procurar a Delegacia para fazer a representação criminal para que a gente dê início ao procedimento de investigação. O registro por si só não basta”, alerta.
Há alguns casos com exceções como quando o crime afeta vítima com mais 70 anos, menor de 18 anos, direta ou indiretamente o serviço público e portador de alguma deficiência.
Os golpes mais aplicados
Conforme dados da unidade especializada, de janeiro a 14 de outubro de 2022 foram 8.398 boletins de ocorrências registrados para relatar casos de estelionatos na capital mato-grossense.
O aviso de um número novo, o contato com um familiar pelo WhatsApp, seguido por um pedido de dinheiro. Essa é o
modus operandi dos criminosos que aplicam o golpe do perfil falso no aplicativo, o mais recorrente em Cuiabá.
No golpe do falso perfil do WhatsApp, o criminoso se aproveita de informações públicas nas redes sociais como Facebook e Instagram para buscar potenciais vítimas e entrar em contato com elas.
Quando cria um perfil falso no aplicativo, o criminoso usa a mesma foto usada pela primeira vítima e depois envia mensagens para a segunda vítima, geralmente algum parente ou amigo, dizendo que precisa pagar uma conta ou que precisa de dinheiro emprestado. A vítima, então, faz a transferência sem saber que está sendo vítima de um golpe.
Falso intermediador de venda
O segundo golpe mais aplicado é do ‘falso intermediador de venda’. Neste caso, o suspeito mira algum vendedor de veículo em sites de classificados e demonstra interesse na compra. Depois disso, garante que irá adquirir e pede que o vendedor remova o anúncio.
Com a remoção, o suspeito cria um anúncio falso com as fotos originais do veículo. Com preço abaixo do mercado para atrair rapidamente as vítimas, o suspeito diz ser um intermediador e consegue realizar a venda do veículo que não é dele.
Para a pessoa que pretende comprar o veículo anunciado pelo golpista abaixo do preço, o suspeito pede parte do pagamento ou o valor total. Com o dinheiro em conta, o criminoso desaparece e deixa duas vítimas.
Ainda no processo de negociação em que o golpista diz ser o intermediador, o suspeito marca um encontro entre o real vendedor e a pessoa atraída pelo anúncio criminoso. O agenciador pede para o comprador não comentar com o vendedor o valor do veículo durante o encontro e assim consegue lesar as duas pessoas.
Em alguns casos, há um atrito entre o proprietário do veículo e o comprador, que quando descobre ter caído em um golpe e ter passado o dinheiro para o golpista, se nega a entregar o veículo.
Falso empréstimo
O terceiro golpe mais aplicado nos últimos meses tem relação com empréstimos. Conforme o delegado Alexandre Nazareth, os suspeitos fazem contato pelas redes sociais oferecendo empréstimos.
No entanto, para liberar esse empréstimo, o bandido pede uma quantia em dinheiro que deve ser depositado antes como se fosse uma tarifa da empresa. “O que de fato ela [tarifa] é cobrada pela instituição financeira. Só que o banco não cobra essa tarifa antecipada, ele embute nas parcelas”, explica o delegado.
Em alguns casos, os criminosos pedem dinheiro mais de uma vez com o mesmo pretexto até a vítima se dar conta que caiu em um golpe. Já a submodalidade mira servidores públicos e o uso da margem de crédito deles.
