O empresário Lucas Trevisan, proprietário do restaurante especializado em comida oriental Haru, está sendo acusado de assédio, injúria e ameaça por ex-funcionários do estabelecimento. Um dos trabalhadores, identificado como José Jonas Jesus Pereira, registrou, em 31 de março, um Boletim de Ocorrência contra o empresário, afirmando ter sido ameaçado no momento em que assinava sua demissão. Após o registro de José, outros ex-funcionários passaram a relatar situações de assédio vivenciadas durante o período em que atuaram no restaurante. 

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Em contato com a reportagem do Olhar Direto, o sushiman, que também é estudante de Direito, contou que antes de decidir sair da empresa, presenciou diversas situações de assédio. Segundo José, o empresário apresentava um comportamento arrogante com os funcionários, principalmente durante os períodos de grande movimento no restaurante

“Lá a gente trabalha em seis, mas é um serviço que seria para oito pessoas, quando o movimento aumenta chega a ser trabalho para 10 pessoas. No meio do movimento difícil do bar, ele bebe e fica muito ignorante, e olha que existe uma diferença entre ser rígido e ignorante”, disse o ex-funcionário. 

Antes de pedir demissão, José chegou a receber uma suspensão de sete dias, depois de faltar ao trabalho por conta de problemas em um dos joelhos. O ex-funcionário afirmou que a falta se deu para que pudesse ir em uma Unidade de Pronto Atendimento para verificar o que estava acontecendo. 

Depois da suspensão, o sushiman decidiu deixar o restaurante, após oito meses, alegando excesso de trabalho, problemas de assédio envolvendo Lucas Trevisan e desvalorização. Decidido a deixar a empresa, José então cumpriu seus últimos dias de trabalho e na sexta-feira (31 de março) se deslocou até o escritório da empresa para assinar os documentos de demissão. 

Ao chegar no local, Jose encontrou apenas um dos sócios do restaurante e uma funcionária responsável pela contratação e demissão dos trabalhadores. Conforme relato, pouco tempo depois, Lucas Trevisan chegou ao local e passou a provocar o ex-funcionário. 

“Quando estava assinando o último documento, ele pediu para eu olhar pra ele. Até aí tudo bem, nem imaginava o que ia acontecer. Aí ele disse ‘fiquei sabendo que você falou de mim aqui’, porque tinha falado com a moça do RH e para os outros sócios o motivo da minha saída. Aí em seguida ele disse ‘José, se você falar alguma coisa de mim, vou dar um tapa na sua cara’. Na hora eu assustei e todo mundo que estava na sala se assustou. Virei para ele e falei ‘cara, assino embaixo o que falei’. Assinei o último documento, agradeci a moça do RH e o outro sócio”, relatou o estudante. 

Conforme consta no Boletim de Ocorrência, após a resposta do ex-funcionário, Trevisan partiu para cima na tentativa de agredir José fisicamente. A ação foi então impedida pelo sócio, que conseguiu separar ambos. Enquanto deixava o escritório, José ainda foi ameaçado novamente pelo empresário. 

“A gente ficou olho no olho, até que o outro sócio conseguiu levantar e separar a gente. No que eu fui saindo ele começou a me chamar de ‘bandidinho’, ‘muleque’, ‘um funcionário de merda’. Chegou a dizer que iria me pegar na rua se eu falasse dele novamente”, declarou. 

A Polícia Judiciária Civil deve investigar o caso. 

Casos recorrentes 

Questionado sobre possíveis provas, José alegou que no momento não conseguiu registrar nada em áudio ou vídeo, mas relatou que na sala onde o confronto ocorreu havia uma câmera. O sushiman ainda disse que após expor o caso, outros ex-funcionários o procuraram para relatar situações de assédio. 

“Não tive nenhuma filmagem ou áudio, mas tenho testemunhas que presenciaram o fato, que é a moça do RH e o outro sócio. Tenho medo, mas é importante expor porque tem outras pessoas que apareceram dizendo que ele já fez isso”, finalizou. 

Um segundo funcionário, que preferiu não se identificar, relatou que Lucas Trevisan já desmontou comportamento arrogante com outros funcionários. Segundo o homem, o empresário intimidava outros sushimans durante a preparação dos pratos. 

“A forma com que ele fala com os funcionários é muito ruim. Ele é grosso, parece que não tem paciência e respeito com os funcionários. Ele intimidava, principalmente quando a gente está realizando os pratos. Ele quer mostrar que sabe mais que você, te deixar para baixo. Não consegui ficar mais de um mês e 15 dias, não conseguia trabalhar lá dentro por conta do comportamento do Lucas. No menor problema do prato, ele vinha em cima, chamava atenção, mas nunca teve paciência para explicar. Dava para sentir nas palavras dele a ignorância”, comentou o ex-funcionário. 

Outro lado 

A reportagem do Olhar Direto entrou em contato com o empresário, que negou todas as acusações apresentadas pelo ex-funcionário. Segundo Lucas, o sushiman criou a história na tentativa de conseguir alguma vantagem econômica. 

“Existe um Boletim de Ocorrência, que chegou ao nosso conhecimento, mas ele está nos difamando e caluniando. Ele pediu demissão, por conta de uma suspensão que ele tomou, por conta do seu mau comportamento, e tudo me leva a crer que ele está fazendo isso para obter alguma coisa lucrativa. Ele está falando uma calúnia e difamação, algo sem nexo, para ganhar holofote, mídia e ganhar algo em troca”, declarou o empresário. 

Já a defesa do empresário, refirmou que nenhuma das acusações feitas pelos ex-funcionários procedem. Em nota, o advogado Vinícius Segatto disse que os fatos serão apurados para que não haja espaços para suposições. 

Leia a íntegra da nota:

"A defesa do Sr. Lucas Trevisan Bongiovanni, que teve seu nome vinculado a uma suposta ameaça e tentativa de agressão a um ex-funcionário,  vem a público esclarecer que o Empresário não praticou os atos a ele imputados, sendo que o que ocorreu foram tratativas de rescisão contratual, sem quaisquer tipos de ameaça, assédio e, tampouco, tentativa de agressão.

Demais, os fatos estão sendo apurados e acompanhados de forma que não haja espaços para suposições, mas clareza sobre o ocorrido. 

O Sr. Lucas Trevisan Bongiovanni, proprietário do Haru Oriental há 14 anos, sempre prezou e sempre prezará não só pela satisfação dos seus clientes, mas pela harmonia e respeito aos seus colaboradores, que juntos formam uma equipe de excelência no ramo da culinária japonesa."


*Matéria atualizada no dia 4 de março, às 18h43