O governador Mauro Mendes (União) participou da abertura do mutirão de cirurgias no Hospital Municipal São Benedito e afirmou que o objetivo é acabar com a “fila da vergonha”, em referência à lista de espera por cirurgias eletivas na capital e no Estado.
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A ação no São Benedito foi estratégica para que o gabinete estadual de intervenção cumpra a determinação de redução da fila de espera. O hospital estava funcionando abaixo da capacidade e agora passará a fazer procedimentos que antes não eram realizados nas unidades municipais, como procedimentos cardiológicos de cateterismo e angioplastia com hemodinâmica e biópsia.
O mutirão também prevê cirurgias gerais, urologia e otorrino, para atender os pacientes que aguardam por procedimentos há vários anos.
“Olha, a palavra fila zero é muito mais um sentimento, um conceito, porque sempre vai ter uma fila. O que é inadmissível é você ter pessoas como nós temos esperando há três, quatro, cinco anos para uma cirurgia simples. Uma fila de uma semana, de dez dias, de um mês, é natural, existe em qualquer lugar do mundo, nos maiores e melhores centros, porque sempre existe ali um tempo entre diagnosticar, fazer exames, tentar algum tipo de tratamento e optar por uma cirurgia”, afirmou, nesta quarta-feira (7).
“A fila da vergonha, nós queremos acabar com ela em Mato Grosso nos próximos meses, nos próximos anos, com todas essas ações. O mesmo que nós estamos fazendo em Cuiabá, nós estamos fazendo com outros municípios. Governo disponibilizou R$ 200 milhões. Nós estamos contratualizando diversos hospitais aqui, não só da prefeitura de Cuiabá, da Secretaria Municipal de Saúde, através da intervenção, como também hospitais privados. Os hospitais do interior, hospitais municipais, existe uma rede sendo contratualizada para executar esse programa, que é um robusto programa de cirurgia para que a gente possa zerar essa fila da vergonha”, completou.
Sobre a inoperância do São Benedito, Mauro avaliou que ficou clara a má gestão da unidade hospitalar, durante o mandato do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). Para exemplificar os problemas da administração, o governador citou o não uso de um equipamento comprado em 2016, quando ainda estava no comando do Alencastro.
O angiógrafo só tinha sido utilizado entre 2019 e 2020 para procedimentos de hemodinâmica em neurologia. Essa será a primeira vez que o equipamento, que custa em torno de R$ 1,5 milhão, vai ser utilizado para o tratamento de doenças cardiológicas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Olha, um equipamento tão caro, tão relevante como esse, ficar tanto tempo assim paralisado, é lamentável. Ele chegou a ser usado nas cirurgias, eu mencionei isso, na neurocirurgia, foram poucas, e aí paralisou e ficou esses anos todos paralisados. Hoje já reiniciou, nesse exato momento, já foram feitos dois cateterismos. Muito mais seguro sobre diversos aspectos e eu tenho certeza que com a competência dos profissionais que foram selecionados para desenvolver esse trabalho, nós vamos melhorar muito esse atendimento na cardiologia, porque nós não tínhamos esse serviço sendo fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde”, garantiu.
“O fato está muito claro. Você tem um equipamento comprado, instalado na unidade hospitalar, há anos sem funcionar. Eu não preciso perder o meu tempo tentando adjetivar o que isso representa, porque isso pode representar um monte de coisas aí, menos gestão, menos honestidade com a população, menos querer cuidar da saúde”, completou.
Mutirão
Na lista de espera pelos procedimentos cardiológicos em hemodinâmica há pacientes aguardando desde 2016. Segundo dados da Central de Regulação do município, existe uma alta demanda de 4.909 solicitações de atendimentos de cardiologia.
A meta principal é atender os pacientes que há muito tempo aguardam pelo procedimento e usufruir melhor da estrutura do hospital, que conta com 82 leitos de enfermaria e 25 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“A biópsia estava sendo feita apenas no Hospital de Câncer, com 10 procedimentos por mês. Agora serão aqui nesses hospitais 480 procedimentos por mês e nós temos uma fila aguardando de mais de 3 mil procedimentos solicitados de biópsia”, pontuou Mauro.
Veja detalhes do mutirão de cirurgias no Hospital Municipal São Benedito:
- Meta é realizar 1.380 procedimentos por mês, sendo 680 cirurgias e 700 atendimentos ambulatoriais por mês;
- Destes procedimentos, 160 são de cardiologia com hemodinâmica, sendo 100 cateterismo e 60 angioplastia;
- As demais são: 50 cirurgias de urologia; 40 de otorrino; 50 cirurgias geral; 300 biópsias de lesões de pele; 60 de tireoide e 120 biópsias de próstata;
- Serão realizadas 600 consultas pré-operatórias, sendo 40 de urologia; 80 de cirurgia geral; 80 de otorrino; 120 para biópsia de pele; 160 para biópsia de próstata e 120 para biópsia de tireoide;
- O saneamento da fila já excluiu cerca de 20 mil procedimentos da fila de espera;
- Essa é a primeira vez que são feitas biópsias numa unidade da rede municipal e já existia uma determinação judicial para a realização do serviço que vinha sendo descumprida;
- Há 3.339 biópsias solicitadas e autorizadas desde 2017 aguardando agendamento;
- Existe uma demanda reprimida de 4.909 procedimentos de cardiologia e 1.977 de otorrino no município, de pacientes que aguardam desde 2015;
- O equipamento de hemodinâmica estava parado desde 2020. Ele tinha sido comprado em 2016 e foi usado por cerca de um ano, entre 2019 e 2020, para procedimentos de neurologia.
