O Parque Nacional de Chapada dos Guimarães se tornou ponto de disputa desde o último dia 2 de fevereiro, data em que o governador Mauro Mendes (UNIÃO) anunciou que entraria na Justiça para viabilizar a "estadualização" do parque. Com argumento de que pode investir R$ 200 milhões em quatro anos, o Governo contesta a viabilidade de concessão para a Parquetur, vencedora do leilão feito em 2022. O valor de investimento, apesar de alto, não impressiona os representantes dos guias de turismo e condutores de Chapada, que questionam a competência do Estado para gerir o Parque Nacional.
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Em entrevista a reportagem do
Olhar Direto, o membro da Associação de Guias e Condutores de Chapada dos Guimarães (AGCE), Fabiano Oliveira, declarou que a experiência do Governo do Estado na gestão dos Parques Estaduais demonstra a ineficiência no cuidado com a infraestrutura nas áreas de visitação. Para Fabiano, que atua há 25 anos como guia de turismo, as instalações dos parques estão sucateadas.
“Conheço muitos parques estaduais de Mato Grosso e com exceção de alguns parque urbanos de Cuiabá, os Parques Estaduais são extremamente sucateados e abandonados. O Estado de Mato Grosso é um dos piores gestores de Unidades de Conservação Estaduais que existem”, declarou o guia.
Um dos exemplos citados por Fabiano é a Estrada-Parque de Chapada dos Guimarães, criada ainda nos anos 2000, por meio de um decreto do então governador Dante de Oliveira. O
decreto considera a MT-251, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães e também o Mirante, uma região de grande potencial turístico, demandando infra-estrutura de apoio ao turismo ecológico.
“Não há nenhum tipo de ação nesse espaço, só está no papel. Você tem praticamente apenas o decreto de criação. Se o Governo do Estado quiser fazer mais pelo turismo de Chapada dos Guimarães ele tem maneiras incríveis e todas elas são muito bem-vindas, mas tem que se somar a existência do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães”, disse o guia.
Em campanha pela interrupção da concessão, o governador Mauro Mendes (União) defende que a proposta de ‘estadualização’ seja considerada e que o Ministério do Meio Ambiente revogue a validade da concessão feita à empresa ParqueTur. Durante uma passagem por Brasília, Mendes chegou a se reunir com a ministra Marina Silva para cobrar a revogação da medida.
O principal argumento apresentado pelo chefe do Executivo é de que o investimento proposto pelo Estado em quatro anos, de R$ 200 milhões por meio da MT Par, é maior que o apresentado pela empresa, que segundo Mendes é de R$ 18 milhões em 30 anos.
A fala do governador, entretanto, apresenta um equívoco, já que o
edital nº 001/2022, publicado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), aponta para um investimento total de mais de R$ 220 milhões em 30 anos, sendo pouco mais de R$ 18 milhões apenas nos cinco primeiros anos de concessão.
Segundo Fabiano, os valores apresentados pelo ICMBio, e aceitos pela empresa vencedora do leilão, foram levantados após estudos de viabilidade econômica compatíveis com a realidade do Parque. O guia defende ainda que o valor apresentado pelo Governo do Estado seja utilizado em outras regiões que já estão sob gestão do Estado e carecem de infraestrutura.
“Para essa empresa chegar nesse valor, eles fizeram estudos de meses, um estudo de viabilidade econômica. A gente precisa de um plano e esse plano para concessão foi feito de forma criteriosa, tentando abranger o maior número de pessoas com relação ao tema. Eles dizem que tem R$ 200 milhões, mas não há um projeto. Estão fazendo um alarde desnecessário. Se querem investir no turismo, porque não investem em outras regiões”, defendeu o membro da AGCE.
Resistência no MMA
Nesta semana, o deputado estadual e aliado do Governo, Júlio Campos (União)
admitiu que a tarefa de convencimento pela 'estadualização' do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães não será fácil. Segundo o parlamentar, a ministra Marina Silva não recebeu bem a proposta apresentada pelo companheiro de partido. “Não está muito fácil, vai depender da boa vontade da Marina Silva, que não recebeu com muito agrado essa possibilidade do governo estadual assumir a gestão do parque”, disse Júlio.
Após apresentar a proposta em Brasília, Mendes segue aguardando um retorno do Governo Federal sobre a possibilidade de estadualização.
Valores cobrados
Se a Concessionária assumir a gestãp, o acesso as trilhas serão cobrados, podendo chegar a R$ 100.