O coveiro e exumador, Lúcio Filho, já viu cerca de 45 pessoas vítimas de covid-19 serem enterradas no Cemitério São Gonçalo, localizado em Cuiabá, desde o início da pandemia. Ex-reeducando, Lúcio já teve que ouvir falas de familiares que queriam a todo custo abrir o caixão de vítimas de covid-19. Muitas dessas falas o magoaram.
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“Muitas vezes, falam coisas que nos deixam tristes. A gente tem que fazer esse papel. Se eu não fizer, se os outros coveiros não fizerem, não tem ninguém que possa fazer isso”, conta em reportagem exclusiva ao
Olhar Direto. Assista o vídeo completo abaixo.
O número alto de mortes diárias por Covid-19 tem afetado os enterros em alguns cemitérios do município. O Cemitério Parque Bom Jesus, localizado na região do Parque Cuiabá, na capital, realizou 21 enterros nesta quarta-feira (10), 15 deles de pacientes de Covid-19. De acordo com a administração, já no final da tarde houve um congestionamento de cortejos.
Já o Cemitério do Despraiado, em Cuiabá, tem uma média de 5/6 enterros por dia. Com as mortes em alta por conta da pandemia, o local tem sido usado praticamente para as vítimas da Covid-19 como, por exemplo, aqueles que moram no interior de Mato Grosso e não tem condições de fazer o translado do corpo para cidade de origem.
Olhar Direto esteve no local e acompanhou a abertura de 30 covas. O secretário de Serviços Urbanos Vanderlúcio Rodrigues afirmou que serão abertas mais 30 na próxima semana. Ainda conforme ele, será feito um trabalho para melhorar as condições daqueles que vão enterrar os entes queridos.
Ele explica que o Cemitério do Despraiado nunca esteve desativado, no entanto, tinha pouca movimentação antes da pandemia. “Aquele que não tem condições de fazer o enterro em cemitério particular precisa relatar a Central Funerária, que a gente disponibiliza. Estamos deixando o local praticamente para [mortos pela] Covid-19”, disse.
