O IBGE registrou considerável redução do número de leitos em hospitais e postos de saúde. As faixas de menor poder aquisitivo são as mais prejudicadas.

Maria Carvalho da Silva teve de recorrer à justiça para conseguir internar o pai. Hamilton da Silva teve um AVC. Ele ficou dez dias aguardando uma vaga - conforme o Jornal da Globo mostrou em outubro.

Uma pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta-feira (19) revela o por quê: o número de leitos para internação caiu.

Situações como a do senhor Hamilton se repetem em todo Brasil: a diminuição do número de leitos aconteceu em todas as regiões do país. Mas alguns especialistas acham que o problema não está na diminuição em si, mas sim no tipo de hospitais e postos de saúde onde aconteceu essa redução.

Nos últimos quatro anos, a redução foi de 11.214 mil leitos. Essa queda, segundo o IBGE, vem acontecendo desde 1999.

A pesquisadora Ligia Bahia em saúde pública diz que os pobres são os mais prejudicados. “Para quem tem plano de saúde até aumentou relativamente, pra quem não tem diminuiu”.

No ano passado, dos 431,9 mil leitos registrados, apenas 35% eram públicos. Os outros 64% estão em hospitais particulares.

"A gente tem um processo chamado de desospitalização e o centro do sistema de saúde passa a ser muito mais uma atividade ambulatorial do que hospital”, explica Ligia.

Para a pesquisadora, o Sistema Nacional de Saúde precisa priorizar o atendimento. “O que pode ser feito é uma coordenação, regulação desses recursos assistenciais muito mais intensa e orientada pra resolver os problemas de saúde e não orientada apenas por critérios mercadológicos”.