Servidores da Saúde de Cuiabá relataram uma série de abusos cometidos por integrantes do gabinete estadual de intervenção. Os relatos foram coletados na segunda-feira (16), pela comissão criada pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), para o levantamento e apuração de atos praticados durante o período.
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Após a coleta de informações, o presidente da comissão e secretário de Governo, Luis Claudio Sodré, e demais membros, decidiram solicitar aos órgãos competentes, uma varredura no prédio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para que seja verificado se escutas foram instaladas no prédio.
Entre os relatos, a servidora A.N., mencionou que foram inúmeros os episódios de intimidação. Em um deles, ela presenciou o momento em que uma pessoa da equipe do gabinete de intervenção “tomou” o celular de um senhor, que sequer era servidor do quadro da Saúde. "Ninguém podia entrar ou sair com nada em mãos".
A servidora I.R., do Setor Financeiro, disse que seu coordenador foi exonerado e, logo depois, Josias Jovino Pulquério, da equipe da Intervenção, ordenou que levassem o seu computador e pediram aos outros coordenadores relatórios financeiros e as notas de empenho dos processos que estavam no setor.
Foram solicitadas informações que estavam no sistema financeiro do Município (Safira) no período dos exercícios de 2022 e 2021 e quadro de detalhamento de despesas, além de notas de empenho e outros relatórios financeiros para levantamento de gastos.
Nos relatos coletados, consta também que a equipe de transição pressionava os servidores para agilizarem a coleta de dados e ainda mantinham uma pessoa do gabinete os monitorando o tempo todo.
Detalharam ainda as cenas de subtração de computadores logo após a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendendo a medida interventiva na administração da Saúde. “Logo após a decisão, mandaram que todos deixassem o prédio".
Luis Claudio disse que as informações serão encaminhados pedidos a outros órgãos fiscalizadores. "A entrega dos materiais retirados sem respaldo legal só foi realizada no dia 8, e muitos computadores voltaram danificados. Quando se conecta na rede da gestão de Saúde, o sistema cai, ou trava. Temos que vasculhar a rede e fazer com que volte a funcionar".
"O próximo passo será encaminhar os levantamentos dos decretos, exonerações, assédios e desrespeito para entregarmos ao prefeito Emanuel Pinheiro para que ele adote as providências cabíveis", concluiu.
A Comissão terá prazo de 15 dias para conclusão da apuração. Fazem parte do grupo: os secretários Guilherme Salomão (Saúde), Eder Galiciani (Planejamento) e Ellaine Mendes (Gestão); a procuradora geral do Município, Juliette Caldas Migueis; a controladora geral do Município, Mariana C. Ribeiro dos Santos; e o assessor jurídico de Gestão, Luiz F. de Campos
(Com Assessoria).